Se em alguns capítulos de “Os Simpsons”, Marge Simpson – mãe de Bart, Lisa e Meg– já se mostrou viciada em jogos e em bebida alcóolica, seriam as filhas mais propensas a traçar o mesmo caminho?
Pesquisadores, em publicação no The Journal of Neuroscience, descobriram que sim, pois o sistema límbico do cérebro – o que controla as emoções – seria mais herdado de mãe para filha do que de mãe para filho, ou de pai para filho.
Boa parte do tempo atribuímos características de personalidade como herdadas de um dos pais. “Atlético igual ao pai”, “Inteligência da mãe”. Sabe-se que o comportamento humano depende do ambiente e de fatores genéticos, porém um número importante de pesquisas sugere que herdamos também transtornos de humor, incluindo a depressão, doença muito prevalente no mundo, especialmente no Brasil
Para melhor compreensão o pesquisador cita o livro infantil “Horton Hatches the Egg”, em que um elefante senta-se em um ovo de ave no lugar de sua mãe real e um elefante-pássaro híbrido é gerado, como um exemplo caricatural da inspiração para esta pesquisa.
O pesquisador Hoeft e sua equipe fizeram ressonância magnética do cérebro – exame usado em outras pesquisas com depressão – em cada membro da família e descobriram que a semelhança na amígdala, córtex cingulado anterior, córtex pré-frontal ventromedial e hipocampo (todas as partes do sistema límbico) foi muito maior em mães e filhas.
Apesar de importante, devemos aceitar este estudo com cautela, devido ao número de famílias analisadas ser baixo (apenas 35). Apesar disso, o estudo abre portas para futuras pesquisas também no autismo e estudo da formação dos nossos sistemas de dependência e recompensa (é de conhecimento da ciência que jogadores compulsivos de jogos de azar podem apresentar sintomas de depressão e ansiedade) e até mesmo as nossas habilidades de linguagem.
Os resultados são interessantes também do ponto de vista da prevenção, podendo ser usado para identificar e prevenir precocemente os sintomas depressivos.
Num futuro não tão distante seria nossa salvação a manipulação genética para mudar o modo de funcionamento cerebral?
Especulando bem após estas pesquisas, seria ético a manipulação de genes que organizam o cérebro?
Referências: