Ciclos. No fim, a história da nossa vida gira em torno de ciclos. Sobre a mesma, cito o poema “O Tempo”, do brasileiro Roberto Pompeu de Toledo.
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar
que daqui para diante tudo vai ser diferente.
George Jacob Gershwin, pianista e compositor norte-americano, descreveu a experiência caótica de um ciclo de forma ímpar. Na verdade, Gerswhin descreveu simplesmente o que vivia. Em 1924, quando compôs um de seus maiores clássicos, Rhapsody in Blue, era um dos filhos de um país que efervescia. Borbulhava. Nas palavras do próprio autor: “um caleidoscópio, uma loucura metropolitana”.
Pois nada, nada poderia definir melhor o imediato pós-Primeira Guerra do que uma rapsódia. Uma única música com vários ritmos, tempos, tonalidades, sentimentos. Um épico de contrastes. Um ciclo. Um clássico. Em jazz.
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Produção Geral: Tarik Fernandes. Texto e Locução: Fernando Malta. Edição: Felipe Reis