Este é um conteúdo em formato podcast, mas, se preferir, pode acompanhá-lo com o texto e imagens a seguir.
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Capítulo 1 – A Fronteira do Espaço

5, 4, 3, 2, 1…. Vaaaai Filhãooooo!

O foguete Arapuá número 1, apelidado de Garbosa, acende seu rabo fumegante e dispara para cima, queimando o combustível sólido compulsivamente. Em apenas 1 segundo todos os 65kg de nitroglicerina misturada com nitrocelulose é convertido em gases que escapam tão violentamente que aceleram o foguete até 470km/h. Se você se surpreende com um carro que faz de 0 a 100 em 2 segundos, esse foguetinho faz de 0 a 470 em 1 segundo.

Mas agora vem uma fase crítica. O primeiro estágio já está completamente vazio e precisa ser ejetado. Isso é feito com um desacoplador – uma peça circular que conecta o foguete de cima com o de baixo por meio de parafusos explosivos. Após 1,05 segundos, se tudo der certo, uma carga explosiva estoura a cabeça dos parafusos e libera o peso morto para que o segundo estágio, que usa combustível líquido, assuma o resto da viagem.

Aqui preciso pausar para explicar uma coisa muito importante sobre foguetes: Qual a diferença de usar combustível sólido ou líquido?

Combustível sólido é normalmente um tipo de pó explosivo, como pólvora, que você pode comprimir dentro de um tubo e aquilo fica super estável, pronto para o uso meio que para sempre. Pensa num rojão. Você pode deixar ele guardado lá na despensa e, num dia qualquer, só acender o pavio e pronto. A vantagem é exatamente essa, poder preparar e armazenar com antecedência e não precisar de nenhum mecanismo complexo para operar. Conforme ele vai queimando, o fogo vai consumindo sozinho todo o estoque de combustível, transformando-o em gás, que é expelido para baixo e empurra o foguete para cima.

Combustível líquido é muito mais complicado. Você tem que misturar dois tipos de líquidos em uma câmara e acender uma faísca lá dentro. Um desses líquidos é o combustível em si, algo inflamável. No caso do nosso foguete é querosene. Mas para algo pegar fogo, precisa ter um oxidante, que pode ser oxigênio líquido, mas, no nosso caso, é o tal do ácido nítrico fumegante. A sua fórmula química é 4HNO3 + N2O4 o que significa que tem 16 átomos de oxigênio concentrados em cada unidade desse pó. É justamente por isso que ele é tão corrosivo, pois esse oxigênio todo adora oxidar qualquer substância, até mesmo aço inoxidável em algumas condições, por mais que isso pareça contraditório.

Mas voltando aqui no nosso foguetinho. Esses dois líquidos estão armazenados dentro da fuselagem da Garbosa, cada um em um tanque. Pra facilitar, vamos pensar que tem dois barris dentro do foguete, um com vinho e outro com água. Se eu quiser misturar os dois, basta abrir a torneirinha de cada barril dentro da mesma bacia, certo? No caso, a bacia seria a câmara de combustão, onde ocorre a faísca que acende o motor.

Só que não é tão simples. Abrir as torneiras até que faz os líquidos saírem, mas a gente precisa que eles saiam em alta pressão para que se transformem em gotículas e se misturem melhor um com o outro. Pensa numa mangueira de jardim quando você espreme a saída com o dedo. O jato de água se espalha como uma chuva. Quanto mais pressão na mangueira, mais a água se espalha.

E pra garantir essa pressão toda tem dois jeitos. Ou você coloca bombas muito poderosas, que são extremamente complicadas de fazer e precisam girar numa velocidade insana. Ou você pressuriza o próprio líquido dentro do barril, a uma pressão muito alta, para que, assim que abrir a torneira, ele já saia com velocidade. Essa solução é mais simples, mas tem seus problemas: o barril tem que ser muito mais grosso e pesado para aguentar a pressão toda sem rachar, e isso adiciona peso extra no foguete. Além disso,  líquidos não são comprimíveis, então você precisa adicionar algum gás dentro do tanque e pressurizar esse gás, o que adiciona alguma complexidade. Ainda assim, essa opção é muito mais fácil do que construir as bombas super potentes, portanto a Garbosa usa tanques pressurizados com nitrogênio.

Depois de ligar as duas torneiras e começar a sair tanto querosene quanto ácido nítrico, você ainda precisa gerar a ignição, que é feita usando um tipo de “palito de fósforo” gigante dentro do motor. Só que só tem um palito, então é uma única tentativa. Tudo ou nada. Se por acaso não tiver saindo a quantidade certa de cada líquido, o palito queima e não acende o motor.

Como esse motor está no segundo estágio, ele precisa ser acionado com o foguete já voando, depois que o primeiro motor terminou de queimar e foi ejetado. Agora imagina esses dois barris lá dentro do foguete em pleno voo, chacoalhando loucamente. O líquido lá dentro fica todo balangando, girando, igual quando você joga uma garrafa de água para o alto e a água fica dando cambalhotas lá dentro. E nessa hora, se você abrir a torneira do barril, pode ser saia líquido, mas pode ser que não, talvez só saiam bolhas de gás. Se sair líquido, parabéns, o motor acende. Mas se não… perdeu o foguete.

A solução que os brasileiros chegaram foi muito engenhosa:

Não tem como Zé, esse segundo estágio é muito instável.

O Jayme, tu tá marcando touca mermão? Faz mais de mês que to falando isso.

Eu sei Zé, mas a gente tem que dar um jeito.

Tava pensando aqui, e se a gente colocasse um gás explosivo no tanque. Em vez de Nitrogênio, podia ser hidrogênio. Aí mesmo que saia bolhas, vai pegar fogo.

Não sei Zé, daí corre o risco de ter uma explosão e acabar com o motor. Fora que hidrogênio é tão leve que escapa por qualquer vedação, vai ser um pé no saco.

Eu sei Jayme, mas aí lascou. Não tem o que fazer.

Assim que o foguete sai da plataforma, já começa a ter turbulência no tanque. A gente precisa reduzir essa turbulência de alguma forma.

Caraca Jayme, é isso. Puta que pariu…

Isso o que? Não falei nada de mais.

Falou sim… Repete o que você falou.

Que a gente precisa reduzir essa turbulência?

Não, antes…

Éeeee, assim que o foguete sai da plataforma começa a ter turbulência…

Isso aí. A solução é essa. Se começa a turbulência quando o foguete levanta voo, é só a gente acender o segundo motor com o foguete ainda no chão. A gente liga o primeiro e o segundo estágios juntos, sacou.

O Zé, meu chapa, não sei se você sabe, mas tem um motivo para chamar SEGUNDO estágio. É porque ele vem DEPOIS do primeiro, e não junto, tá bêbado essa hora já?

Presta atenção o quatro-olho…  quanto tempo dura a queima do primeiro estágio?

Um segundo. Um vírgula zero cinco segundos.

E quanto tempo leva para o motor do segundo estágio partir depois de aceso?

Éeee, meio segundo, talvez um pouco mais.

É só a gente acionar os dois juntos. No momento que o primeiro acabar, o segundo vai tá praticamente começando. Sacou nerdão?

hum…pior que faz sentido, mas aí tem um problema. Como que o motor de cima vai partir se ele vai tá preso no de baixo quando acender? Não tem como o gás escapar.

A não ser que a gente use um desacoplador com furos? Sabe, um cilindro cheio de buracos, tipo uma gaiola? Daí os gases conseguem escapar durante esse meio segundo.

Uau, agora ce foi o maioral…é capaz de funcionar.

Tem que funcionar, … (barulho de metal) esse cilindro aqui ó, acho que é perfeito para isso, vou começar a usinar. Amanhã a gente já tem um desacoplador pra testar, meu chapa.

Foram muitos testes nessa ideia maluca, para garantir que os dois estágios fossem acionados ao mesmo tempo, ainda em terra. O    desacoplador final tinha um vão de uns 40 centímetros que permitia aos gases escaparem durante meio segundo e, sim, deu certo.

Agora que a gente sabe tudo sobre como funciona o Arapuá, vamos voltar pro lançamento.

… a Garbosa acende seu rabo fumegante e dispara para cima, queimando o combustível sólido compulsivamente. Ao mesmo tempo, o segundo estágio, com combustível líquido, abre as torneiras e seu motor também é acionado. Os gases do segundo estágio escapam pelo desacoplador. Após 1 segundo, todo o combustível sólido foi queimado e o desacoplador é acionado com sucesso, explodindo a cabeça dos parafusos que o prendem no foguete de cima. O foguete de cima se livra da carcaça vazia do estágio de baixo e seu motor continua a funcionar. Até agora sucesso! Passamos da primeira fase crítica.

Durante os próximos 60 segundos o foguete vai continuar a queimar querosene misturado com ácido nítrico acelerando sem parar. A resistência do ar vai aumentando mais e mais na ponta do foguete e, quando ele atinge os 15km, a pressão é enorme. Essa é a segunda fase crítica. A Garbosa treme, grita, reclama; seu cone frontal passa dos 200 graus e suas aletas envergam com a força do vento. E então… o ar vai ficando rarefeito e a pressão diminuindo. O foguete segue sem contratempos até alcançar 130km de altura. SUCESSO! O Brasil pode comemorar pois tem, oficialmente, um foguete que chegou no espaço.

Multidão:
– Discurso, discurso, discurso…

Parabéns, parabéns… eu não acredito, a gente fez isso, vocês fizeram isso. O Brasil chegou no espaço. 

Quem tá falando é o Richard Smith, aquele que foi roubado dos americanos pelo coronel Montenegro e colocado como Engenheiro Chefe do programa espacial brasileiro.

-Hoje de noite, vão comemorar, vão descansar. Amanhã não precisa vir, tirem folga. Mas depois de amanhã, precisa voltar, porque temos que começar a fazer o próximo foguete!

Todos vão pra casa aliviados, pois sabem que passaram na prova de fogo e que o programa espacial vai continuar. A narração do voo histórico na voz de Sergio Cassani e seu “Vai Filhão” é reproduzida nas rádios do país e chega a passar numa reportagem na recém inaugurada TV Tupi, a primeira emissora do país. 

Hoje, 21 de Maio, às 10:15 da manhã, o Brasil lançou com sucesso seu primeiro foguete ao espaço, Arapuá. O lançamento ocorreu na base de Alcântara, Maranhão.

Vamos ouvir agora o momento histórico, narrado por um dos integrantes do grupo:

– O sinal tá chegando bem galera, a telemetria tá marcando 80km, tá chegando, esse momento é histórico, 90km, falta pouco, o foguete segue firme, 100km… Chegamos no espaço! agora foi… inacreditável…

Até mesmo o Repórter Esso, o noticiário de rádio mais importante do país, reproduziu a voz de Cassani:

– O Brasil, seguindo os passos dos americanos, acaba de ultrapassar a barreira do espaço com um veículo autopropulsionado. Vamos ouvir a narração deste momento histórico, na voz de Sérgio Cassani:

– 3, 2, 1, vaaaaai filhão…

O brasileiro, que nem sabia o que era foguete, comemora como se fosse um gol. A narração empolga crianças e adultos. No dia seguinte, meninos e meninas brincam nas ruas com garrafas de refrigerantes fantasiadas de foguete, com o “vai filhão” escrito a tinta. Com a opinião pública a favor, o Ministério da Aeronáutica libera uma verba gorda para a construção de um verdadeiro Centro de Lançamento em Alcântara, não apenas aquele    barracão.

Capítulo 2 – O Acordo

Passada uma semana, o major-brigadeiro Henrique Lacerda, o comandante militar encarregado pelo programa espacial, marcou uma reunião com Richard Smith, o engenheiro-chefe.

Mas aqui vale dizer que Richard era um cara excêntrico. Pra começar era americano, que já deixava ele deslocado em matéria de cultura brasileira. E era cientista, desses mais avoados, que não ligava para protocolos, patentes, hierarquia, nada disso. Era quase uma brincadeira sem graça e inconcebivelmente improvável que alguém como ele estivesse trabalhando para uma instituição militar quadrada como a FAB, a Força Aérea Brasileira. Mas o destino é uma criança zombeteira que ri das situações inusitadas, e colocou Richard como a única pessoa no Brasil capaz de tocar um projeto desses. A FAB queria um programa de foguetes para ter um míssil de longo alcance. Mas Richard queria fazer foguetes porque era um desafio, e era divertido. Além, é claro, de toda ciência desenvolvida com a exploração espacial..

Mas não se enganem, pois o que era de excêntrico ele era de esperto. O ITA tinha acabado de ser fundado e precisava de professores, professores esses que tinham que vir de fora já que, não havia outros cursos de engenharia aeronáutica no Brasil. Richard, então, criou um programa para contratação desses professores, principalmente americanos, ingleses e franceses, que ganhariam uma bonificação se também entrassem para o time de pesquisa espacial. Da verba que dispunha, usou quase tudo para contratar 50 pesquisadores. Ele sabia que a pesquisa era o gargalo do foguete. Precisa inventar novos materiais, mais resistentes e leves, projetar e testar novos motores, sistemas de controle, sensores, etc, etc…

Mas pra construir e projetar o foguete em si, ele só precisava de alunos de engenharia. Reuniu os 10 melhores, 5 cariocas da ETE, que tinham feito o foguete de 49, e 5 paulistas do ITA. Os 10 escolhidos trabalhariam diretamente com ele, aprendendo do jeito mais eficiente que existe, na prática.

Essa equipe toda ficava em São José dos Campos, no campus do ITA e do IPD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento). Os professores davam aula e depois faziam pesquisa. Os alunos escolhidos assistiam às aulas e depois iam construir foguetes. De vez em quando, para lançar os protótipos, Richard e os alunos pegam um voo num Lockheed 12A da força aérea e iam para Alcântara.

Mas o destino também quis que dois desses alunos se tornassem muito queridos de Richard, eles eram os melhores dos melhores. José Roberto Alves, ou apenas Zé, de 24 anos, era engenheiro mecânico formado na Escola Técnica do Exército e foi a figura-chave na montagem dos foguetes de 49. Era um artista quando operava um torno mecânico, além de ser o mestre da gambiarra. O coração da equipe.

Por sua vez, Jayme Bossa, paulista, 23 anos, era o nerd dos nerds. Tinha um talento sem igual para fazer contas de cabeça e resolvia até integrais. Sua nota mais baixa durante toda a graduação foi um 9,3 em Resistência dos Materiais, e ele jura que foi porque o professor que não entendeu sua notação para o cubo de faces centradas. Jayme era o cérebro da equipe.

Richard tinha encontrado seus pupilos, seu braço direito e esquerdo. Esses garotos podiam projetar e construir um foguete junto com ele. Aliás, mais do que isso. Eles podiam ir nas reuniões no lugar dele. Lembra que eu disse que Richard era excêntrico né? E achava todo esse sistema militar uma bobagem? Então, com a desculpa de que não entendia direito português, mandava ou o Zé, ou o Jayme, falar com o Lacerda, dependendo do assunto da reunião. Hoje foi a vez do Jayme.

– Pois não senhor major senhor, mandou me chamar?

– Não, claro que não. Mandei vir aquele americano ensaboado. Mas se é você que apareceu, então vai tu mesmo.

– Sim, senhor.

– Olha garoto, o foguete que vocês lançaram realmente subiu bem alto, parabéns pelo feito.

– Obrigado, major, senhor, senhor.

– Mas me diz uma coisa… ele foi pra cima né? Uns 130km.

– 132km senhor.

– E pro lado, quão longe ele consegue ir?… dá pra chegar na Argentina por exemplo?

– Hum, acho difícil senhor. O alcance máximo é por volta de 2 vezes a altura máxima, ou 264km, sem considerar a curvatura da Terra e assumindo gravidade constante. Se quiser posso fazer as contas exatas… fazemos uma expansão por Taylor, a derivada a segunda de g é…

– Ei ei, calma, calma. Vamo arredondar para 300km. É, tá fraco. Mas e quanto de peso esse foguetinho consegue carregar… uns 100kg?

– Senhor, não senhor, major, senhor. Se adicionar 100kg de carga útil o alcance cai para, menos de 200km.

– Nossa, só isso? Tá, deixa eu pensar aqui. E em termos de precisão? Olhando aqui no mapa, se a gente lançar digamos de Foz do Iguaçu… até Assunção no Paraguay dá 300km. Se eu mirar assim, no prédio do governo, dá para acertar?

– Acertar? o que, o prédio?

– Não, garoto, acertar a sua tia na esquina…, claro que é o prédio.

– Não, senhor, major, senhor. Impossível. Esse foguete não tem controle, não tem como manobrar para acertar nada. Se ele cair em qualquer lugar dentro da cidade já seria uma sorte absurda.

– Ora, então esse foguete não serve pra nada.

– Serve sim, senhor. Para fazer sondagem meteorológica, descobrir as formações de chuva, correntes de vento, entender o campo magnético da Terra, a radiação do espaço, fazer experiências em gravidade zero, testar formas biológicas no vácuo, testar novas tecn

– Segura a onda aí. Deixa eu te falar uma coisa… é… Jayme seu nome né?

– Sim, senhor, Jayme, major, senhor.

– Então Jayme… esse programa espacial tá sendo financiado pela FORÇA AÉREA BRASILEIRA. De alguma maneira, esses milhões que a gente tá investindo, precisam virar algo ÚTIL para FORÇA AÉREA BRASILEIRA, estou falando de MÍSSEIS. Foguetes capazes de levar uma OGIVA de 250 Kg até um alvo há 1000km de distância e acertar um prédio específico e não destruir um hospital ou uma praça. Avisa o americano lá, que se ele quer continuar recebendo financiamento para poder lançar foguetinhos para… medir… campo magnetostáticférico da Terra, ele vai precisar me entregar um míssil.

– Sim, Major, senhor, senhor.

– Deixa eu ver, vocês levaram um ano e meio para fazer essa abelhinha. Então vamos colocar mais um ano e meio para entregar o abelhão teleguiado de 1000km, tá certo?

– Senhor, é impossível. Esse foguete seria muito maior do que o Arapuá, talvez 10 ou 20 vezes mais pesado. Não tem como projetar, desenvolver, testar e lançar algo assim em um ano e meio.

– Olha, muita gente dizia que era também impossível fazer o que vocês fizeram em um ano e meio.

– Sim, mas a gente já tínha o primeiro estágio desenvolvido e também tivemos muita sorte.

– Então melhor colocar a ferradura na porta e o pé de coelho no bolso, porque eu já tô brigando com muita gente lá de cima para manter toda essa fantasia acontecendo. É muita gente que acha que tamo rasgando dinheiro. Consegui negociar uma verba bem maior diretamente do Ministério da Aeronáutica, por conta do sucesso do foguetinho, mas eles querem algo concreto até fim de 52. E antes do natal hein, que fique claro. Ninguém vai querer passar as festas em Alcântara, pelo amor como tem mosquito lá no verão. Estamos entendidos?

– Não senhor, éee, sim senhor, quer dizer, sim não senhor major, senhor…

– Dezembro de 52. Fecha a porta ao sair.

– AAAAAAhhh…

Epílogo

Você ouviu o segundo episódio de “O Brasil vai pro espaço”, produzido pelo Scicast.

Os eventos narrados aqui, embora fictícios, utilizam como base fatos e pessoas reais da história do Brasil e do mundo. Em especial, neste episódio:

O personagem Jayme Bossa foi inspirado no engenheiro Jayme Boscov que se formou no ITA em 1959 e foi o grande líder do programa espacial brasileiro de 69 à 92. Além de conduzir com sucesso os projetos dos foguetes Sonda III e Sonda IV, é considerado o pai do VLS (o veículo lançador de satélite) que infelizmente entrou em declínio quando Boscov se afastou em 1992. Alguns consideram a sua saída em 92 como o marco do fim do programa espacial brasileiro, tamanha sua importância.
Jayme Boscov faleceu recentemente, em 2 de julho de 2020, aos 87 anos. Fica minha homenagem a ele por meio do nosso querido nerd Jayme Bossa.

A TV Tupi, a primeira emissora de TV do país, foi inaugurada em 18 de setembro de 1950 e poderia, portanto, ter noticiado a nossa conquista do espaço em 51. Mas nessa época quase não existiam aparelhos de TV no Brasil. O rádio, no entanto, era o grande veículo difusor com o “Repórter Esso” sendo o noticiário de maior relevância.

O programa era uma versão brasileira do “Your Esso Reporter”, o noticiário americano mantido pela companhia de petróleo Esso e que foi exportado para diversos países da américa latina, como Argentina, Chile, Colômbia e, claro, o Brasil.

Este foi o primeiro rádio jornal brasileiro que possuía uma agência de notícias por trás, não se limitava apenas a ler os recortes de jornal. E por ser uma agência de notícias internacional, a United Press International, permitia uma cobertura quase imediata de eventos do mundo todo, como a Segunda Guerra Mundial na década de 40.

Por outro lado, o Repórter Esso também se tornou um instrumento de propaganda americana durante a Guerra Fria, uma tentativa de exportar a visão do tio Sam para a américa latina e afastar as influências soviéticas para as bandas de cá.

O texto, narração e direção deste episódio foram feitos por mim, o Pena.

Vozes:
Cassani: Sergio Sacani
Jayme: Lennon Biancato Ruhnke
Zé: Fencas
Lacerda: Marcelo Guaxinim
Richard: Pena
Jornalista da TV Tupi: Silvana Perez
Repórter Esso: Willian Spengler
Vozes de fundo: Vitor Moreira e Letícia Carvalho

Consultoria histórica: Willian Spengler, Cesar Agenor F. da Silva e Fencas

Consultoria técnica: Lennon Biancato Ruhnke

Revisão: Silvana Perez

Edição e Sonorização: Felipe Reis.

Vinheta: Vitor Moreira

E a distribuição é do portal Deviante.