Tentaram calar Marielle Franco, mas não conseguirão. Líder popular, ativista de direitos humanos e vereadora do PSOL, Marielle era conhecida por ter coragem de denunciar a violência policial na cidade do Rio de Janeiro. Era também da comissão que acompanha a intervenção militar na cidade do Rio. Mulher, mãe, negra e moradora da favela, ousou ocupar um espaço que dizem não pode ser de mulheres, mães, negros e moradores da favela.
Nós, do Chutando a Escada, estamos mergulhados no tema da segurança pública no Rio de Janeiro. A gravação de um episódio sobre a intervenção militar ocorreu na última terça, dia 14/03. Nossos convidados e convidada explicam profundamente os dilemas da segurança pública no estado e apontam os problemas da intervenção militar. O programa irá ao ar no dia 20/03. Mas, durante a edição, a notícia da execução de Marielle nos deixou perplexos.
Neste Chute Especial, com corações partidos, Filipe Mendonça e Geraldo Zahran recebem novamente um dos convidados da próxima edição, Diogo Dario, da UFRJ. Trocamos impressões, compartilhamos nosso luto e prefaciamos o próximo episódio.
E o Chutando a Escada, juntamente com vários outros podcasts, já se manifestou hoje sobre este assunto. Ouça o manifesto em apoio e protesto aqui.
Lista completa dos participantes:
É pau, é pedra – https://goo.gl/AJiwV3
Apenã – https://goo.gl/Nh8Ffu
Teologia de Boteco – https://goo.gl/4uVqZb
Olhares – https://goo.gl/T1qTcS
Viracasacas – https://goo.gl/uRy53Q
HQ da Vida – https://goo.gl/nc9t9h
Tianix Podcast – https://goo.gl/fjbByk
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Quem é Marrielle Franco – https://youtu.be/DPs2o7VgwJA
Brasil é país das Américas que mais mata defensores de direitos humanos
Líder comunitário é assassinado em Barcarena, Pará
Franquia do crime: 2 milhões de pessoas no RJ estão em áreas sob influência de milícias
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“Foram noves tiros.
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Bastaria um para levar a vida de Marielle, mas ela recebeu quatro. Anderson, mais três. Sete tiros que revoltam pela violência física e política que carregam. E os outros dois? Tiros errantes. Duas marcas de um excesso que assombra. Balas sem corpos, cujo disparo já não mirava a vida (já alcançada e arrancada pelas sete primeiras), mas a morte: sua confirmação e execução. O alvo nunca alcançado dessas duas balas aterroriza pela promessa de morte que deixa no ar, e agora paira como estratégia potente da política do medo. O corpo não alcançado por essas duas balas aterroriza pois foi substituído por um corpo não físico, aquele da comunidade, atingido em suas parcas vértebras democráticas.
É como narrou Clarice, em outro enredo, mas sobre os mesmos tiros: “ [….] O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro”.
Texto de Lara Selis / Coordenadora do MulheRIs
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Marielle Franco, presente!
Anderson Gomes, presente!