O Congresso Nacional já está com a reforma da previdência na pauta para este ano, e, acreditando você ou não nos números deficitários apresentados pelo governo, a verdade é que há cada vez mais aposentados para menos jovens trabalhadores com carteira assinada. Matematicamente isso significa que, se a previdência ainda não é deficitária, isso vai acontecer num futuro bem (mas bem) próximo. E isso significa que você precisa se organizar financeiramente desde agora para garantir um futuro mais tranquilo.
Existem basicamente duas formas de poupar pensando na aposentadoria: investindo por conta própria ou através dos planos de previdência privada. E esses últimos são divididos em duas categorias: PGBL e VGBL.
P de Plano ou V de Vida?
Os planos PGBL (Plano Gerador de Beneficio Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) têm a mesma ideia fundamental: ajudar o trabalhador a economizar recursos, aplicando-os em bancos ou seguradoras ao longo de muitos anos para receber uma aposentadoria complementar no futuro. Funciona como uma poupança automática, em que todos os meses um valor é transferido para seu plano, que então investe seus recursos para garantirem rendimentos ao longo do tempo.
Esses planos têm a vantagem de pagar Imposto de Renda somente no momento do resgate ao invés de anualmente, o que acaba potencializando os juros compostos dos investimentos. Mas é importante entender as opções de tributação, já que o IR pode ser recolhido de forma progressiva – de acordo com a tabela do Imposto de Renda vigente no momento do resgate, isso é, quanto mais você tira, mais paga – ou regressiva – seguindo uma tabela especial, cujas cotas vão sendo reduzidas a cada dois anos, partindo de 35% para retiradas com menos de 720 dias até 10% para valores que ficaram aplicados por mais de 10 anos. Até aqui os planos são exatamente iguais: automatizam a poupança, investem o valor segundo suas preferências e pagam imposto de renda somente no momento do saque (seja progressivo ou regressivo).
Abocanhada do Leão
Porém, existe entre eles uma diferença crucial em relação ao IR. O PGBL oferece uma vantagem fiscal presente, já que aqueles que fazem declaração completa podem descontar até 12% da sua renda tributável que foi aplicada no plano. Isso significa que, do imposto que precisa ser pago, você pode descontar até 12%, se esse valor foi aplicado num PGBL no ano anterior. É como deixar de pagar imposto ao governo para economizar para o futuro. Como não existe almoço grátis na economia, a pegadinha é que no momento de sacar os valores do plano, o imposto é calculado sobre o valor total do fundo, suas aplicações e os rendimentos! É uma forma de postergar as contas com o leão, fazendo os juros renderem ao seu favor.
Já no VGBL, você não tem nenhuma vantagem no presente, não pode descontar nada do IR anual, mas, quando resgatar seu plano, o imposto é pago somente sobre os rendimentos das aplicações. Exemplo: se você poupou 40 mil e tem 100 mil a receber, pagará imposto somente sobre os 60 mil que ganhou com os juros!
Qual plano é melhor para você, depende basicamente de como você paga imposto hoje e como pagará no futuro. Aqueles que fazem declaração completa se beneficiam do PGBL, quem faz a versão simplificada vale a pena entrar no VGBL. Quem pretende viver apenas com a renda da aposentadoria privada, retirando parcelas menores mensalmente deve escolher a tributação progressiva, enquanto quem pretende fazer grandes retiradas do fundo deve escolher a versão regressiva.
A verdade é que não existe uma forma perfeita para os planos de previdência, apenas aquele que funciona melhor para seus planos. E eu, pessoalmente, acredito que a grande vantagem dos planos PGBL e VGBL é que eles deixam a poupança e investimentos para o futuro mais automáticos, e seu porquinho da aposentadoria vai ficando cada vez mais gordo sem você se preocupar! Então, bora começar a pensar no futuro?