Atchim! Atchim! Atchiiiimm….
Quem nunca espirrou que atire o primeiro anti-histamínico. Se você nunca precisou tomar esse medicamento, considere-se uma pessoa de sorte. Pois, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% do planeta apresenta algum tipo de alergia.
Contudo, esse caso não é o mais alarmante. O número de alérgicos está aumentando, principalmente em casos de alergias alimentares.
Mas, o que afinal é alergia?
Basicamente, alergia é uma reação exagerada frente a algo inofensivo, ou seja, matar um pernilongo com uma bazuca. Ou seja, essa resposta é excessiva, e a chamamos de “Reação de Hipersensibilidade”.
No entanto, dependendo da composição do alérgeno e de como ele entra em contato conosco, alergia é a forma de como essa reação irá se manifestar.
Se for uma picada de um mosquito, por exemplo, a reação local será extremamente exagerada, mas não letal. Porém, se for ingestão de algum alimento, essa resposta pode ser, inclusive, fatal.
Temos, então, em nosso corpo um tipo de célula chamado mastócito. Porém quando uma pessoa está alérgica a algo, ela fica “sensibilizada” a essa alérgeno. O que define essa sensibilização é a presença de anticorpos ligados a receptores específicos da célula:
Como pode ser observado, essa célula apresenta uma série de grânulos dentro. Estes, por sua vez, apresentam alguns compostos, mas o nosso foco é a histamina.
Então, o que exatamente a histamina causa em nosso corpo para ele recorrer imediatamente ao anti-histamínico?
Um exemplo visual que pode fazer agora é simplesmente dar um tapa em seu antebraço e observar. Logo, vai perceber que cada vez vai ficando mais vermelho, como eu mesmo fiz nas imagens a seguir.
Como mostra a imagem, com um simples tapa você acaba gerando uma pequena inflamação. Isso ocorre, principalmente, devido à histamina presente nos mastócitos. Uma das suas funções é a vasodilatação, que aumenta o fluxo sanguíneo e acarreta na vermelhidão. Contudo, essa reação é rápida, pois a histamina é eliminada do meio extracelular.
Além disso, há uma broncoconstrição (contração dos brônquios pulmonares), por consequência, a pessoa ainda vai apresentar uma dificuldade para respirar, mas o anti-histamínico não será suficiente para melhorar.
Agora, imagina que o alérgeno entrou em seu organismo por via oral, conseguiu chegar até a corrente sanguínea e a reação que fiz em meu braço ocorra no corpo todo, ao mesmo tempo. Ou seja, há um processo de vasodilatação generalizado e uma queda de pressão, levando ao choque anafilático e, dependendo do caso, pode levar à morte.
Como dito anteriormente, há uma grande quantidade de pessoas alérgicas no mundo, porém cada vez mais as pessoas estão “adquirindo” esse problema – principalmente com relação às alergias alimentares. Afinal, por qual motivo a pessoa adquire esse presente do seu próprio corpo?
Podem ser fatores ambientais, genéticos, alimentação, azar, entre outras características aleatórias (que não se sabe ainda).
Mas, o fato é o seguinte: o número de pessoas alérgicas, principalmente com relação a alimentos, estão em crescimento e essas alergias podem nos matar.
Um estudo que foi publicado em maio de 2018 demonstra que um tipo de alergia contra um carboidrato (que tem um nome bem simpático) galactose-a-1,3-galactose pode estar relacionado com a doença arterial coronariana, a qual, posteriormente, pode levar ao infarto do miocárdio.
Esse carboidrato em questão está presente em carne vermelha, resultando em uma alergia à carne. Além disso, essa alergia pode ser “transmitida” através da picada de um carrapato chamado de carrapato estrela solitária (com certeza deve ser solitário).
Em resumo, um carrapato fazer com que você desenvolva uma alergia, e esta é sobre a carne vermelha e ainda pode fazer com que você enfarte.
E agora, quem poderá nos salvar?
Felizmente, como comentei em meu artigo anterior (sobre imunoterapia para o tratamento de câncer), a imunoterapia também pode ser a chave para a cura das alergias.
Atualmente, para se “combater” as alergias, é necessário tomar uma certa distância do alérgeno, senão…
Ou seja, uma das formas para tentar diminuir as reações aos alérgicos alimentares é com relação à destruição dos epítopos. Basicamente, esses epítopos são moléculas que o sistema imunológico vai conhecer para gerar uma resposta imune, de fato. Ou seja, se uma criança tiver alergia ao leite ou ovos, e estes forem aquecidos, e utilizados na preparação de um bolo, por exemplo, em torno de 80% das crianças conseguem tolerar e não desenvolverem sintomas.
Porém, pensando em imunoterapia, temos algumas possibilidades, como realizar, principalmente, uma imunomodulação diante do processo alérgico. Estas, por sua vez, incluem uma dessensibilização dos mastócitos, uma regulação às células T e células B, regulação de anticorpos – os quais serão explicados em artigos posteriores – e, por fim, uma diminuição do número e atividade efetora de alguns tipos celulares – mastócitos, basófilos, eosinófilos.
Enfim, uma futura cura pode ser definitiva aos alérgicos – fim de espirros, de lenços, de secreções, e de um anão.
Bibliografia:
The future outlook on allergen immunotherapy in children: 2018 and beyond.
Future therapies for food allergies.
Juliano Froder. Em primeiro lugar, Nerd. Depois, professor e por fim biomédico. Procuro conhecer sobre todas as ciências, sem divisão entre Humanas, Biológicas e exatas.