E volta o cão arrependido, com suas orelhas tão fartas, com seu osso roído…
Na última semana, um dos contribuidores do projeto Bitcoin, Mike Hear, declarou que “o Bitcoin falhou”, ou nas palavras do nosso post, “A promessa do Bitcoin está sumindo como poeira no vento“. Isso marcou sua saída da comunidade da criptomoeda mais famosa e uma enxurrada de comentários e reações de muitos que tem algo em comum: os que não concordam com a opinião de Hearn e defendem o Bitcoin com unhas e dentes.
Toda essa treta provocada pelo Hear teve origem por causa de uma limitação técnica da moeda: existe uma quantidade X de Bitcoins que podem ser minerados. Hear defende que se o limite não for elevado, apenas aqueles que utilizam supercomputadores conseguirão minerar e validar os blocos de Bitcoins – um processo que tem deixado os donos dessas “mineradoras” ricos.
O problema é que a Bitcoin é um software aberto, então qualquer mudança tem de ser aprovada por uma maioria da comunidade, que não tem sido capaz de chegar a um consenso.
Volta e meia, alguém profetisa a morte do Bitcoin e depois outro alguém reúne As Sete Esferas do Dragão e o ressuscita. A diferença dessa vez é que quem proclamou a morte do Bitcoin foi alguém ligado diretamente a comunidade da criptomoeda. Talvez seja apenas dor de cotovelo por não ter seus pedidos de modificação atendidos, ou talvez ele esteja certo.
O Bitcoin sempre foi visto de vários modos. De seus defensores, que elogiam a moeda por ela não depender de bancos centrais e ter um sistema de transação que trabalha fora do sistema financeiro normal, os que torcem o nariz e acham que tudo não passa de uma brincadeira cara com uma moeda com valores que sobem e descem imprevisivelmente – um banco imobiliário sofisticado – e também têm os governos, que não conseguem nem concluir se ela é uma moeda ou uma commodity.
Duas perguntas vivem rodeando o Bitcoin: “qual o futuro da Bitcoin?” e “quem consegue defini-lo?”
Em teoria, os mineiros de Bitcoins que investiram muita grana em hardware super poderosos que rodam Tibia liso liso, decidem o que acontece com o futuro do Bitcoin. Mas eles não são os desenvolvedores. Eles só podem escolher se executam o código para minerar bitcoins, minerar esses bitcoins e retê-los ou não. Economia básica! Na prática, como é frequentemente o caso, um enorme fardo de autoridade e responsabilidade não cai em quem possuem o hardware, mas em quem escreve o software. Com grandes poderes vem grandes responsabilidades.
Bitcoin é um projeto de código aberto, mas o seu desenvolvimento se dá por um seleto grupo de desenvolvedores. Esses desenvolvedores são muitas vezes acusados no Reddit (claro, o Reddit acusa todo mundo) de criar um conflito de interesse, porque vários desenvolvedores fazem parte de uma startup bem financiada chamada Blockstream – a qual está construindo e planejamento um modo de lucrar, com o suposto “Bitcoin 2.0”.