Um aplicativo desenvolvido para auxiliar mulheres casadas e que vivem na área rural da Índia a entender as escolhas de contracepção, levou a um aumento, em poucos meses, do uso de métodos de planejamento familiar moderno, segundo o Johns Hopkins Center for Communication Programs (CCP).
Os resultados apresentados na Conferência Internacional de Planejamento Familiar, em Nusa Dua, Indonésia, mostram que a tecnologia digital pode ser uma ferramente eficaz. Além de fornecer informações personalizadas, também lida com barreiras culturais e sociais que possam impedir mulheres de baixa e média renda de fazer o de planejamento familiar.
Segundo a doutora Sanjanthi Velu, líder da equipe da Ásia do CCP, que faz parte da Escola Bloomberg Johns Hopkins de Saúde Pública, o estudo mostra que a tecnologia móvel é uma plataforma dinâmica e inovadora para mudanças sociais e de comportamentos. Ao encorajar mulheres e profissionais da saúde, social e culturalmente relevantes, a conversarem sobre o assunto, levou a um aumento do uso de métodos contraceptivos modernos.
Chamado Gyan Jyoti, ou “luz do conhecimento”, o aplicativo desenvolvido pelo CCP para o projeto Ujjwal , em Bihar, Índia, foi financiado pelo grupo Palladium. O aplicativo é projetado para uso de ASHAs (agentes comunitários de saúde na Índia), que visitam casas de mulheres em áreas rurais para promoção de planejamento familiar e outros hábitos saudáveis.
Ele incorpora uma variedade de vídeos sobre contracepção moderna, incluindo filmes de entretenimento e educação, testemunhos de casais felizes com o uso desses métodos, perguntas e respostas com médicos e informações visando acabar com mitos e equívocos.
No distrito de Bihar, smartphones com o aplicativo foram dados para 14 ASHAs, enquanto em outro distrito, outros 14 ASHAs foram supridos com aparelhos de baixa tecnologia, apenas com cartão de memória SD. Cada grupo visitou regularmente 1400 mulheres. Os ASHAs que utilizaram o aplicativo conseguiram personalizar o aconselhamento, mostrando vídeos mais adequados aos questionamentos feitos por cada uma das mulheres. Enquanto os ASHAs com os aparelhos de baixa tecnologia puderam mostrar apenas vídeos, mas não tiveram os benefícios da interação customizada.
Os que usaram o aplicativo ainda puderam compartilhar os vídeos com as mulheres que tinham acesso a esta tecnologia, permitindo que estas mostrassem os vídeos à seus maridos e sogras.
Os pesquisadores escolheram aleatoriamente 406 mulheres de cada distrito para o estudo, cinco meses depois, em maio de 2015. Eles viram que 22% das mulheres aconselhadas com o uso do aplicativo, usavam métodos modernos de contracepção, como DIUs, pílula anticoncepcional e contraceptivo injetável; enquanto 13% das mulheres orientadas sem o aplicativo usavam os métodos contraceptivos modernos.
Com acesso ao aplicativo, 17% das mulheres assistiram alguns dos vídeos, enquanto sem esse acesso, apenas 2,4% das mulheres assistiram. Das 75 mulheres no distrito de intervenção, que usavam os métodos contraceptivos modernos, ¾ tinham interagido com o aplicativo. Os métodos de planejamento familiar escolhidos foram a esterilização feminina (41%), anticoncepcional injetável (18%), pílula anticoncepcionais hormonais (11%), preservativos (11%) e DIU (4%).
Mulheres visitadas pelos ASHAs durante o período do estudo tiveram 1,9 vezes mais chances de usarem métodos contraceptivos, e mais importante, as mulheres que assistiram aos vídeos são 4,5 vezes mais propensas a usarem contraceptivos, independente de serem mostrados por ASHAs com ou sem aplicativos. As visitas subiram para 56% no distrito de intervenção em comparação com 47% no distrito sem acesso ao aplicativo.
Sanjanthi Velu afirmou que há um valor no desenvolvimento de plataformas móveis que podem ser personalizados de acordo com as necessidades de cada prestador e seu cliente alvo.
Ela também disse que o Gyan Jyoti pode ser adaptado para diferentes idiomas e para outros tipos de informações sobre saúde que a família precisar. Podendo, assim, ser expandido para outros ASHAs pelo país.
Fonte: EurekAlert