Procurando na Netflix um novo desenho para assistir com a minha filha de 3 anos, me deparo com Tainá e os Guardiões da Amazônia, uma animação leve, brasileira, cheia de cultura e folclore, carregada de empoderamento feminino e pensamentos socioambientais.
Sempre gostei de procurar desenhos com personagens femininas fortes para assistir com minha filha e, como amante de mitologia, sempre conto nossas lendas e mitos para ela na cama antes de dormir. Não imaginei que encontraria num desenho uma combinação de ambos.
Baseado no filme “Tainá – Uma aventura na Amazônia”, Tainá e os Guardiões da Amazônia conta a história de um grupo de… bem… defensores da Amazônia. Catu, o maco, Pepe, o urubu-rei, e Suri, a ouriça, são liderados por Tainá, uma indiazinha que, munida de uma flecha mágica, passam seus dias resolvendo problemas da fauna amazônica.
Apesar de seu plot simples, o desenho, com uma identidade visual colorida e bem trabalhada, é carregado de Brasil. Como comentei acima, a fauna amazônica é a coadjuvante e mola propulsora das histórias. Cada episódio, com duração de 11 minutos, agradando o tempo de atenção de uma criança de 3 anos, traz um animal diferente. Sempre que acabava um deles, eu gostava de puxar o celular e mostrar fotos de como eram aqueles animais na vida real, enriquecendo seu vocabulário e seu conhecimento de mundo. De modo mais sutil, mas deixando plantada a sementinha da diversidade, vários dos personagens tem trejeitos e maneirismos de todo o nosso país, sempre apresentado de modo respeitoso e, algo que considero excelente, passando sem comentários pelos personagens, mostrando como não importa de onde é e como fala, todos somos iguais.
Por ser um desenho infantil, não temos nenhum real vilão. O que a Tainá enfrenta são atitudes e comportamentos inadequados, como sujar a floresta, não dividir, prender animais, ser preconceituoso e assim vai. Como ferramenta metafórica para pontuar esses comportamentos, achei extremamente válido. Minha filha chegou a comentar coisas como “Olha papai, um pedaço do meu lanche. Estou dividindo igual a dona Cotia aprendeu a fazer.”. Fiquei muito feliz com isso, assim como nossas brincadeiras de guardiões da amazônia.
Falando nessas brincadeiras, não poderia deixar de comentar sobre a importância de uma protagonista feminina forte. Ver a pequena Alice subir no sofá, fazer a dança de invocação da flecha azul (a maneira dela, claro) e dizer “vou ajudar, pois eu sou poderosa” fez meus olhos marejarem de lágrimas alegres. Nada como poder responder que ela é mesmo e que o mundo é seu para aproveitar do modo como quiser. E juntos fazemos o grito de guerra deles: BERIMBAU!
Enfim, apenas para fechar essa rápida resenha, queria dizer que sempre fui fã de boas trilhas sonoras de desenhos e programas infantis. Aquelas que pegam por serem boas e não apenas inoportunas. Tainá e os Guardiões da Amazônia sempre fazem um resumo do principal ponto da estória naquele episódio com uma música extremamente cativante e, por que não, embasada em nossas próprias raízes e ritmos.
Deixo aqui o trailer do desenho e minha recomendação com muito carinho para que não só coloquem seus filhos, sobrinhos, afilhados, etc. para assistir, mas que usufruam com eles dessa pequena estrela brilhante nesse céu brasileiro onde vivemos.