Tá foda, gente.
Vamos recapitular isso tudo:
A presidente eleita na disputa mais acirrada da história de nossa jovem democracia é impedida de seu mandato após articulação entre seu antigo vice, o então presidente da Câmara, parte de sua antiga base (e anuência ou fraco empenho de seu próprio partido).
O vice-presidente assume, alega “normalidade democrática” e propõe diversas reformas sociais em temas há muito discutidos pela sociedade e pela classe política (infelizmente com essa separação entre as duas “castas”), mas longe, muito longe, de serem consensuais.
O vice-presidente é gravado em conversa com o dono de uma das maiores companhias do Brasil dando aval a que este continuasse a pagar propina atrasada (!) àquele que era presidente da Câmara e, hoje, está preso.
O candidato derrotado da disputa mais acirrada é gravado pedindo à mesma empresa R$ 2M para pagar suas despesas jurídicas em investigações contra ele, acusado de… corrupção.
O antigo presidente, padrinho político da presidente impedida, é acusado de um sem-número de ilícitos, é intimado pra depôr e seu depoimento vira uma quase-micareta. Apoiadores afirmam que ele provou que não há provas e que é perseguição política; aqueles que são contrários apontam que tudo de mais incriminador contra ele foi jogado nas costas da antiga primeira-dama, já falecida.
Nesse exato momento, especula-se que o presidente pode sair a qualquer momento. Isso faria com que a presidência fosse para o novo presidente da Câmara (também investigado pela Lava-Jato) a fim de que, em 30 dias, promovesse uma eleição indireta (ou seja, cujos votantes são os quase 600 parlamentares do Congresso – dentre eles, pelo menos 25% igualmente investigados ou citados pela operação) para os próximos 18 meses. E não se faz ideia quem teria capacidade pra fazer uma costura política nesse tempo.
E nesse exato momento, as bolsas brasileiras caem mais de 10%; o dólar aumentou mais de 10%; empresas públicas listadas na Bolsa caem entre 20 e 40%; e a única certeza que temos é que não há a menor noção sobre o que vai acontecer. E não daqui a 6 meses, 3 semanas ou mesmo 2 dias. Não se sabe o que vai acontecer nos próximos minutos. Isso, meus amigos, é o que chamamos de instabilidade.
Tá foda, gente.