Hoje é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, assunto pouco tratado em nosso cotidiano e que vem atingindo níveis cada vez mais alarmantes. O Brasil é atualmente o 8º país do mundo com maior número de casos de suicídio. Em 2012, foram registrados mais de 11 mil casos. Além de afetar o indivíduo que comete suicídio, há em média 5 ou 6 pessoas próximas ao falecido que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas.
FATORES DE RISCO
Existem diversas causas que desencadeiam o risco de suicídio, dentre elas fatores sociais, como uma dinâmica familiar difícil, perda de entes queridos e fatores biológicos como doenças (dor crônica, doenças incapacitantes, entre outras). Porém, os principais fatores de risco são tentativa anterior de suicídio e presença de transtorno mental. A história pregressa de tentativa de suicídio aumenta em 20 a 30 vezes a chance de uma nova tentativa.
COMO SABER SE UMA PESSOA ESTÁ EM RISCO?
A melhor maneira de ter certeza que uma pessoa está em risco caso haja desconfiança é perguntar. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, perguntar se a pessoa está pensando em se matar não a influencia a seguir adiante, muito menos “implanta” uma ideia em sua cabeça. Outros sintomas também podem ser identificados em uma pessoa que está em risco e o principal deles é o sentimento de desesperança: “eu preferia estar morto”, “não há nada que eu possa fazer”, “não aguento mais”, “não vejo luz no fim do túnel”.
IDEIAS EQUIVOCADAS SOBRE SUICÍDIO
Um dos principais equívocos é pensar que: “se eu falar sobre suicídio, posso sugestionar a pessoa a se matar”. Esta ideia é muito errada pois falar sobre suicídio aumenta o vínculo com a pessoa em sofrimento, faz com que ela se sinta acolhida e desta forma é possível levantar possibilidades de resolução de problemas e encaminhamento a um profissional da saúde.
Outra questão importante é o preconceito sofrido pelas pessoas que conseguem relatar o seu desejo em acabar com a própria vida. É muito comum ouvirmos em nosso cotidiano as frases “ameaça se matar apenas para manipular”, “quem quer se matar, se mata mesmo” ou “quem quer se matar, não avisa”. É importante lembrarmos que pelo menos 2 terços das pessoas que tentam ou que se matam haviam comunicado de alguma maneira sua intenção para amigos, familiares ou conhecidos, então sim, há um risco real.
O QUE FAZER COM UMA PESSOA QUE ESTÁ QUERENDO SE MATAR?
O primeiro passo é tentar se manter calmo e ouvir o que a pessoa está dizendo. Ser afetuoso e tentar entender o sofrimento que a pessoa está trazendo. Verificar o grau de risco nesse momento é muito importante, pois dependendo da gravidade da situação diferentes medidas devem ser tomadas (para mais informações veja o manual produzido pelo Ministério da Saúde). Em um primeiro momento é importante estabelecer uma rede de apoio pois essa pessoa já não pode mais permanecer sozinha, precisa estar sempre acompanhada. Se o risco for grave, remover meios pelos quais a pessoa possa efetuar a tentativa, ficar com ela e conseguir ajuda profissional, acionar psicólogo ou psiquiatra. Caso a pessoa não esteja em acompanhamento terapêutico, acompanha-la até um pronto atendimento médico ou clínica psiquiátrica que disponha de plantão. Também é possível acionar um serviço de emergência, como o SAMU, se necessário.
O QUE NÃO FAZER
Um dos principais erros que cometemos quando uma pessoa está em sofrimento é dizer que “tudo vai ficar bem”. Estas palavras são invalidantes, pois naquele momento para essa pessoa não é possível ver que as coisas ficarão bem, essa é justamente a dificuldade que ela está enfrentando. Procure também não ficar chocado com a pessoa dizendo que quer se suicidar, desafiar a pessoa a se matar achando que isto a impedirá, deixar a pessoa sozinha (caso você não possa estar com ela no momento, acionar um familiar ou amigo para ajudar) e prometer segredo, que não contará para ninguém. É importante contar para alguém e buscar apoio profissional.
ESTOU QUERENDO ME MATAR, COMO POSSO PEDIR AJUDA?
Pedir ajuda para alguém próximo pode ajudar nesse momento de sofrimento. Também existem organizações de voluntários que prestam auxilio, como o CVV (Como Vai Você?), através do telefone 141 ou do site http://www.cvv.org.br/site/index.php. Entrar em contato com alguma clínica de saúde mental ou com algum profissional da área também é importante, uma ajuda especializada não só reduz o sofrimento, como também ajudará a trabalhar as questões que estão causando o sofrimento.
O suicídio pode ser evitado e um tratamento adequado da situação pode salvar vidas.