Parafraseando algo que foi dito no SciCast recentemente, você não morre quando seu corpo para de funcionar. Você morre quando é esquecido.
Eu acredito profundamente no significado dessas palavras, e, talvez justamente por isso, encontre dificuldade em me entristecer com a passagem desses grandes nomes da humanidade.
O mero fato de que seus nomes são grandes, e de que suas mortes impactam a tantos, prova que houve um legado em suas existências, e que portanto eles estão protegidos da morte real.
A morte do corpo, afinal, chega inevitavelmente para todos. É a coisa mais banal da vida, por mais que nos esforcemos para evitá-la. Deixar um legado que impacte a história da humanidade, no entanto, é para a ínfima minoria.
A qual dessas duas coisas deveríamos nos apegar mais?
Stephen Hawking foi uma das maiores mentes científicas de que se tem notícia. Ocupou uma cadeira acadêmica que apenas outras 18 pessoas ocuparam na História, tendo sido uma delas ninguém menos que Isaac Newton.
Daqui a 500 ou 1000 anos, é possível que a humanidade esteja estudando Hawking da mesma forma como nós estudamos Descartes, Aristóteles, Galileu, ou o próprio Newton. O legado dele é gigantesco, e, mesmo agora, creio que ainda terá muitos ecos sobre o desenvolvimento científico da humanidade.
Assim sendo, só posso me regozijar por ter compartilhado o Planeta Terra com esse ser e por ter tido a oportunidade de ler, ouvir e debater suas ideias quando elas ainda tinham possibilidade de ser atualizadas pelo próprio.
A sua vaga na imortalidade já estava há muito garantida. É só um corpo que se apaga, como todos os corpos um dia se apagarão.
Que seja uma inspiração para que busquemos a imortalidade tangível do legado e da memória, e não o prolongamento de vidas magras e desprovidas de significado.
A sua existência definitivamente conseguiu ser irradiada para fora do buraco negro do esquecimento.