A mente dos seres humanos é estudada há muitos anos, e a cada nova pesquisa publicada geramos mais conhecimento sobre o funcionamento do nosso cérebro. Assim como os diversos sistemas do nosso corpo, nossa mente também tem seus transtornos de funcionamento, que cada vez mais ouvimos falar, como a depressão, ansiedade, transtornos de atenção, entre outros.

Apesar de serem cada vez mais famosos, transtornos como a depressão são cada vez mais banalizados. Não precisamos ir muito longe, é só aparecer uma pessoa um pouco mais triste, que a galera já fala que “tá deprê”, ou pessoas falando que “tem TOC”, ou depressão. A banalização que eu falo é sobre como esses transtornos realmente ocorrem, e sobre os seus efeitos. Quanto mais banalizamos o auto-diagnóstico destas condições, mais as pessoas que apresentam os sintomas se fecham, não procuram ajuda e o problema só piora.

Há uns dois meses, nos EUA, uma mulher mandou um e-mail para seu chefe na empresa para justificar sua ausência nos últimos dias.

Em uma tradução livre, o texto da foto acima diz:

“Olá equipe,

vou usar o dia de hoje e amanhã para focar na minha saúde mental. Espero estar de volta 100% na próxima semana.

Obrigada,

Madalyn”.

A resposta do líder da equipe que Madalyn trabalha foi:

“Olá Madalyn,

Eu queria agradecê-la por ter mandado um e-mail como esse. Toda vez que você manda um email desse, eu me lembro da importância de usar as faltas por doença para tratar da saúde mental. Não acredito que essa não é a prática usual de todas as empresas.

Você é um exemplo para todos nós, ajudando a quebrar esse tabu, e fazendo o nosso melhor.”

As postagens com a foto da troca de e-mails foram várias nos últimos meses, e cuidar da saúde mental virou tema de muitas das minhas conversas. Na área acadêmica, puxando a sardinha para o que eu conheço, a reclamação quanto à saúde mental é quase unânime. Vemos que a jornada do mestrado, doutorado, pós-doutorado é árdua e pode afetar muito o psicológico dos nossos cientistas. Há um artigo publicado na ANPG que fala um pouco sobre as relações entre orientadores e alunos, mostrando um pouco do que pode afetar a saúde mental de quem trabalha na área.

Você conhece alguém que trabalhe dessa forma? Seja com a sinceridade de Madalyn, ou tão compreensivo quanto seu chefe?

 

Referências:

https://www.attn.com/stories/18200/how-email-helping-break-mental-health-stigma

http://www.anpg.org.br/quando-a-relacao-professorestudante-se-torna-abusiva-na-pos-graduacao/


Thais Boccia da Costa Bióloga, mestre e doutora em Imunologia, graduanda em Licenciatura em Ciências e admiradora da educação.