Olha eu aqui de novo! Fazendo mais uma resenha! Simbora!
Antes de começar essa eu tenho que fazer uma ligeira mea culpa aqui. Sim, eu vim falar de um livro que não tem tradução ainda para o português (o que é uma pena DEMAIS), então se você não conseguir ler em inglês, ele vai ser menos acessível para você. PORÉM! Existe uma série, (que eu confesso que não vi…) que você pode achar ai pela internet sobre a série de livros. Se você curtir a resenha e o mote dos livros, acho que pode ser uma boa procurar um caminhão caído aí pela internet para ver se dentro dele tem a série para você poder ver.
Mas sobre o que é o livro então? MAGIA URBANA! Pô, e o que seria magia urbana você me pergunta? É poderzinho de mudar cidade? É o raio de transformar chão de terra em asfalto? Não, né? Isso não faria sentido nenhum, pô. É um gênero de fantasia que trata a magia como algo menos fantástico e mais uma versão paralela da nossa realidade cotidiana.
Então eu vou usar muito Harry Potter aqui como comparação só porque, né? Não é porque a J.K é uma transfóbica de merda que a H.P. deixou de ser a maior referência de literatura fantástica desde o seu lançamento.
Então no mundo bruxo de H.P a comunidade mágica é totalmente segregada da comunidade não mágica. Não é que eles não se cruzem em algum nível, elas se cruzam geograficamente até. Mas nunca no nível social, não existem não mágicos vivendo o dia a dia da comunidade mágica. São mundos separados.
Na magia urbana, os seres mágicos são totalmente integrados na sociedade não mágica. Não existe essa linha divisória. O problema das gangues de Chicago pode não ser só extorsão e tráfico de drogas, mas um surto de transformações em lobisomem.
E assim, isso traz uma perspectiva que eu considero muito interessante, que é a nossa percepção da realidade. Na construção de mundo da série de livros Dresden Files não existe uma organização responsável por proteger o segredo da magia, como um ministério da magia, as pessoas é que normalmente não acreditam em magia. Inclusive, o personagem principal é muitas vezes ridicularizado como o “doidinho ali que se chama de bruxo”.
A magia existe, só que muitas pessoas não querem acreditar, e é por isso que os seres mágicos não precisam nem se esconder, as próprias pessoas não mágicas é que fazem questão de não as ver. Se você quiser ser um pouco criativo, tu pode ver uma crítica aí, né? Mas confesso que essa crítica tá bem no subtexto. Ou pode ser só a minha interpretação também, mas fica essa semente de ideia.
Mas dito isso tudo, o livro na real é sobre o que? Bom, nós acompanhamos o livro da perspectiva do Harry Dresden, bruxo profissional. Ele ganha a vida como assessor especial da polícia para casos estranhos. Ou como investigador particular de casos fantásticos. O que aparecer primeiro. Porque a vida, mesmo para um bruxo, não tá fácil. O bicho tá sempre pegado de grana.
Ele é o proletário médio da magia. Eu gostei bastante dessa pegada, porque traz umas dificuldades adicionais pro personagem. Ele vive numa cidade cara (Chicago) e tem que se virar pra pagar as contas. Ele basicamente pega qualquer coisa que aparece na frente dele.
O livro começa mesmo quando um caso dele como investigador particular acaba cruzando com um caso de homicídio, aí o livro entra numa pegada muito de série policial americana.
Não sei se você já viu The Mentalist, mas vendo as datas de lançamento, é basicamente impossível que a série não tenha inspirações no livro. O Harry acompanha uma policial que pede a ajuda dele com o caso de uma pessoa que teve o coração explodido, aparentemente, de dentro pra fora. E eles tem muito daquela dinâmica de “eu sou a policial cética, mas vai lá que eu já não sei mais o que tentar”. Ele identifica que aquilo na real foi magia das brabas e que quem fez isso é muito mais perigoso do que um assassino médio.
A partir daí o livro vira uma caçada para achar o assassino antes que ele volte a matar mais gente, só que com uma mistura muito boa de porradaria fantástica e tiroteio.
A forma como a magia é trabalhada no livro é MUITO boa. Eles não têm muito esse apelo visual de magia (dãããã é um livro, não tem como ter apelo visual…). Deixa eu explicar melhor, voltando pra H.P., a magia lá vem sempre acompanhada de um flash de luz, uma transformação instantânea, uma vassoura voando. A magia em Storm Front (e nos outros já 17 livros da série) é uma coisa mais subjetiva. Um ritual, uma combinação de itens mundanos que ativam um efeito, uma poção feita com coca-cola e gengibre.
Chegando agora no fim, recomendo muito para todos os fãs de fantasia. É bom sair um pouco do high fantasy e se conectar com a realidade à nossa volta.
Ah, eu quase ia esquecendo, existe um conto que se passa no mesmo universo, que está dentro da coletânea Mulheres Perigosas, organizada por ninguém mais ninguém menos do que o G. R. R. Martin. Ele tem tradução para o português e é muito bom. Dá uma ideia muito boa do universo como um todo. Vale a pena dar um confere.