Essa resenha é uma parceria do Portal Deviante com a Cia da Letras, que disponibiliza livros do seu catálogo para os nossos redatores escreverem as resenhas. Livro de hoje:Aprendiz de Assassino

É assim que o Jedi deveriam usar a força! Foi a frase que eu pensei logo depois de terminar esse livro. Mas calma ai, Jedi? Força? Gol prata? Mariah Carey? (Se você pegou essas últimas duas referências comenta aqui embaixo por favor!!!!) Não era um livro de fantasia medieval? Como você chegou nisso? Calma que eu explico, bora lá!

Primeiro vamos começar do começo. O livro é sim uma fantasia medieval. Narração em primeira pessoa, discursando sempre no passado. Um modelo já MUITO utilizado. Isso pra mim não é uma questão, mas se você tá procurando inovação narrativa, não é o livro pra você. O livro começa a saga do Fitz, uma pessoa que vai causar ALTAS CONFUSÕES, mas que nesse primeiro livro só é narrado o período da infância dele.

O Fitz começa o livro de um jeito CURIOSO, ele é o bastardo do príncipe herdeiro do reino maior (esquema padrão, um rei que controla outros reinos menores), ele é abandonado pelo avô em um posto avançado do reino com a mensagem singela de: “ – Então, sabe o príncipe herdeiro, que é visto por todo mundo como o melhor de todos, sábio, honrado, NED STARK? Então, ele engravidou minha filha e gerou esse bastardo aqui. Não tenho mais como sustentar. Entrega pro pai. Beijo na família, passar bem!”

Isso já abala as estruturas do poder, porque, bom, se você já tem um background de fantasia medieval sabe o trabalhão que isso gera. E logo ele se vê sendo criado pelo homem de confiança do príncipe herdeiro. Eu não vou me estender muito aqui no plot. Mas basicamente ele cresce como ajudante desse homem de confiança. Até que vem o chamado da aventura. O rei decide fazer dele o próximo assassino da realeza. E é ai que o livro engrena mesmo.

Uma coisa que eu curti muito no livro, foi o sistema mágico dele. São apresentadas três formas básicas de magia, que são muito bem utilizadas no livro. A primeira é o Talento, é aquela que eu mencionei lá em cima. Ela é MUITO parecida conceitualmente com a Força de Star Wars, é uma habilidade que se manifesta em poucas pessoas, uma habilidade essencialmente sobre entrar em conexão com outros seres humanos. Os usuários podem se comunicar telepaticamente, confundir a mente das pessoas, usar um “force push” moderado entre outras coisinhas.

Tem também a Manha, que é a habilidade de se conectar com animais. Os usuários podem se conectar com animais no nível mais profundo e usar essa conexão para compartilhar sentidos e emoções. Não é explicada muito mais que isso, mas o mais interessante é que ela é vista como uma habilidade “errada”, os usuários são considerados “menos que humanos”, ao contrários de outros universos onde essas habilidades normalmente são invejadas, nesse os usuários tem que esconder que possuem essa habilidade.

A outra é uma que não foi explicada nesse livro, mas aparentemente não é relacionada com nenhuma das duas anteriores e deve ser um mistério só resolvido nos próximos livros.

Melhor do que um sistema bem construído é o uso que a autora deu pra ele, os usuários de talento do livro, utilizam ele de forma muito mais intensa do que os usuários da força de Star Wars, a habilidade de conexão telepática é uma habilidade muito pouco explorada na maioria das vezes em que ela é inserida no universo. E eu considerei que a autora fez um uso muito melhor que a maioria faz dessa habilidade.

Outro ponto alto do livro é que não existe uma super guilda secreta de assassinos. Esse conceito sempre me deixa intrigado, vários livros que tratam desse tema acabam indo por esse lado, e eu sempre penso que não faz muito sentido. Nada que tenha muita gente e uma base fixa fica secreto por muito tempo. E a própria ideia de um “centro de treinamento” de assassinos, sempre soa muito inconsistente com o resto da construção do mundo. O Fitz é treinado para ser o assassino do rei pela pessoa que atualmente ocupa essa função e basicamente só tem eles dois. Ele foca bastante que é da natureza da “função” que quase ninguém saiba sequer que eles existam.

No conjunto é um excelente livro de introdução de universo. Construiu bem as bases de uma história que ainda tem muito potencial. Se você é um fã de fantasia medieval é total um livro para você botar na sua coleção. E também é um bom livro para quem quer se aventurar no tema. É pequeno e rápido de ler. Traz uma história bem amarrada e um universo bem construído sem a necessidade de um milhão de personagem e sub plots. Traz uma história bem linear e até um pouco previsível, mas que não perde a qualidade por isso.