Em 21 de janeiro de 1861 nasceu em Porto Alegre o futuro Padre Roberto Landell de Moura. Na semana passada completou-se 155 anos do seu nascimento.
No Brasil, ele é tido como o inventor da comunicação por fonia pelas ondas de rádio. Mas peraê, não foi o italiano Marconi quem descobriu isso? Aparentemente não… Marconi conseguiu transmitir sinais (Di e Dah – sinais telegráficos) pelo “éter”, mas Landell de Moura quem conseguiu transmitir pela primeira vez a voz humana.
Fazendo uma analogia, como Santos Dumont é chamado de pai da aviação, o Brasil defende que o gaúcho seja reconhecido como inventor do rádio. Em 3 de junho de 1900, o Padre conseguiu Isso aconteceu em 3 de junho de 1900, quando ele transmitiu sinais de fonia via ondas de rádio do Colégio do Santana até a Avenida Paulista (Marconi transmitiu sinais Di e Dah entre a Terra Nova e Inglaterra somente em 1901).
A patente brasileira do “aparelho destinado à transmissão fonética à distância, com fio e sem fio através do espaço, da terra e do elemento aquoso” foi conseguida em março de 1901 e 24 anos depois desse experimento, entrou no ar a Rádio Bandeirantes, como parte do processo de modernização da Cidade de São Paulo.
Apesar desse feito inédito, o cientista nunca teve o merecido reconhecimento da imprensa nem do governo. Ele tentou por várias vezes e com muito custo financeiro e pessoal registrar as patentes dos seus inventos nos Estados Unidos, apesar disso em 1904 conseguiu três patentes americanas dos seus experimentos.
Porque então Marconi quem ficou famoso e levou o crédito das radiocomunicações? Bom, ele conseguiu colocar seus equipamentos em navios da marinha mercante e da esquadra Italiana e assim conseguiu disseminar a utilização da comunicação sem fio (mesmo através de sinais de telegrafia). Marconi só consegui a fonia via rádio em 1914. Do contrário, ao voltar dos EUA com as patentes o padre solicitou ao Presidente da República, dois navios para demonstrar seus inventos (transmissão de voz em qualquer distância). Um oficial da presidência achando que o padre era louco aconselhou negar o pedido. É ou não é para ter orgulho desses políticos?
E onde entra o pacto com o Capiroto nessa história toda? Bom, o pessoal não via com bons olhos um padre que dizia que poderia falar com outros planetas. Além disso, ele fez uma demonstração de um telefone sem fio para o bispo de São Paulo em meados de 1890. O bispo ficou tão perturbado com as “vozes que vinham de nenhum lugar” que teria qualificado o aparelho como obra do demônio e proibido o padre de continuar seus experimentos.
Mas a cereja do bolo foi no dia do experimento de transmissão entre o Colégio Santana e a Avenida Paulista (em 1900). Um grupo de fiéis ensandecidos que acreditavam ser ele um padre que se comunicava com o demônio invadiu seu laboratório e destruiu todos os seus equipamentos…
Fontes:
Hamilton Almeida. 2006. Padre Landell de Moura. Um herói sem glória. Editora Record, 319p.