Quem nunca se questionou sobre o avanço da tecnologia? Seja para o desenvolvimento da indústria, dos transportes, da informatização ou simplesmente para aumentar o nosso conforto e bem-estar. É impossível não perceber que a tecnologia, em todos os âmbitos da nossa vida, está evoluindo cada vez mais rápido, o que justifica a afirmação que aprendemos naquelas aulas de Geografia: “O mundo se desenvolve de maneira exponencial”.

Quer exemplos? Veja a indústria fonográfica. Para ouvir música, nossos avós sofriam com discos de vinil. Nossos pais, por sua vez, tinham de se contentar em gravar algumas poucas músicas naquelas coisas estranhas, que ficaram conhecidas como disquetes. Dependendo de sua idade, você pode até ter passado pela época dos CDs, mas aposto que já não vai para o colégio ou trabalho com um walkman ou discman pendurado no bolso. Chegamos às mídias digitais, com suas capacidades de armazenamento de centenas (até milhares) de músicas em um simples cartãozinho.

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Comparação cartões de memória 2005 (128 mb) e 2014 (128 gb)

Não é à toa que esse simples dispositivo que você usa para ouvir rádio/músicas/podcasts nos transportes coletivos possui maior capacidade de processamento do que os sistemas computacionais que levaram o homem à Lua, nos idos dos anos 60 e 70. É incrível como a tecnologia se reinventa a cada dia em ritmo cada vez mais frenético. Com a indústria do entretenimento não é diferente.

Os gamers de plantão com certeza vão lembrar que, há dez anos no máximo, ainda tínhamos que lidar com toda aquela parafernália de fios e mais fios para controlar os jogos; aqueles cartões de memória imensos, que nem sequer tinham grande capacidade de armazenamento; dentre outras coisinhas um tanto que inconvenientes. Isso sem falar das gerações de videogames que divertiam os mais velhos, algo que atualmente já está totalmente obsoleto, mas nem por isso menos divertido.

Comparando com os consoles atuais, fica até estranho lembrar-se dessas épocas, como se tivesse sido há mil anos. Hoje já não temos memory cards grandes, já não precisamos de metros de fios para controlar os joysticks. Pelo contrário, com os sensores cada vez mais potentes, nossos próprios corpos tornaram-se controles. E a tendência disso, como sempre, é evoluir mais e mais. Daqui a pouco já teremos dispositivos como o Oculus Rift e o Gear VR em todas as caixas de videogames novos, e vamos achar que o que temos hoje é ultrapassado.

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Óculos de realidade virtual

Uma dessas próximas inovações está sendo pensada por um grupo de pesquisadores do Institute for Creative Technologies. O objetivo é permitir uma imersão entre jogador e jogo até então nunca feita. Eles querem que o jogador projete suas próprias características (expressões faciais, medidas do corpo, voz) para dentro do jogo. Em termos de personalização de personagens, tudo o que podemos fazer ainda é escolher entre algumas características predefinidas. Qual é o fã de jogos de futebol que nunca tentou criar um jogador segundo suas características? No entanto, como tudo ainda era relativamente limitado, os resultados – na maioria das vezes – poderiam ser um tanto quanto frustrantes. É o que promete mudar este projeto do ICT.

O projeto envolve o lançamento de um kit de ferramentas livres que permitirá ao jogador a digitalização de suas características, segundo o instituto, em apenas quatro minutos.

O kit conta com o bom e (nem tão) velho Kinect, que teria a função de digitalizar o jogador em um alto grau de detalhamento, além de alguns softwares, que assumiriam funções específicas, como o próprio software de digitalização, o de conversão de modelos em três dimensões para o jogo e o de simulação, chamado de SmartBody.

Este último fornece ao jogador uma variedade de animações prontas. Você pode executar ações, interagir com objetos do jogo, dublar as vozes e até mesmo realizar comportamentos não verbais, como gestos por exemplo. Segundo o instituto, mais expressões faciais complexas estão a caminho.

     “Nós estamos dando a todos a capacidade de digitalizar e animar-se de graça”, disse Ari Shapiro, um dos idealizadores do projeto. Segundo ele, a equipe está interessada em manter o projeto em domínio público.

“Nós estamos tentando promover a inovação. Estamos oferecendo ferramentas e softwares que, sem qualquer tipo de experiência, permitem que você crie e anime uma versão em 3D de si mesmo em apenas quatro minutos”.

Jogos que permitem ao jogador criar personagens estão cada vez mais populares. É o caso, por exemplo, de Fallout 4 e Skyrim. Estes jogos oferecem a quem está jogando, a escolha entre rostos pré-selecionados, sexo e tons de pele. Mas porque preocupar-se com a personalização de um personagem a este nível? Shapiro acredita que existem diversos tipos de motivações sociais que impulsionam a isso.

“Ter um avatar personalizado comunica identidade para os outros jogadores a seu redor, além de afetar a forma como as pessoas experimentam cada jogo”.

Ele e sua equipe pesquisam se as pessoas tomam decisões diferentes ou têm diferentes reações emocionais quando jogam um jogo com um avatar personalizado. Por exemplo, se algo de ruim acontecer ao seu personagem no jogo, será que as pessoas vão passar a se dedicar mais a ele?

     “Eu posso ver uma revolução na interação social usando seu próprio avatar 3D como um meio de comunicação. Um avatar 3D de si mesmo poderia fornecer a complexidade do mundo real em cenários virtuais”.

Será este o próximo nível de evolução e jogabilidade dos videogames?