No Japão, o final do inverno é marcado pela época de floração das sakura, flor da cerejeira. Por todo lado é uma explosão de flores brancas e rosadas, nas ruas, nos produtos comerciais, na mídia. É fácil entender por que ela se tornou a flor símbolo do país.
No Brasil, temos os ipês, que se enchem de flores e colorem a paisagem, por vezes com cores muito vibrantes e contrastantes: amarelo, roxo, branco, e rosa, cujas árvores podem chegar a admiráveis 35 metros de altura.
Além da sua beleza, são árvores muito resistentes. Uma pesquisa observou que as espécies de cerrado se adaptaram ao clima árido, com genes que favorecem o crescimento das raízes e resistência aos estresses da seca e sol forte.
Assim, o ipê é considerado a árvore símbolo do Brasil.
Porém, já houve uma outra espécie de planta que ocupou essa posição.
Na época do Brasil Colonial, os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II tinham como favorita a espécie chamada guapeba, também conhecida como marmeleiro do mato, ou árvore do imperador. Inclusive seus frutos, doces e suculentos, eram apreciados e chamados de “fruto do imperador”.
A guapeba também era muito apreciada por sua beleza. Em 1935, o botânico belga Jean Jules Linden, que pesquisava espécies nativas, a elegeu como uma das mais belas espécies da flora brasileira. D. Pedro II gostava de presentear com exemplares da planta, que se tornou popular na realeza e ganhou prêmios em exposições na Europa.
A árvore, que pode chegar a 30 metros de altura, pertence à família das sapotáceas, mesma do sapotizeiro, cujo fruto (sapoti) é popular principalmente nas regiões norte e nordeste.
Infelizmente, a guapeba é considerada hoje uma espécie em extinção. Exclusiva da mata atlântica, ocorrendo em florestas pluviais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, atualmente menos de 50 indivíduos se encontram na natureza. Seus exemplares foram rapidamente derrubados ao final do Império, quando os militares tomaram o poder e a consideraram um símbolo do Imperador. Além disso, sua madeira também foi muito explorada para construção naval no Segundo Império. O desmatamento para criação de pastos também teve sua parte na diminuição da mata nativa.
Além disso, uma outra espécie também sofre com o desaparecimento das guapebas, o Muriqui do norte, primata que se alimenta dos frutos do imperador, e também se encontra ameaçado de extinção.
Algumas iniciativas de conservação ambiental têm plantado mudas de guapeba na esperança de recuperar a espécie. Seu cultivo é fácil e ela pode crescer em meia sombra ou pleno sol, necessitando “apenas” de um solo rico em matéria orgânica.
Referência:
Espécies arbóreas brasileiras – Guapeva – publicação de Paulo Ernani Ramalho Carvalho/ Embrapa, 2003