A aporofobia é uma realidade no Brasil atual, e as pessoas que não dispõem de recursos, são cada vez mais relegadas à margem, não tendo direito a exercer suas necessidades mais básicas, como o direito à saúde, que no meio de uma pandemia global, é ainda mais importante e necessário.
Ela significa o desprezo pelo pobre, uma repulsão. As manifestações aporofóbicas eventualmente ganham destaque na mídia, como em casos extremos de perseguições e até morte de mendigos, moradores de rua e, ainda, de imigrantes.
O desprezo aos hipossuficientes tem origem no preconceito contra aqueles que não participam da lógica de troca da sociedade atual, e assim, com base no discurso preconceituoso, tornam-se indesejáveis. Isso cria a necessidade de excluir essas pessoas do debate e discurso público.
Essas populações que vivem à margem, já estão em desvantagem com as pessoas que detêm o capital. Porém, frente ao preconceito, são colocadas ainda mais em posição de desvantagem. São indivíduos que não têm o mínimo para se manter, e sua dignidade está se esvaindo.
O que vem ocorrendo no Brasil ao longo dos últimos anos é a prova de uma tentativa de suprimir os direitos sociais, como as reformas trabalhistas de 2017 e a previdenciária de 2019. Sem contar todas as políticas públicas que sofreram com o desmonte ocorrido no último mandato presidencial.
No Chile, por exemplo, em que reformas semelhantes foram aprovadas há alguns anos, as consequências são presenciadas atualmente, quando a população precisa se mobilizar e ir às ruas para exigir que os serviços públicos tenham alcance a todos.
Vários programas sociais e também maneiras de atenuar as desigualdades sociais, são hoje questionados por uma narrativa elitista que busca tornar a sociedade pacifica apenas para os detentores do capital.
A justiça social inerente as questões sociais retratam uma ideia de consolidação de direitos, aqueles direitos fundamentais que estão descritos na Constituição Federal, como invioláveis, mas que, por diversas vezes, são relativizados.
Para que a aporofobia deixe de existir, fica clara a essencial presença do Estado para garantir o acesso amplo a políticas públicas, a fim de efetivar os direitos humanos, e assim buscar enfrentar as desigualdades.