Esse texto faz parte de uma série chamada:
ELEMENTOS QUIMICOS QUE NINGUÉM SE IMPORTA E ONDE HABITAM
Como ele foi planejado para ser serializado mesmo, é interessante que você leia os outros.
Para ler, você pode clicar aqui!
Vamos lá!
Chegou a vez do Tório! Apesar de o símbolo dele ser o Th, em português ele se escreve sem esse H aí mesmo. O Tório é um elemento da família dos Actinídeos, e já mal começou o texto e eu vou fazer um:
CORTE RÁPIDO.
Só aqui como curiosidade mesmo, tu sabe porque esse grupo de elementos são chamados de actinídeos? A explicação é bem boba, mas é porque eles vêm depois do elemento actinídeo (Ac) na tabela periódica, além do que eles formam um grupo especial na tabela. Fora que todos eles possuem isótopos radioativos, dentre outras características comuns. Então tu já sabe, né? Se te falarem pra tu ir ali no armário pegar um pouco de actinídeos, é melhor tu usar uma roupa REFORÇADA!
FIM DO CORTE RÁPIDO.
Mas calma lá então,
quer dizer que ele é radioativo? Ele é daqueles que fazem bomba? Sim e não. EM TEORIA, daria pra fazer uma “bomba atómica” de Tório, mas é aquilo né? É financeiramente não favorável, e por mais que a sanha por destruição da humanidade seja enorme, o capitalismo tá aí pra mostrar que até os projetos de destruição mundial têm que ser economicamente viáveis, né? (Contém ironia)
Bom, já tiramos o elefante da sala, não dá pra sair explodindo tório por aí. E o uso pacifico da energia nuclear? Ao invés de bombas, podemos usar Tório pra gerar energia? E aí que está o tcham da parada. Podemos sim! Ahhh, então porque não temos usinas nucleares de Tório rodando ainda? Bom, tem a questão das bombas, né? A tecnologia do uranio foi desenvolvida muito em função dessa dualidade entre a produção de energia e a capacidade bélica.
A diferença de tecnologia
entre a capacidade de produzir uranio para produção de energia e para produção de armas é mais uma questão de escala do que qualquer outra coisa, então se fez muito mais investimentos na produção de uma fonte de energia que, no ruim, tu pode escalar pra produção bélica.
Mas, geopolítica à parte, vamos voltar à estrela da noite, o tório. Como eu disse antes, é possível usar ele como “combustível”, e alguns reatores de tório já foram produzidos no mundo. Esses reatores são bem engenhosos.
A ideia é que o Tório, através de algumas reações radioativas, pode virar Uranio 233, que pode ser usado como combustível nas células nucleares de geração de energia, isso faz com que o ciclo do Tório seja em parte convertido para o uranio, que é o “verdadeiro” combustível das células. E, bom, isso tem algumas vantagens, primeiro que uranio 233 é um uranio com decaimento mais rápido (O Uranio 235, que é o normalmente utilizado, tem uma meia vida de 703,8 milhões de anos, o U233 tem uma meia vida de 160 mil anos), então o potencial de “estrago” dele é menor em caso de vazamentos.
Outro ponto importante é que o Tório é muito mais abundante no nosso planeta do que o uranio 238 (que é o encontro naturalmente nos minérios), muitos países possuem largas reservas de tório dentro do seu território e a sua extração não é tão difícil também.
E eu falei esse tanto
pra no final concluir que os reatores de Tório não se tornaram uma realidade não somente por motivos “““““técnicos””””” (até porque também têm suas desvantagens), mas grande parte do motivo foi politico. Hoje em dia existe, conhecidamente, pelo menos um reator que utiliza o ciclo do Tório para a produção de energia.
O KAMANI é um projeto Indiano que ainda é considerado experimental, apesar de ser funcional (ou seja, atingiu a criticidade). E hora vejam só, a India possui LARGAS reservas de Tório no seu território, então faz bastante sentido pesquisar ele como fonte de energia né?
E é só pra isso que serve?
NADA RAPÁ! Ainda existe alguns outros bons usos comerciais para explorar.
O Tório é particularmente importante na fabricação das ligas de magnésio, as famigeradas ligas leves. Existe toda uma classe de ligas de magnésio-tório conhecidas como Mag-Thor (Nome MANEIRÍSSIMO, NÉ? Tu tiraria muita onda chegando com um carro e mandando um “ai, as rodas é tudo de mag-thor mané glé glé glé!!!!”).
Essas ligas são utilizadas na indústria aeroespacial. Elas possuem, além de uma elevada resistência específica, uma elevada resistência a fluência (elas sofrem pouca perda de propriedades em temperaturas elevadas). Isso fez com que alguns foguetes (sejam eles bélicos ou não) utilizassem muitos componentes com essa classe de ligas.
Mas num é radioativo o amigo?
Como que faz? ENTÃO, esse é um dos problemas dessas ligas, elas necessitam de um cuidado muito alto na produção, porque além das ligas em si serem radioativas, mesmo que em níveis bem baixos, o Tório ainda faz com que muitas delas sejam levemente pirofóricas (elas entram em combustão em contato com o ar/água) é por isso que elas não são de uso mais abrangente dentro da indústria aeroespacial, elas só podem ser usadas em situações muito especificas, em que essas dificuldades na utilização são superadas pelas vantagens em termos de propriedades que elas apresentam.
Um exemplo muito bom é que elas seriam ótimas como base dos escudos térmicos que revestem naves espaciais, essa característica de fluência delas é especialmente relevante nessa aplicação, mas aí você adicionaria radiação aos astronautas que já estão submetidos a alta carga de radiação do espaço. A vantagem de aplicação não supera a desvantagem de você expor seres humanos a mais radiação do que o necessário, então são usadas outras ligas.
Por enquanto vamos ficando por aqui, mas eu aceito sugestões de outros materiais que você por ventura gostaria de entender um pouco mais! Só deixar aqui nos comentários.