Esse texto faz parte de uma série chamada:
ELEMENTOS QUÍMICOS QUE NINGUÉM SE IMPORTA E ONDE HABITAM!
Como ele foi planejado para ser serializado mesmo, é interessante que você leia os outros.
Para ler, você pode clicar aqui e aqui!
Vamos lá!
Chegou a vez do Praseodímio!
Vamos começar com um pequeno apanhado histórico. Lá em 1841 um camarada chamado Carl Gustaf Mosander tava olhando umas pedrinhas que ele nunca tinha visto e pensou: Nossa, que terra rara! (Bá Dum Tass!) Será que ela é diferente de todas as outras que eu conheço? E era mesmo!
Após muito estudo ele chegou à conclusão de que aquelas pedrinhas eram um mineral de um elemento novo, que ele chamou de “didímio”. Acontece que, naquele tempo, a evolução do saber científico andava BEM mais devagar, e ele não viveu tempo suficiente pra descobrir que na verdade o “didímio” era dois elementos que ocorriam juntos, o praseodímio e neodímio.
POIS BEM,
ele trabalhou bastante tempo com esse material pensando que era um material só, tanto que algumas aplicações hoje em dia ainda usam o “didímio” como base do processo, e não só um dos dois elementos. Mas vamos lá, a estrela da noite é o praseodímio, o neodímio vai vir num texto futuro (junto com a explicação do porquê de tantos elementos terminados em ímio…).
Você pode até não saber, mas ele é um elemento bem presente no nosso dia a dia. Isso porque ele é um dos componentes da liga que chamamos de milchmetal ou a vulgarmente conhecida, pedra de isqueiro! Sim, todo isqueiro bic tem na sua composição um pouco de praseodímio. Não só isqueiros, mas todo componente que tenha que produzir fagulhas por atrito vai normalmente usar milchmetal. Essa liga (aprox. 65% Milchmetal e 35% Ferro) já é utilizada a mais de 100 anos!
Outro alemão chamado Carl,
dessa vez o Carl Auer von Welsbach, que estudava a família de elementos a que pertence o praseodímio, os Lantanideos, percebeu as excelentes propriedades dessa mistura de materiais. Eles têm uma dureza baixa, porém rigidez não tão baixa, formando assim uma excelente fonte de fagulhas.
O Milchmetal em si também é muito utilizado na produção de diversos outros produtos de terras raras, ele é um excelente intermediário para a concentração de diversos outros elementos, sendo muito utilizado nos processos metalúrgicos de concentração de outros elementos.
Mas só de pedra de isqueiro vive a economia do praseodímio?
Na na ni na não! Eles ainda têm um outro uso bem grande na produção de lâmpadas. Ele é usado na fabricação do núcleo de um tipo de lâmpada antiga, as lâmpadas de arco voltaico. Esse tipo de lâmpada foi muito utilizado, principalmente em cinemas antes da era digital, porém devido ao alto custo de manutenção elas gradualmente foram substituídas por outros tipos.
O praseodímio era um dos elementos que formavam o núcleo de carbono das lâmpadas. Ajudava a dar estabilidade e maior tempo de utilização dessas. Apesar dessa tecnologia já ser ultrapassada, ela ainda é presente em diversas salas de cinemas pelo mundo, seja por uma questão de querer uma sensação retrô, ou de falta de investimento nas novas técnicas. O fato é que ainda existe mercado para essas lâmpadas.
Há também uma aplicação forte no uso nas lentes especiais para filtrar alta luminosidade. Não sei se você já viu alguém soldando, mas como o processo de solda libera um luminosidade muito intensa, o soldador tem que usar um capacete com uma lente especial que filtra quase toda a luz, mas como o processo emite MUITA luz, você ainda consegue enxergar. O problema é que quando o processo para, você não enxerga mais nada, porque a lente bloqueia toda a luz natural do ambiente.
Isso é um problema operacional para os soldadores,
mas graças ao praseodímio isso foi resolvido. Quando usado na fabricação do vidro das lentes, elas ficam com uma propriedade de filtrar a luminosidade nociva aos olhos humanos, mas não filtrar a luminosidade ambiente. Essas lentes não são feitas para trabalhar especificamente com soldagem, porque existem soluções melhores para essa prática, elas são mais utilizadas em ambientes com grandes fontes de calor e luminosidade, como a fabricação de vidro em si. Mas é um excelente paralelo!
Bom, o texto de hoje vai ficando por aqui. Quantos usos diferentes tem esse elemento que você provavelmente nem na escola viu, né? Até a próxima!