Considerado um método contraceptivo de emergência, a pílula do dia seguinte ou pílula do dia D possui Levonorgestrel, um progestogênio totalmente sintético utilizado em contraceptivos hormonais. É utilizada para evitar uma possível gravidez em casos em que a camisinha rasgue; quando há esquecimento de anticoncepcional; em relações sem preservativo e em casos de violência sexual.

Ao contrário do que o nome sugere, a pílula do dia seguinte deve ser utilizada o mais próximo possível após o fim da relação sexual pois ela tem maior taxa de efetividade nas primeiras 24 horas. Contudo, ainda pode ser utilizada até 72 horas (3 dias) depois da relação sexual.

A pílula possui alguns mecanismos para evitar a gravidez. Ela age principalmente atrasando a ovulação, que é a fase do ciclo menstrual em que é possível engravidar. Além disso, a pílula deixa o muco cervical mais espesso dificultando a movimentação do espermatozoide até o óvulo; também deixa o endométrio, que é a camada interna do útero, pouco receptiva para uma possível gestação.

Não, esse método não contraceptivo não é abortivo. Caso fosse, não seria legalizado aqui no Brasil. A pílula age para impedir a formação do embrião, mas, caso já exista a gestação, ela não é capaz de interromper e nem causar má formação. Inclusive, o SUS também disponibiliza a pílula de forma gratuita nos postos de saúde e seu acesso é muito fácil em farmácias: não precisa de receita e custa por volta de 16 reais. Apesar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recomendar a venda da pílula com prescrição médica, ela não é obrigatória. O que acaba a deixando mais popular, já que aqui no Brasil é muito comum a automedicação.

Existe a pílula do dia D com uma e com duas doses. A dosagem final é igual, a diferença é que ela é dividida em duas vezes. De forma geral, recomenda-se que a pessoa tome a de apenas uma dosagem, mas por precaução para que não esqueça de tomar a segunda dosagem que é feita em 12 horas. As duas formas têm a mesma eficácia, mas vale lembrar que nenhuma protege contra IST (Infecções sexualmente transmissíveis).

Apesar do fácil acesso, ela não deve ser utilizada com frequência! Ainda não se sabe ao certo as consequências do uso indiscriminado da pílula ao longo dos anos. Recomenda-se o uso de, no máximo, duas vezes ao ano. A dosagem de hormônios dessa pílula é bem alta e, como cada organismo é único, não dá para saber o quanto cada um suporta essas dosagens sem grandes danos. Assim como os anticoncepcionais hormonais, a pílula do dia D também pode trazer alguns efeitos colaterais, tais como: diarreia, dores de cabeça, náuseas, vômitos, alterações transitórias no ciclo menstrual e sangramentos de escape.

Recomenda-se que para um prazo mínimo e seguro, seja feito um intervalo de 30 dias para utilizar uma nova pílula – lembrando que é importante ter certeza que não há chances de já estar grávida. Em casos em que a pessoa precise tomar a pílula em curtos períodos ou mais de duas vezes ao ano, é importantíssimo rever o método contraceptivo principal, porque além dos efeitos no corpo e na saúde, ela também pode reduzir sua eficácia. Existem outras opções de métodos até mais eficazes que a pílula do dia D e os efeitos colaterais são menores ou não existem, como no caso da camisinha.

Além disso, como acontece com anticoncepcionais hormonais, algumas mulheres devem evitar tomar a pílula por questão de saúde, principalmente as que têm insuficiência hepática e histórico familiar de trombose, por exemplo. Consultar o médico antes de utilizar qualquer método hormonal, nesses casos, é essencial.

Antes de utilizar uma pílula de emergência, é essencial que se tenha informações básicas sobre o assunto, para que a eficácia não seja diminuída e que não haja danos à saúde. Segue alguns exemplos:

– Não é porque usou a pílula no mês que está segura durante todo o resto das semanas;

– Mesmo utilizando corretamente, ainda há chances de não funcionar;

– Se a mulher estiver amamentando, deve consultar o médico;

– Caso a mulher deseje retomar ou começar um novo anticoncepcional hormonal após a pílula do dia D, o ideal é que espere a menstruação vir e só assim comece a tomar. Como um dos mecanismos é adiar a ovulação, a menstruação pode vir em data diferente do mês anterior;

– A combinação da pílula com outros medicamentos deve ser avaliada junto com o médico, como antibióticos e remédios de uso psiquiátrico;

– Após tomar a pílula, para saber se está grávida ou não é preciso esperar a menstruação ou faz um teste de gravidez, ou exame Beta HCG quantitativo, com os dias recomendados que normalmente são de 10 a 14 dias após a última relação;

– A pílula não causa infertilidade.

Existem muitos pontos a serem debatidos e repassados sobre esse método contraceptivo. Infelizmente em muitos casos ainda falta informação tanto para as pessoas que utilizam quanto para os profissionais da saúde. Informação é sempre importante! Por exemplo, falando em métodos de emergência, muita gente acha que só existe essa pílula, mas não é bem assim! O DIU de cobre também é uma forma eficaz de contracepção de emergência e é totalmente livre de hormônios, além de poder manter ele por até 10 anos.

O DIU de cobre funciona como contracepção de emergência se for inserido até 5 dias após a ovulação. Como a maioria não sabe ao certo seu dia de ovulação, normalmente indica-se fazer a inserção até 5 dias após a relação sexual. Vamos falar mais sobre esse método no próximo artigo, combinado?

Quanto mais informação, mais você pode cuidar da sua saúde, seu planejamento reprodutivo, defender e cobrar seus direitos. Precisamos ressaltar que essa pílula ainda uma alternativa que diminuem as taxas de gravidez não planejada. Ela é de grande valia na nossa sociedade, como mais uma opção de contracepção. Ela promove ainda mais a autonomia das mulheres!

Através da Educação Sexual é possível informar mais pessoas a respeito do uso correto, diminuindo as taxas de falha, consequentemente evitando mais casos de gravidez não planejada. Além de ser importante informar sobre os efeitos que ela pode trazer para o corpo e que cada pessoa saiba até que ponto está dentro do normal e do esperado.

 

REFERÊNCIA:

HALFI, I. A., PENTEADO, C.V.S., CHEN, M. Riscos associados ao uso consecutivo de método contraceptivo de emergência e mapeamento do consumo em Foz do Iguaçu-PR. Braz. J. Hea. Rev,Curitiba, v. 3, n. 6, p.18864-18877. nov./dez.2020.