Eu sempre tive muita curiosidade sobre o que significava “espaço público” dentro de uma perspectiva da sociedade. Sendo assim, muitas vezes passei próximo de prédios do funcionalismo público em São Paulo e ficava muito curioso pra saber o que tinha lá dentro.
Um dos prédios mais presentes na vida do paulistano médio que circula o centro de São Paulo é a Câmara Municipal, que fica no Viaduto Jacareí, pertinho do Terminal Bandeira. Sua estrutura é imponente e possui uma entrada muito convidativa. Sempre achei muito interessante a proximidade que essa instituição tem com o fervo do centro, mas nunca me aprofundei em como funcionava para conhecer lá dentro. Até o ano passado.
Faço parte de duas ONGs que trabalham em promoção da saúde em comunidades periféricas e para pessoas em situação de rua. Uma delas, o Amigos da Saúde, tem um organizador que possui muito contato com diversos operadores do sistema político paulista, por isso, nossa ONG é convidada com certa frequência para eventos, principalmente nestes prédios públicos.
Com isso, pude conhecer por dentro como são os lugares onde reside o poder público. Meu objetivo aqui é dar meu relato para que você, meu querido leitor, se sinta instigado e queira conhecer também esses polos, seja em São Paulo, seja na sua própria cidade.
Câmara Municipal de São Paulo
O primeiro local que visitei foi a Câmara Municipal de São Paulo, com a qual iniciei este texto.
A Câmara é o local onde ficam os vereadores da capital, sendo eles a expressão do Poder Legislativo mais próxima da população. Essa afirmação é tão real que, recorrentemente, vi pessoas que possuíam muito contato social serem denominadas como “vereadoras”.
De qualquer forma, o prédio é muito grande, muito maior do que parece pelo lado de fora, com muitas salas, auditórios e gabinetes de vereadores. Na entrada, uma parede de mármore gravada com muitos nomes, alguns até conhecidos por quem deu uma atenção nas aulas de história.
O evento para qual fomos convidados consistia em uma solenidade de formatura de bombeiros civis, onde foram divulgadas muitas pautas que essa classe de trabalhadores demandava. O auditório onde foi realizado o evento se chamava Salão Nobre Presidente João Brasil Vita, era muito bonito, com muitas pinturas representando figuras históricas da fundação de São Paulo, como o Padre Anchieta, o indígena Tibiriçá e Martim Afonso.
Existe uma possibilidade de visita aberta, para mais informações, uma pesquisa no Google sobre Câmara Municipal de São Paulo deve elucidar a maior parte das dúvidas.
Assembleia Legislativa de São Paulo
O segundo prédio que visitei foi a Assembleia Legislativa de São Paulo, a conhecida ALESP.
Aqui as coisas já ficam um pouco mais distantes, a começar pelo local. A ALESP fica perto do Parque do Ibirapuera, próximo à região de Moema, bairro tido como “área nobre”. É um pouquinho chato chegar na ALESP, pois se você é paulistano, sabe que o melhor transporte público que temos é o metrô, mas para chegar lá, apenas de ônibus.
Além da distância geográfica, temos a distância do poder em si estabelecido. A ALESP também é outra expressão do Poder Legislativo paulista, mas abriga em seus gabinetes os deputados estaduais, que abrangem uma parcela maior de representatividade, ou seja, acabam se tornando mais distantes do que os vereadores.
Outra construção faraônica, com um hall de entrada muito bem controlado e diversas esculturas, se assemelhando à Câmara no projeto arquitetônico. O evento desta vez foi realizado no Auditório Teotônio Vilela, um auditório bem mais compacto que outros presentes no prédio, mas bem utilizado para o tamanho da cerimônia, sem grandes quadros nem adornos, apenas as cadeiras e a tribuna principal. A solenidade desta vez foi uma entrega de certificado para os integrantes do Amigos da Saúde, pelos serviços prestado à sociedade.
Para visitação, segue a mesma dica da Câmara Municipal, acesso no site e possibilidade de visita em grupo.
Palácio dos Bandeirantes
O terceiro e último local visitado foi o Palácio dos Bandeirantes.
Aqui as coisas tomam outra proporção. O Palácio fica localizado no Morumbi, bairro largamente conhecido como zona nobre. Apesar de ter um acesso relativamente mais facilitado, muito por conta do Estádio do Morumbi que fica nos arredores, pessoas de locais mais afastados podem sofrer com a distância até a zona sul.
Diferentemente das outras duas casas anteriores, o Palácio dos Bandeirantes é uma expressão do Poder Executivo, não somente da capital, mas do estado inteiro, pois é a residência oficial do Governador do Estado.
Essa não consiste exatamente em um prédio, mas em um complexo com várias construções, das quais visitei o chamado Salão Nobre, onde ocorreu um evento aberto de promulgação de ações para fortalecimento do combate à violência contra a mulher.
Apesar de não ser um grande prédio, o Palácio é o mais bonito dos prédios, com jardins e bastante espaço arborizado. Dentro do Salão Nobre, há muitas esculturas e obras, sendo a mais impactante delas aquela clássica que vemos na escola, a obra “Operários”, da Tarsila do Amaral.
Neste evento, estavam presentes o atual governador e o atual prefeito. Também existe a possibilidade de visita ao acervo do Palácio que é muito grande, vale bastante a visita, basta pesquisar dentro dos moldes das dicas anteriores.
Mensagem final
Apesar de parecer uma grande propaganda política, este texto vem com a intenção de incentivar que qualquer cidadão, independente de sua classe social, posição política ou renda, possa conhecer esses locais para que se sinta confortável em exigir seus direitos.
Acredito que antes de ocupar e mobilizar, é necessário conhecer e explorar, para que posteriormente possamos pressionar nossos representantes e quem sabe nos tornarmos um deles.