Responda rápido: esta imagem de capa do artigo é do metaverso? Ou é de um game?

Desde o ano passado, o “metaverso” é a palavra que todo mundo mais escuta quando se fala em tecnologias imersivas. Assim que o Facebook mudou seu nome para Meta, a empresa vem martelando o termo sempre que pode, mas quero deixar de lado os interesses comerciais do Zuckinho aqui. O conceito de se viver uma realidade virtual é bem mais antigo do que querem fazer parecer, assim como o próprio termo.

De onde veio isso?

A primeira vez que a palavra “metaverso” apareceu foi em 1992, no livro “Snow Crash” de Neal Stephenson — no Brasil publicado como “Nevasca”. Nele, o protagonista, um entregador de pizzas no mundo real, se torna uma lenda samurai em um mundo virtual mantido por uma grande corporação da qual ele mesmo é um dos desenvolvedores. Então ele leva essa vida dupla enfrentando a conspiração de um culto que infecta seres humanos com softwares (vírus). Não li o livro, mas a sinopse me pareceu bem mais ou menos. Se você leu conta aqui pra gente depois!

Mas mesmo antes de um termo pra isso, o conceito de realidades alternativas é bem antigo. Em 1984 por exemplo tivemos o romance cyberpunk “Neuromancer”, que supostamente inspirou Matrix — outra obra que explora este “metaverso”. E se continuarmos andando para trás, vamos parar lá no Mito da Caverna de Platão.

Essa ideia de uma realidade paralela, na qual podemos ser outra pessoa e agir de modo diferente, experimentar outras regras de sociedade e até testar os limites de moral não surgiu no ano passado. Há décadas várias iniciativas ensaiaram nos levar para um novo universo e muitas delas fracassaram.

Second Life

Quem tem mais de 20 anos certamente se lembra do Second Life (2003) que foi uma febre na época e talvez a iniciativa mais duradoura neste sentido.

Muita gente enxergou a plataforma como uma nova chance de ter uma vida de sonho. As pessoas podiam ganhar dinheiro honesto trabalhando neste universo, como estilistas e arquitetos virtuais, até as empresas investiram pesado ali para ter o seu espaço nesta nova realidade.

Mas por que deu errado? Difícil precisar, mas eu diria que a criação da plataforma foi pensada para agradar a seus criadores e não às pessoas. Tudo, absolutamente qualquer coisa que você quisesse personalizar dentro do Second Life custava dinheiro, e a única contrapartida para o usuário era a própria personalização. Puro consumismo. Não havia maneira de utilizar o que se comprava, não havia evoluções, nem objetivos… não era uma nova vida, era só chata mesmo.

Agora, sabe o que existe faz muito tempo e também nos leva para uma vida virtual mais divertida?

Games!

A gente que é nerd já sabe que esta historinha de metaverso não é nenhuma novidade, fazíamos isso em todas as aventuras de RPG — o jogo, não o tratamento pra coluna — e, de uns 20 anos pra cá, estas aventuras se transformaram em verdadeiros mundos virtuais com os games.

GTA, Whatch Dogs, Elden Ring, Mass Effect, Minecraft, Fortnite (a imagem do post)… até o Fifa com seu modo carreira! Isso só pra ficar nos jogos mais conhecidos. Os elementos de um metaverso estão todos lá.

Com os games, há anos você se transporta para outra realidade e vive uma vida em que as coisas vão acontecendo e você tem que decidir se age de acordo com a sua moral ou se testa uma nova, com uma nova personalidade, com uma nova identidade…

O Metaverso não é um lugar específico como quer fazer parecer a Meta, a origem do termo está mais para um conceito, para um ambiente. E se é para dar algum nome para este ambiente, porque não usar um que todo mundo já conhece?

Neste sentido, algumas empresas utilizaram o Red Dead Redemption para fazer reuniões de trabalho durante a pandemia. Já pensou falar sobre relatórios e performance de chapéu, debaixo de um céu estrelado em volta de uma fogueira?

Por mais que o tema esteja se popularizando, parece que ainda existe um receio em dizer abertamente que adultos, trabalhadores e pagadores de impostos estão jogando por aí. Como se jogar fosse uma irresponsabilidade já que faz você sair de uma realidade e entrar em outra.

Não, pera…