Por que não voltamos no tempo e lembramos como a digitação no celular (atual smartphone) evoluiu, desde o “catar milho” até ignorar totalmente o teclado e fazer tudo via comando de voz?
Nos últimos dias venho pensando bastante em como a interação com os celulares evoluiu ao longo do tempo. Isso porque li um texto do Gizmodo em que a autora fala sobre a saudade que sente em digitar usando T9. Não se lembra desse “tempo sombrio”? Pode deixar que eu te conto como era! Mas por favor, não me diga que não vivenciou isso porque vou me sentir mais velha do que estou me sentindo ao escrever esse texto.
Para entender a digitação nos celulares, é preciso voltar um pouco mais no tempo e pensar no surgimento do próprio telefone. Logo depois de inventar o telefone, Graham Bell (ou seria Antonio Meucci?) pediu que William Blauvelt desenvolvesse um discador para sua invenção. Ele é responsável pelo discador alfanumérico que usamos até hoje, mas que originalmente só ajudava a identificar as centrais telefônicas para onde se queria fazer uma ligação. Inclusive descobri que a Anatel tem uma resolução que regulamenta a interface dos aparelhos telefônicos, obrigando os teclados serem alfanuméricos!
Nos primeiros celulares, essas letras serviam só de enfeite mesmo, já que a única coisa que conseguíamos fazer eram ligações. Mas em 1992, Neil Papworth enviou o primeiro SMS, nada além de um simples “Feliz Natal”. Uma mensagem que levamos 2s para escrever hoje em dia, mas que gerava um trabalhão na época. Isso porque, para que cada uma dessas letras aparecesse, era necessário apertar a mesma tecla inúmeras vezes. Quer relembrar essa dor? Para escrever um simples “Feliz Natal” precisaríamos:
- apertar a tecla # = letra em maiúsculo
- apertar a tecla 3 três vezes = ‘F’
- esperar (se apertarmos muito rápido, a gente faz com que o ‘F’ vire ‘3’)
- apertar a tecla 3 duas vezes = ‘e’
- apertar a tecla 5 três vezes = ‘l’
- apertar a tecla 4 três vezes = ‘i’
- apertar a tecla 9 quatro vezes = ‘z’
- apertar a tecla 0 = ‘ ’
- apertar a tecla # = letra em maiúsculo
- apertar a tecla 6 duas vezes = ‘N’
- apertar a tecla 2 uma vez = ‘a’
- apertar a tecla 8 uma vez = ‘t’
- apertar a tecla 2 uma vez = ‘a’
- apertar a tecla 5 três vezes = ‘l’
Juro que quase desisti de terminar esse exemplo porque cansei na metade dele… 26 apertos de tecla e 1 espera para não estragar o trabalho! Nada convidativo para mensagens muito longas… Deve ser por isso que eu não fazia muita coisa no meu Movistar Amigo da LG…
Para reduzir o esforço e tornar mais fácil a digitação, a Tegic Communications desenvolveu a digitação preditiva T9 ou “Text on 9 keys”. T9 permite que os usuários pressionem apenas uma vez cada tecla para escrever as letras da palavra desejada, sugerindo com esses toques algumas palavras a partir de um dicionário ordenado pela frequência de uso de palavras. Voltando ao nosso exemplo, para escrever “Feliz Natal” usando T9 precisaríamos:
- apertar a tecla # = letra em maiúsculo
- apertar a tecla 3 = ‘F’
- esperar
- apertar a tecla 3 = ‘e’
- apertar a tecla 5 = ‘l’
- apertar a tecla 4 = ‘i’
- apertar a tecla 9 = ‘z’
- checar se saiu ‘Feliz’ mesmo
- apertar a tecla 0 = ‘ ’
- apertar a tecla # = letra em maiúsculo
- apertar a tecla 6 = ‘N’
- apertar a tecla 2 = ‘a’
- apertar a tecla 8 = ‘t’
- apertar a tecla 2 = ‘a’
- apertar a tecla 5 = ‘l’
- checar se saiu ‘Natal’ mesmo
Agora só precisamos de 13 apertos de tecla! Muito menos esforço, né?
Só que, apesar do T9 facilitar bastante a vida dos usuários, ele ainda estava longe de ser o ideal. Com isso, teclados QWERTY começaram a ser usados também nos celulares. QWERTY é o layout padrão para o alfabeto latino e são utilizados em máquinas de escrever (o que é isso?!) e computadores. O nome (super criativo) vem das letras que estão na primeira linha do teclado, e as suas muitas teclas fazem com que a digitação de mensagens mais longas se torne bem mais fácil.
Com a evolução dos celulares, esses teclados QWERTY físicos se transformaram em teclados virtuais. Todos os smartphones atuais, estejam eles rodando um iOS, Android ou (o finado) Windows Phone, utilizam algum teclado que segue esse layout.
Mas como bons humanos que não podem perder tempo, outras formas de digitação mais “preguiçosas” e com resultados mais rápidos surgiram. Já ouviram falar em digitação por gestos (swipe/glide texting)? Esse tipo de digitação foi popularizado pelo (também finado) aplicativo Swype, que entendia as letras desejadas e previa a próxima palavra a ser escrita apenas usando o deslizar do dedo sobre o teclado virtual. Um pouco estranho no início, mas quando você se acostuma, nunca mais consegue voltar a digitar letra a letra…
E não podemos esquecer das tecnologias de reconhecimento de fala, que permitem interpretar o que dizemos e transcrever em palavras. Ok, nem sempre funciona como gostaríamos… Mas o corretor ortográfico também não colabora!
Agora que conhecemos várias formas de enviar nossas mensagens via celular/smartphone, deixa nos comentários a que você utiliza e se está contando isso pra gente diretamente do seu dispositivo móvel!