O YouTube tem se afirmado como um grande protagonista no cenário midiático, e pode ser considerado uma força na cultura popular contemporânea. Apesar de não ser exclusivo no âmbito de sites de compartilhamento da internet, a rápida ascensão do YouTube bem como a sua ampla variedade de conteúdo e sua projeção pública em todo o mundo fazem com que o YouTube seja uma peça chave na compreensão das relações ainda em evolução entre as novas tecnologias de mídia, as indústrias criativas e as políticas da cultura popular através dos tempos.
Essa rapidez, que é bastante responsável pelo sucesso da plataforma, impede que seja feita qualquer tipo de curadoria nos vídeos, que, ao serem compartilhados, já estão disponíveis para a audiência mundial. Com isso, encontramos qualquer tipo de discurso nessa plataforma, inclusive pessoas que muitas vezes não estão qualificadas para emitir opinião ou mesmo dados sobre alguns assuntos.
Com isso, a maior parte da visibilidade de vídeos é derivada da captura de usuários por links chamativos, que na maioria das vezes são plantados em grupos do Facebook, WhatsApp. Isso demonstra que a narrativa se retroalimenta e cada vez mais produz conteúdos que dentro de suas bolhas, fazem gerar mais engajamento e visualizações entre os perpetradores de mentiras nas redes sociais.
Mesmo que a plataforma Google, a qual atualmente representa o YouTube, filtre os websites com conteúdo sensível, de forma a resguardar os endereços nos resultados de pesquisa, os seus próprios mecanismos de anúncio acabam sendo utilizados para capturar uma receita publicitária pela geração de tráfego. Isso gera um grande aumento na produção de conteúdo anticientífico, o que pode ocasionar em ainda mais danos para as pessoas que estão sendo prejudicadas pela produção de notícias falsas e enganosas.
Como um artifício usado na manutenção desses conteúdos, a produção da desinformação pode migrar para plataformas alternativas, sendo essa uma tática para escapar da moderação de conteúdo reproduzindo as Fake News em sites próprios e multiplicando-os em massa. Assim, mesmo que os conteúdos sejam retirados do Youtube ou de sites mais formais, eles estarão também na mídia alternativa criada pelos próprios perpetradores de Fake News, fazendo com que o problema se agrave cada vez mais.
Contudo, tal discussão ocorre em meio a outras bastante polêmicas, as quais envolvem a proteção de dados, a questão da privacidade e do direito à livre expressão.
Por esse motivo, é necessário que a narrativa de fatos inverídicos seja discutida na sociedade, para que as pessoas possam saber diferenciar as notícias falsas das verdadeiras.
O resultado disso é um dilema entre controle e exposição que repropõe as infraestruturas da web para espalhar conteúdo falso e monetizar a audiência por meio da venda de publicidade digital, mas sem conseguir escapar completamente das plataformas de mídias sociais. É necessária muita nuance e cautela para analisar esses conteúdos, visto que eles precisam das redes sociais para sobreviver, o que pode gerar um aumento no cuidado sobre a curadoria de notícias e informações compartilhadas na rede.
Com isso podemos visualizar que o combate a desinformação, além de ser bastante complexo, precisa ser constantemente aprimorado, pois as pessoas que geram conteúdo falso tentam a todo tempo se moldar às regras das plataformas para continuar atuando e se beneficiando do compartilhamento do seu conteúdo.