Você, caro leitor que não mora na Região Norte, quando pensa em Floresta Amazônica, provavelmente pensa em uma paisagem como a da foto abaixo:

Área com densa floresta, com plantas mais rasteiras e árvores mais altas. Há uma névoa, indicando que o lugar é bastante úmido. É uma imagem da Floresta Amazônica.

Amazônia Colombiana, imagem de David Riaño Cortés (veja aqui). Descrição da imagem: Área com densa floresta, com plantas mais rasteiras e árvores mais altas. Há uma névoa, indicando que o lugar é bastante úmido. É uma imagem da Floresta Amazônica.

Apesar de existir uma diversidade de paisagens na Floresta Amazônica (rios, igarapés, paraná-mirins, diferentes tipos de vegetação, etc.), quando pensamos nesse bioma pensamos em um lugar muito chuvoso e com vegetação densa. Considerando essa homogeneidade de paisagens por todo o Brasil, o geógrafo Aziz Ab’Sáber propôs, na década de 1970, os Domínios Morfoclimáticos. O autor define esse conceito como uma área onde existe uma combinação característica de relevo, tipos de solos, formas de vegetação, hidrografia e clima.

Se você for um leitor mais experiente, que fez seus estudos no Ensino Básico há mais de 3o anos, talvez se lembre que o ensino de Geografia era bastante pautado na necessidade de decorar nomes (capitais, afluentes do Rio Amazonas, nomes de feições do relevo, etc.). Em outras palavras, Geografia era sinônimo de decoreba. Além disso, estudava-se cada assunto de maneira compartimentada: primeiro a hidrografia, depois a vegetação, depois o relevo, etc.

Sob o ponto de vista da prática educacional, a proposta dos domínios morfoclimáticos é revolucionária porque nos permite observar cada área com todos os commponentes naturais da paisagem de maneira integrada. Essa integração entre cada componente natural da paisagem já é discutida desde a Antiguidade e ganhou bastante força com o trabalho do geógrafo Alexander von Humboldt, no início do século XIX.

Além disso, também podemos relacionar as componentes naturais da paisagem com as atividades econômicas e com o tipo de ocupação humana em cada domínio morfoclimático.

Descrição da imagem: Mapa temático do Brasil, com o título ‘Os Domínios Morfoclimáticos’. No mapa, indicado com cores diferentes, estão apresentados o Domínio Amazônico, o Domínio do Cerrado, o Domínio dos Mares de Morros, o Domínio da Caatinga, o Domínio das Araucárias, o Domínio das Pradarias e as Faixas de Transição.

No mapa acima podemos observar cada um dos domínios morfoclimáticos brasileiros. Cabe no entanto ressaltar que trabalho de Ab’Saber considerava os domínios de toda a América do Sul.

Os domínios morfoclimáticos brasileiros são: o Domínio Amazônico, o Domínio do Cerrado, o Domínio dos Mares de Morros, o Domínio da Caatinga, o Domínio das Araucárias, o Domínio das Pradarias e ainda há as Faixas de Transição, regiões que guardam características dos domínios vizinhos.

É preciso também destacar que os domínios morfoclimáticos correspondem a uma definição diferente de Biomas. Biomas são um conjunto de ecossistemas, portanto é uma definição que tem mais relação com Biologia e Ecologia.

Os domínios morfoclimáticos têm relação com a relativa homogeneidade da paisagem que cada um apresenta. Dentro da proposta dos biomas brasileiros, o Pantanal é considerado um bioma. Por outro lado, dentro da proposta dos domínios morfoclimáticos, o Pantanal é uma Faixa de Transição.

Nos próximos posts de minha autoria, que serão uma continuação ou uma espécie de série, pretendo descrever brevemente cada um dos domínios morfoclimáticos.

 

Bibliografia
AB’SABER, A. Os Domínios Morfoclimáticos da América do Sul: Primeira Aproximação. Geomorfol. 52:1-21, 1977.