Gordinhos e gordinhas do meu Brasil varonil uni-vos! Façamos com que a renascença volte nesses tempos tão angustiantes para todos nós que acreditamos no poder do bacon e da maionese. E que nossos corpos sejam novamente venerados como o símbolo da beleza. Ergueis vossos punhos ostentosos de hambúrguer e de coca-cola e partamos juntos numa caminhada rumo a redenção!

Calma! Apenas me empolguei um pouco! Afinal de contas, não é fácil falar de algo que te afeta diretamente. Desculpem-me! Prometo ater-me aos fatos e não ser tendencioso no assunto a seguir.

Pesquisadores da Universidade de Chapman, UCLA e Stanford, acabaram de publicar um trabalho que revela como a cobertura da mídia afeta a percepção das pessoas em relação a obesidade, e como essa percepção molda a opinião sobre os gordinhos.

Em resumo, eles descobriram que notícias que tratam a obesidade como uma crise de saúde pública e fruto de escolhas pessoais erradas, pode aumentar a discriminação e o sentimento “gordofóbico” entre as pessoas.

Basicamente eles distribuíram entre estudantes universitários do sul da California várias notícias que tratavam da obesidade. Cada uma dessas notícias abordava um aspecto do que a obesidade pode representar.

A saber:

  • “Direitos da gordura” – que enfatizava a ideia de que a obesidade é uma forma positiva de diversidade de tamanho do corpo e que a discriminação e o preconceito são inaceitáveis.
  • “Saúde para todos os números” – que enfatizava o fato de que o nível de gordura corporal não está somente associado a falta de saúde, ou seja, uma pessoa pode ser ao mesmo tempo gordinha e ter uma boa saúde, praticar exercícios e até ter uma alimentação saudável. Este ponto de vista encorajava as pessoas a se concentrarem menos no que os quilos diziam e muito mais sobre os hábitos da pessoa.
  • “Crise na saúde Pública” – que apresentava a obesidade como uma crise de saúde pública e justificava a intervenção do Estado.
  • “Responsabilidade Pessoal” – enfatizava que a obesidade era uma soma de má alimentação e falta de exercícios, ignorando fatores genético e sociais, em outras palavras: você é gordo porque quer.

Depois de lerem essas notícias os participantes foram apresentados a várias imagens geradas por computador de uma mulher aparentando vários níveis de gordura e foram indagados se tal mulher poderia ser saudável em cada um dos pesos. Os pesquisadores descobriram que dependendo da notícia que o participante havia lido a opinião sobre cada mulher era diferente.

Aqueles que leram “Saúde para todos os números” ou “Direitos da gordura” foram mais propensos a dizer que as mulheres com excesso de peso poderiam SIM, serem saudáveis com seu peso – 65% a 71% a mais do que os que leram “Crise na saúde Pública” ou “Responsabilidade Pessoal”.

Os quatro níveis de sobrepeso e obesidade usados em pesquisas sobre como as notícias da mídia influenciam as percepções sobre a obesidade. Crédito: Universidade Chapman

Os quatro níveis de sobrepeso e obesidade usados em pesquisas sobre como as notícias da mídia influenciam as percepções sobre a obesidade.
Crédito: Universidade Chapman

Além disso, os participantes também responderam perguntas sobre preconceito e sobre a crença de que a obesidade é perigosa. Em relação a isso somente a notícia “Direitos da gordura” teve impacto positivo nas respostas, o que levou os pesquisadores a concluírem que apenas notícias dizendo que uma pessoa pode ser gorda e saudável não diminuíam o preconceito.

O estudo conclui que a percepção da obesidade está sim relacionada a forma como você absorve as informações, mas o preconceito em si não diminui a menos que a abordagem seja mais enfática na diversidade e nos direitos individuais.

Em suma, talvez, campanhas apenas associando a obesidade a fatores de saúde pública estejam contribuindo para um sentimento “gordofóbico” cada vez maior em nossa sociedade. Por outro lado, tratar do assunto apenas como uma questão de escolha pessoal parece quase irresponsável. A equação é difícil de ser resolvida mesmo.

No fim das contas, todos nós buscamos qualidade de vida! Isso vai muito além do número da calça ou do número de horas em que você fica na academia. O que é inaceitável, e eu diria até abominável é ser julgado pelos quilos a mais que a balança acusa. Se você julga alguém pelo peso que ela tem, pense duas vezes. Talvez você precise engordar, quer dizer, ganhar MASSA CINZENTA!

Fonte:
Sciencedaily