Olá novamente, queridos Deviantes. No texto anterior falamos da primeira parte da vida da nossa querida Marie Currie, uma mulher guerreira e a frente do seu tempo. Ela enfrentou muitas coisas para seguir o seu objetivo. Neste texto vamos continuar falando sobre sua vida e dos desafios que enfrentou.
Após o nascimento da primeira filha do casal, Pierre começou a lecionar também na Escola Normal Superior de Paris. Neste período eles ainda não tinham muito dinheiro, por isso se dividiam entre o laboratório, as aulas e os cuidados com a filha mais velha Irene.
Marie teve sua primeira filha em 1897, Irene. Há relatos que ela não parou de trabalhar nos laboratórios durante a gravidez e em depois do parto. Continuou fazendo todos os trabalhos de quebrar as pedras e moe las para retirar o material de sua pesquisas. Sua segunda filha Eve veio em 1904. Em uma época melhor para a familia Curie.
Marie Curie e suas filhas Eve e Irene
Foto descrição: Marie e suas filhas Irene e Eve. Marie esta sentada ao centro com sua filha mais velha irene do lado direito e sua filha mais nova Eve a sua esquerda, que esta em pé em uma cadeira de criança. Marie esta abraçando as duas filhas.
Os recursos financeiros melhoraram somente após o primeiro prêmio Nobel de Física (1903),dado pelas suas pesquisas sobre radiação. A princípio o prêmio seria dado apenas a Pierre Curie e Henri Becquerel. Quando Pierre soube disso, se negou a receber se sua esposa Marie também não fosse premiada. Com o dinheiro do prêmio o casal melhorou o seu laboratório e contratou uma governanta para ajudar nos cuidados com suas filhas.
Com a morte de Pierre (1906), seu amor, amigo e cúmplice na paixão pela ciência. Marie sofreu uma grande dor, expressando em seu diário.
“Acabou tudo, Pierre está dormindo seu último sono embaixo da terra; é o fim de tudo, de tudo, de tudo.” (Marie Curie apud Margarita Rodrigues 20202)
Alguns meses depois ela assumiu suas aulas na Universidade de Paris. Sobre este novo feito, uma mulher lecionando em uma universidade, uma jornalista escreveu:
Imaginem! A partir do momento em que uma mulher é autorizada a dar aulas de ensino superior aos estudantes dos dois sexos, como ficará a superioridade do homem? ( documentário Marie Curie: Mãe da radiação – 2019)
Agora seu tempo precisava se dividir entre as aulas na universidade, o laboratório e os cuidados de sua casa. Nos períodos em que precisava se dedicar mais profundamente em suas pesquisas deixava suas filhas na casa de seu sogro, pai de Pierre.
Cinco anos após a morte de seu marido Marie ganhou o seu segundo prêmio Nobel (1911), agora em Química pelo descobrimento dos elementos rádio e polônio. Porém um mês depois ela foi hospitalizada com depressão e uma doença renal. Passou boa parte de 1912 em tratamento na Inglaterra.
Mesmo sozinha, lecionando e continuando com sua paixão. Marie não deixou a educação de suas filhas para trás. Ela mesma lecionava física, química e matemática para as meninas e contratava outros professores para ensinar as outras áreas do conhecimento. Com esta experiência ela se uniu a outros cientistas e começou um projeto de ensino que consistia em metodologia para os próprios pais ensinarem ciências aos seus filhos. Isso lhe parece familiar? O nome do projeto era ‘Cooperativa de ensino’ (1907 e 1908).
Irene compartilhou o gosto pela ciência de seus pais. Com 17 anos ela trabalhou como enfermeira radiológica durante a primeira guerra, ajudando sua mãe (1917). Mas tarde Irene, começaria a trabalhar no laboratório com sua mãe. Também como seus pais, Irene conheceu seu marido no laboratório, Fréderic Joliot. Os dois anos depois também ganharam um prêmio Nobel pela pesquisa de bases de usos dos isótopos radioativos na medicina e biologia.
Irene e Marie Curie 1925
Foto descrição: Irene Curie em pé ao lado de sua mãe Marie que esta sentada. As duas estão manipulando em um aparato de experimentos químicos. (1925)
Depois do falecimento de seu marido e ao assumir as aulas de Pierre em uma universidade, Marie foi muito perseguida por jornalistas tradicionais, os quais usavam fatos de sua vida pessoal, às vezes não comprovados, para afetar sua capacidade intelectual e profissional.
Durante muito tempo Marie foi a única mulher em meio a grandes cientistas. Em 1934 Marie morreu em um sanatório na Polônia por anemia aplástica contrariada como efeito a longos períodos de exposição à radiação.
Nos seus últimos anos de vida Marie passou com sua filha mais nova, pois sua irmã estava ocupada com seus experimentos no laboratório. Isso acabou deixando as duas muito mais próximas do que antes, Eve se tornou confidente de sua mãe e após a sua morte escreveu a sua biografia “Madame Curie” publicado em 1937 e em 1043 um filme. Com esta obra ela ganhou vários prémios literários.
O laboratório em que Marie trabalhou e suas anotações ainda hoje contém radiação excessiva e precisa ser manipulado com cuidado e com roupas apropriadas.
Devido a toda contribuição que os Curie fizeram a ciência, o nome da família foi dado como unidade de medida em radiatividade. Um curie (Ci) equivale a 3,7 x 10^10 desintegrações por segundo. O elemento Curio (Cm) da tabela periódica também recebeu esse nome em homenagem ao casal Curie.
Símbolo atomico do Curio
Foto descrição: Há duas fotos uma em cima da outra. A foto de cima mostra o símbolo do elemento Curio Cm, do lado esquerdo na parte de cima esta o seu numero atômico 96. Do lado direto a cima a ultima camada da distribuição eletrônica 5f^7 6d^1 7s^2. No centro a baixo do símbolo o seu nome em latim Curium e sua massa 247.07. Na segunda foto, abaixo, esta no centro a imagem da Marie Curie abaixo de sua imagem o nome do elemento em latim Curium, em cima do lado esquerdo a sigla dele Cm, do lado direto o seu numero atômico 96 e em cima da foto da Marie o símbolo de radioatividade.
Ao observarmos a foto acima e comparada com as estatísticas mencionadas nos primeiros parágrafos percebemos que os números melhoraram, mas ainda há muito o que fazer. Há muitos caminhos para se percorrer e vencer. Ciência é para mulher sim!!! E não importa os desafios e obstáculos que ela possa enfrentar, ela é capaz de vencer e obter o sucesso esperado por qualquer cientista: O reconhecimento do seu trabalho.
Se você gostou deste texto e quer saber mais sobre Marie Curie ouça o episódio emocionante 126 do scicast e o spin de notícias 759.
REFERÊNCIAS
https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast/scicast-126-marie-curie/
https://www.deviante.com.br/podcasts/spin/spin-de-noticias-759/
https://www.blogs.unicamp.br/pemcie/2019/09/27/mulheres-na-ciencia-alguns-numeros-do-brasil/
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300016
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2016000100011
https://canalciencia.ibict.br/nossas-informacoes/ciencioteca/personalidades/item/325-marie-curie
https://super.abril.com.br/historia/marie-curie-a-polonesa-mais-brilhante-do-mundo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie
https://www.bbc.com/portuguese/geral-54886622
https://www.youtube.com/watch?v=rhxmoc0sYJ8&t=1512s