Dia 11 de fevereiro é comemorado o dia das mulheres na ciência. Por este motivo, em meu texto deste mês irei falar sobre uma mulher que tem servido como exemplo para muitas meninas que se aventuram no universo científico. Mas antes disso vamos ver um pouco de estátisticas.
Nos últimos anos o número de mulheres que estão envolvidas em pesquisas tem crescido no Brasil. Um dado apontado pela Unesco em 2018 diz que há entre 45,1% a 55% de mulheres atuantes em centros de pesquisas. Por outro lado, os números de representantes femininas na academia brasileira de ciência em 2019 era de 14 %.
A diferença entre as áreas do conhecimento nos mostra como esses dados precisam melhorar. Dos 14% acima mencionados, 8,9% estão em ciências da Terra e exatas; 20,4% em ciências da vida e 18,2% em ciências sociais e humanidades.
Quando olhamos para a formação, percebemos que 57,5% dos graduandos são mulheres; 54% dos doutorandos também. Fernanda Negrini em um artigo diz que atualmente 60% dos pesquisadores são mulheres, e que 70% das publicações em grandes revistas científicas têm como primeiro autor mulheres. Mas os mesmo 14 % continuam em cargos de liderança em centros de pesquisas.
Não quero levantar aqui os motivos pelos quais há essa discrepância nos salários e em cargos de liderança. Quero mostrar histórias de mulheres que conseguiram contribuir de alguma forma para o desenvolvimento científico.
Quero mostrar a história de uma mulher, mãe, esposa, filha e pesquisadora. Ela viveu muitos desafios por ser quem era, a nossa querida Marie Sklodowski Curie. Marie foi uma das primeiras mulheres a se formar em um curso superior e também uma das primeiras a lecionar em uma universidade. Não irei me aprofundar em suas pesquisas e prêmios, a intenção aqui é falar de suas lutas como uma pesquisadora.
Desde pequena suas lutas foram grande. Marie perdeu sua mãe ainda pequena por tuberculose e depois sua irmã mais velha |Helena por Tifo. Quando criança foi incentivada por seu pai a se aventurar no universo da física e matemática. Ao encerrar as suas aulas nos laboratórios em escolas polonesas, o pai de Marie levou os aparatos para casa e seus filhos brincaram com eles. O que certamente incentivou a sua futura carreira e forma de educar suas filhas.
Figura 1: Władysław Skłodowsk e suas filhas Marie Bronislawa e Helena
Na Polônia, naquela época, as universidades não admitiam mulheres. Marie e Bronislawa se matricularam em uma universidade clandestina, a Universidade Volante. Mais tarde as irmãs fizeram um acordo. Marie começaria a trabalhar para ajudar sua irmã a pagar seus estudos na França, onde havia universidades mistas, e depois sua irmã faria o mesmo por ela.
Figura 2: Marie e sua irmã Bronislawa.
Assim ela começou a trabalhar como governanta e professora particular, em uma casa de amigos de seu pai, enquanto sua irmã estudava ciências médicas em Paris. Foi ali que Marie conheceu seu primeiro amor Kazimierz Zorawski, que se formaria em matemática anos depois. O amor entre eles foi proibido pela família do rapaz pois Marie era pobre.
Depois de um tempo, sua irmã, agora casada, a chamou para ir morar com ela e seu marido em Paris. Proposta que foi recusada por falta de verba para arcar com a mensalidade da universidade. Marie levaria mais um ano e meio para conseguir financiar seus estudos . Passado este período foi para a França e se matriculou na Universidade de Paris (1891).
Em 1883 se formou no ginásio para meninas com medalha de ouro. Após sua formação deve um colapso depressivo e precisou ficar um tempo no campo na casa de parentes de seu pai.
Nesta época Marie passava as noites em claro debruçada em seus livros e cadernos e durante o dia se dividia entre as aulas e o trabalho. Há alguns relatos que durante o inverno Marie usava todas as suas roupas simultaneamente para se aquecer. E que por vezes se envolvia tanto nos estudos que esquecia de comer. Em 1893 se formou em Física e em 1894 recebeu seu segundo diploma em matemática. Em 1903 recebeu seu doutorado.
Foi na Universidade de Paris que conseguiu uma bolsa de pesquisa onde continuou suas pesquisas. Lá também conheceu Pierre Curie, o qual mais tarde se casou (1895) e teve duas filhas, Irene (1897) e Eve (1904).
Se você ficou interessado nesta história, então não perca o próximo texto, por que este terá que se encerrar por aqui. Nas cenas do próximo capítulo falaremos mais sobre seu romance com Pierre, sobre a educação de suas filhas e muito mais. Espero vocês lá.
REFERÊNCIAS
https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast/scicast-126-marie-curie/
https://www.deviante.com.br/podcasts/spin/spin-de-noticias-759/
https://www.blogs.unicamp.br/pemcie/2019/09/27/mulheres-na-ciencia-alguns-numeros-do-brasil/
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300016
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2016000100011
https://canalciencia.ibict.br/nossas-informacoes/ciencioteca/personalidades/item/325-marie-curie
https://super.abril.com.br/historia/marie-curie-a-polonesa-mais-brilhante-do-mundo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie
https://www.youtube.com/watch?v=rhxmoc0sYJ8&t=1512s