Pois é… um post sobre um cientista americano tentando trazer o debate sobre como divulgar o conhecimento científico para a população na era da desinformação. Tudo a ver com o que queremos ler aqui, né? Vamos ver como o que tem acontecido nos Estados Unidos consegue ser aplicado em nossas lindas terras Tupiniquins.
O babado todo começou quando as eleições para presidente dos EUA revelaram o então candidato Donald Trump em 2016. Muitas das dúvidas relacionadas aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento propostas por Trump recaíram sobre o nosso querido Neil deGrasse Tyson, astrofísico, responsável pelo Hayden Planetarium, o planetário do Museu de História Natural de Nova Iorque, e apresentador da nova versão de Cosmos (inteirinha na Netflix).
Na época, Neil falou que não se sentia confortável em falar sobre como o mandato de Trump lidaria com os investimentos em pesquisa, por mais que ele Neil tivesse a imagem de incentivador da ciência, não teria como dizer quais seriam as consequências de ter um presidente como Trump. Durante a campanha, Trump disse que “consertaria” o sistema educacional público dos EUA, com um corte (!) de mais de 9 bilhões de dólares (mais de 13% do antigo orçamento). Quando questionado, Trump disse que a melhor maneira de melhorar a educação americana seria torná-la inacessível (!!), ou seja, cara demais. Enquanto isso, a campanha de Trump correu solta pelos EUA, o slogan “Let’s make America great again” pegou e em novembro de 2016 Trump foi eleito.
Essa lógica meio imbecil fez o nosso querido meme começar uma campanha no Twitter em março de 2017, com a frase “Let’s make America SMART again”.
Desde então Neil tem feito uma turnê pelos EUA, falando em várias universidades sobre a campanha, e como cada nível da educação, desde a básica até a pesquisa, pode ajudar nesse processo. Em seu podcast StarTalk(<3), há uma série de episódios onde Neil fala com convidados sobre a alfabetização científica, e como ela pode ajudar na educação da sociedade. Meu episódio favorito da série “Let’s make America smart again” é o que o convidado David Helfand fala sobre o livro “A survival guide to the misinformation age: Scientific habits of the mind”.
Além do podcast, em muitas entrevistas disponíveis online, Neil fala que para uma população crescer, é preciso que o investimento em ciências seja cada vez maior, pois os profissionais que as empresas de hoje desejam são criativos, tenazes e tem a garra necessária para resolver problemas difíceis de nossa sociedade. O pequenino problema é que para esse profissional ter todas essas características desejadas, ele precisa ter educação de qualidade. Existe um abismo entre estudar ciências e querer ser um cientista e o sistema educacional tem um papel importante, tanto incentivando quanto separando os alunos da ciência. O abismo imenso que existe entre educar a população e ter profissionais de qualidade, seja na vida acadêmica ou não, também acontece aqui em Terra Brasilis.
O termo “educação em ciências” pode significar desde o aprendizado de conhecimentos sobre ciência e tecnologia até o desenvolvimento de método científico, que ocorre desde a educação básica até a superior. Há quem faça diferença entre educação em ciências e educação de ciências, que seria a diferença entre o que é ensinado na educação básica, ensino fundamental e médio, do que é ensinado nos cursos superiores nas áreas de ciências.
Aqui no Brasil nós temos grupos de pesquisa estudando a “Alfabetização Científica”, que pode ter definições que variam entre os vários estudiosos da área, mas na minha síntese (podemos sempre conversar sobre o assunto) é o aprendizado de conhecimentos que ajuda a sociedade a entender o mundo de maneira geral, desde o interesse dos pequenos pela ciência, até a compreensão científica da vida num aspecto geral.
A maneira como esse aprendizado ocorre é muito importante para o futuro de cada aluno, pois pode tanto aproximar a relação com as ciências, como afastar esse aluno da curiosidade necessária para continuar na área científica. O modo como nosso sistema educacional está estruturado e também como nossos professores são formados também determinam o futuro da educação como um todo. A escolha do que ensinar, para quem ensinar e como ensinar é o que deve mover nossos atos como cientistas das diversas áreas que estão aqui hoje lendo esse post.
E você? O que acha da campanha desse cientista que mora no meu coração? O que acha do nosso sistema educacional?
BeijosLindos e “Let’s make BRAZIL smart!”, ou melhor ainda: “Bora educar esse Brasil!”
Referências
Episódios #LMASA
- https://www.startalkradio.net/show/startalk-live-lets-make-america-smart-part-1/
- https://www.startalkradio.net/show/startalk-live-lets-make-america-smart-part-2/
- https://www.startalkradio.net/show/startalk-live-sf-sketchfest-2017-part-1/
- https://www.startalkradio.net/show/startalk-live-sf-sketchfest-2017-part-2/
- https://www.startalkradio.net/show/science-literacy-misinformation-age-lmasa/
Outros videos, entrevistas e artigos
https://www.good.is/articles/ngt-make-america-smart-again
https://www.youtube.com/watch?v=zmVdSDWwYPI
https://www.youtube.com/watch?v=5Ow9Tc9GjwU
https://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-210.pdf
Thais Boccia da Costa Bióloga, mestre e doutora em Imunologia, graduanda em Licenciatura em Ciências e admiradora da educação.