Independente de qualquer coisa, testaria Jotun só pelo contexto! Um jogo baseado em mitologia sempre vai me chamar a atenção, mas nesse aqui os criadores foram abençoados pelas musas… Fora a alegria de ter uma poderosa protagonista feminina.
Desenvolvido pela Thunder Lotus Games, Jotun é um jogo completamente baseado e imerso na mitologia nórdica, como o próprio nome já indica.
Sua premissa é direta. A protagonista, Thora, tem uma morte desonrosa por afogamento e perde seu direito à entrar no Valhalla. Para se redimir, a guerreira recebe de Odin, senhor dos deuses, uma tarefa virtualmente impossível: enfrentar um Jotun, gigante nórdico similar aos titãs gregos, em cada um dos mundos.
Aproveitando o gancho do enredo, vou falar sobre isso um pouco. Mesmo parecendo simples, Jotun deixa a protagonista com uma ótima profundidade, contando sua história conforme o game avança. Todo narrado em nórdico, não sei exatamente o nome da língua, Jotun tem sua imersão garantida com a mescla de áudio e vídeo.
O cuidado com a representação das peculiaridades da mitologia nórdica dá riqueza de detalhes mesmo para olhos não treinados. Entretanto, como sou apaixonado pelo assunto, me deliciei parando em cada cantinho, olhando cada estátua, cada estrutura. Adorei!
Encontramos uma apresentação básica sobre cada divindade encontrada. Desde Mimir em sua fonte da sabedoria, que revitaliza e aplaca seu espírito, até o poderoso Thor, com sua super força e domínio dos raios. Tudo sem ficar maçante ou travado, sendo apresentado oralmente enquanto se mantém a liberdade de movimento.
Até os ambientes e mundos são destrinchados, confirmando o ar épico da aventura e fazendo o papel de “guia turístico” para nós e para a protagonista.
Mecanicamente, considerando ser um indie game, Jotun é simples, mas muito funcional. Thora tem um ataque normal e um forte, sem combinações de botões, além de poderes divinos que vai conseguindo ao orar perante as estátuas dos deuses. Entretanto cada Jotun apresenta coisas inovadoras e o jogador pode usar os comando mencionados de outras formas, como rebater uma arma atirada ou derrubar um pilar que dará dano nos gigantes.
O cenário do jogo também influencia na mecânica, seja através do simples jogo de perspectivas até uma das mais fodas e lindas cenas, num lago congelado que tem sua superfície quebrada, obrigando Thora a se mover continuamente.
Impossível não lembrar do Shadow of The Colossus ao jogar, mas admito que gostei mais de Jotun, pelo contexto e pela criatividade dos gigantes. Sem falar do visual.
Falando nisso, não poderia fazer uma resenha desse jogo sem dedicar uma seção exclusivamente ao presente dado aos olhos.
Totalmente desenhado e pintado manualmente, Jotun é uma obra de arte. Tendo seu estilo cartunesco e animações feitas com extremo esmero, me senti vivendo um desenho épico. Fiquei maravilhado com a quantidade de detalhes que aparecem em cada lugar, em cada gigante. Mesmo quem não conhece tanto a mitologia nórdica, poderá ver bem como seria cada um dos mundos, já que Jotun aplica “Zoom-Out” em alguns momentos, explicando tudo que estamos presenciando.
Essas amostras de cenário são um prazer a parte, são lindas por si só, mas para amantes daquela cultura tais momentos são um fan-service incomparável. Fiquei com vontade de tirar screenshots a cada 5 minutos, obviamente uma delas virou meu fundo de tela no computador.
Não sou de ficar parando para ver cenários por muito tempo, enquanto jogo, já aqui eu parava em cada um dos mundos, procurando quais segredos estariam escondidos entre a obviedade do primeiro plano.
Para deixar claro o nível de detalhe e cuidado, falo de um que normalmente é esquecido. A boca de Loki, na sua estátua, está COSTURADA! Eu fui a loucura quando percebi isso!
Obviamente a trilha sonora é muito boa, agradável para quem quer algo mais contemplativo nos momentos calmos e que acelera bem nas horas de combate.
Deixo aqui um nórdico abraço e o Trailer do jogo.