Ele escreveu um livro que vendeu milhões de cópias em todo o mundo, arrecadou 307 milhões de dólares no cinema e fez você chorar (ou julgar alguém chorando). Aposto que você já ouviu falar de “A Culpa é das Estrelas” e de seu autor, John Green. O que você talvez ainda não saiba que é John Green é muito mais do que um escritor multimilionário. Ele é um herói-filantropo-nerd-youtuber com TOC e ideias geniais.
John Green – o escritor
Em sua faceta mais conhecida, o escritor já teve 5 títulos próprios publicados: A culpa é das estrelas; Quem é você, Alaska?; Cidades de Papel; Uma abundância de Katherines; e o mais recente, Tartarugas até lá embaixo – além de colaborar com outros 2 títulos (Deixe a Neve Cair e Will Grayson, Will Grayson). Além do sucesso de vendas, seus trabalhos receberam diversos prêmios como o Prêmio Michael L. Printz de 2006, o Edgar de 2009 e foi duas vezes finalista do Prêmio Literário do Jornal Los Angeles Times. No total, seus livros já foram traduzidos para mais de 55 idiomas e venderam mais de 24 milhões de cópias (sem contar e-books). Além de ficar mais de 150 semanas na lista dos mais vendidos com “A culpa é das estrelas”, em determinado momento de 2013, John Green tinha seus quatro livros até então publicados no top 10 de vendas na categoria literatura juvenil. Porém, como já disse aqui em cima, ele é muito mais do que seus livros e personagens marcantes.
John Green – o irmão e filantropo
Como você vai perceber ao longo deste texto, John Green é um homem um pouco excêntrico e multifacetado. Seu canal no Youtube, o Vlogbrothers, foi criado em parceria com seu irmão, o também escritor Hank Green, quando, em 2007, os dois resolveram parar de se comunicar por qualquer forma escrita, conversando basicamente através de seus vídeos no YouTube. A descrição do canal? “Raising nerdy to the power of awesome” (algo como, elevando a nerdice ao patamar de maravilha”). Os fãs do VlogBrothers são conhecidos como “nerdfighters” (algo como “combatentes nerds”) cujo objetivo é melhorar o mundo ao lutar contra tudo que faz dele uma droga – e eles realmente concretizam isso! Os Nerdfighters fazem projetos de arrecadação anuais para instituições que melhorem o nível geral do nosso planeta, e em comemoração ao 30oaniversário de Hank Green plantaram milhares de árvores em todo o mundo. Apesar de terem retomado outras forma de comunicação, John e Hank Green continuam postando vídeos em que eles literalmente falam sobre o que está passando em suas cabeças – e em geral são temas interessantes, provocadores e acessíveis. Por exemplo, há vídeos em que John fala de sua batalha com o TOC ou sobre como a sobrecarga de internet e informações não faz bem, há outros em que discutem felicidade e até sobre porque não deixar agendado um corte de cabelo.
Uma das provas de engajamento dos irmãos Green para tornar o mundo melhor é que 50% da renda que o canal recebe do youtube pelas propagandas antes dos vídeos (aquelas mesmas que você pula depois dos 5 segundos) é revertida para a “Foundation to Decrease World Suck”. A comunidade nerdfighter decidiu de forma coletiva que metade do valor arrecadado deve ser aplicada em um fundo que permita aos escritores continuarem financiando projetos maravilhosos. Instituições de qualquer parte do mundo podem se cadastrar para possivelmente receber parte dos valores arrecadados. (Infelizmente agora eu tenho um bom motivo para ver aquelas propagandas até o final).
Outro forte engajamento dos dois está no “Project for Awesome” (P4A), que começou em 2007 e continua de forma anual – atualmente na segunda semana de dezembro – no qual pessoas de todo o mundo (youtubers ou não) postam vídeos em favor de organizações que ajudam a transformar o mundo num lugar melhor. O financiamento deste projeto vem da venda de downloads, material autografado, doações de youtubers e até mesmo doação direta dos nerdfighters, cuja arrecadação final é direcionada às instituições escolhidas pelos fãs.
John (e Hank Green) – os professores aprendizes
Muitos entendem que aqueles que escrevem são os “professores”, “mestres” e os que leem são os “alunos”. Mas John Green não cabe em muitos estereótipos. Em novembro de 2012, ele fez uma apresentação no TEDx Indianápolis (que você pode assistir aqui) sobre pertencer a um grupo de aprendizes. Com o título original de “A nerd’s guide to learn everything online” (Em português: um guia nerd para aprender qualquer coisa na internet), Green fala que tipo de aluno ele era, de como a escola tradicional não fazia sentido para ele e de que como depois de adulto encontrou em canais do Youtube, uma nova comunidade ao qual pertencia – a de aprendiz virtual. Os comentários, perguntas e incentivos deixados nos vídeos o fazem acreditar que a internet é uma grande comunidade de aprendizagem conectando o mundo todo. (E não é exatamente isso que nós do Portal Deviante e do SciCast somos?)
Não satisfeito em ser parte dos pupilos, John e Hank começaram a gravar vídeos explicativos em áreas como História e Literatura, que mais tarde viriam a se tornar o canal Crash Course, no YouTube em 2011. Financiados originalmente por uma iniciativa do próprio site, os apresentadores desenvolveram cursos que iam de história americana e geral e ciência, e nos últimos tempos ganhou escala com a entrada de grandes financiadores e outros youtubers que apresentam conteúdos de física, economia, matemática e quase tudo que vem à mente. Só este canal contava com mais de 8 milhões e meio de inscritos no final de 2018. Pensando também nos baixinhos, foi desenvolvido o projeto “Crash Course Kids” voltado para crianças do ensino fundamental.
John Green – entre seus tímpanos
Se você não achou suficiente todo o conteúdo produzido por John Green até agora, prepare-se porque o homem também pode entreter seus ouvidos. Em um momento em que ele se sentia desconectado do mundo à sua volta, Green resolveu criar um podcast chamado “The Anthropocene Reviewed”. Para quem não conhece esta palavra, Antropoceno foi um termo popularizado pelo Nobel de Química Paul Crutzen e que significa “a época dos humanos”. Isso indica que estamos vivemos uma época em que os seres humanos são a maior força transformadora do universo (para saber mais, veja esses dois textos no Portal Deviante: sobre evolucionismo e outro sobre o Museu do Amanhã)
Mas voltando a John Green, no podcast ele se propõe a analisar objetos, invenções e tudo que envolve a vida humana no planeta e dar uma nota de uma a cinco estrelas. Simples assim. Com isso, Green diz que conhece se conectar melhor à realidade, prestando mais atenção ao seu redor ao invés de ficar ligado a uma tela.
Como se tudo isso não fosse suficiente, John e Hank Green também estão envolvidos em outros projetos como “The Art Assignment” “SciShow” “Sexplanations” e tantos outros mais. Para conhecer mais sobre os irmãos você pode seus sites pessoais: John e Hank, e para se informar sobre os projetos, você pode acessar os diversos links que deixei aqui.
Mas, para mim, a lição mais importante que você poderia tirar deste texto é: não julgue um livro só pela capa.