Os homens são minoria quando se trata de prevenção e cuidados com a saúde, o que está longe de ser uma novidade. Essa situação é influenciada por diversos fatores, principalmente relacionados à cultura e à forma como a sociedade aborda e pouco incentiva esse tipo de cuidado entre os homens.
No Brasil, mulheres, crianças e idosos são os que mais procuram cuidados médicos e são prioridade nos programas de políticas públicas, o que não está errado. No entanto, a saúde dos homens também precisa receber atenção.
As questões de gênero e sexualidade enfatizam a imagem do homem provedor, forte e viril como a forma “correta” de ser homem. Isso muitas vezes afasta os homens das ações de prevenção à saúde e dos cuidados quando surgem os primeiros sintomas, o que prejudica a qualidade de vida e o tratamento (quando necessário).
Apesar de fazerem parte de um grupo vulnerável a diversas doenças e enfermidades crônicas, os homens procuram menos consultas e têm menor adesão aos tratamentos. Inclusive, essa realidade não se limita ao Brasil.
O incentivo e a participação da família podem ajudar na adesão aos tratamentos dos homens que estão passando por algum cuidado de saúde, como uso de medicamentos, consultas regulares e prática de exercícios físicos. Além disso, os profissionais de saúde devem buscar incentivar ainda mais a participação masculina, considerando a realidade de cada indivíduo e as estatísticas que indicam pouca adesão.
As ações de saúde voltadas para esse público precisam considerar as barreiras encontradas para serem efetivas e abrangentes. É necessário adotar abordagens diferentes, principalmente em questões relacionadas à sexualidade, nas quais há muito preconceito e resistência em buscar ajuda profissional por parte dos homens.
Existem projetos e ações voltados para esse público, mas a adesão continua longe do ideal. O que fazer então? Considerando a realidade e a impossibilidade de mudar toda a estrutura de séculos de uma sociedade, o que podemos fazer de fato?
Profissionais da saúde: Pesquisem, estudem, busquem estratégias e tenham um olhar empático para esse público. Isso pode fazer muita diferença na vida de seus pacientes! Não é possível alcançar toda a população, mas a vida de homens podem ser salvas ou ter uma melhor qualidade se receberem incentivo por parte dos profissionais de saúde.
Professores: A educação, sem dúvida, é uma das principais armas para cuidar da saúde ao mostrar sua importância para aqueles que crescem em ambientes escolares e muitas vezes têm os professores como grandes exemplos. Aqueles que trabalham na área da educação podem incluir em suas aulas o estímulo às crianças e adolescentes para que tenham atenção à sua saúde e à saúde de seus pais. O trabalho é gradual, como o de uma formiga, mas pode fazer a diferença.
Homens: Se você é homem e teve interesse em ler este texto, isso já é um bom sinal. Além de cuidar e prestar mais atenção à sua saúde, você pode incentivar seus colegas e familiares a fazerem o mesmo por meio de conversas casuais, grupos de WhatsApp, convidando um amigo para fazer um exame de rotina junto, convidando-o para praticar exercícios físicos, reduzir o consumo de álcool e cigarro. São pequenas coisas que podem mudar vidas.
Mulheres: Incentivem e apoiem os homens ao seu redor (pai, irmãos, marido, filhos, tios, primos, colegas de trabalho) a fazerem exames preventivos e de rotina. Auxiliem nos tratamentos, se necessário! Sabemos que isso não é obrigação e que cada pessoa deveria cuidar de si, mas é importante considerar que muitos desses homens, principalmente os mais velhos, não foram ensinados e estimulados a cuidar da própria saúde. Pequenas atitudes podem fazer toda a diferença e servir de inspiração para que mais pessoas ajam da mesma forma.
Pesquisadores: O número de pesquisas e pesquisadores de saúde masculina é menor em comparação aos estudos voltados para a saúde feminina, especialmente a saúde íntima. Mais dados e estudos nessa área são necessários para embasar melhorias nos tratamentos e ações de promoção à saúde.
Clínicas e Postos de Saúde: Uma das grandes dificuldades de adesão está no fato de que a maioria dos homens trabalha durante todo o dia e as clínicas e postos de saúde atendem apenas em horário comercial. Além disso, muitas vezes os atendimentos são demorados e as pessoas precisam “perder” muito tempo para conseguir uma consulta, seja devido a atrasos dos profissionais ou ao grande número de pacientes que precisam ser atendidos. Nesse caso, as soluções poderiam ser aumentar o número de profissionais de saúde para atender a população, além de cumprir os horários marcados. Além disso, é necessário oferecer atendimentos fora do horário comercial ou aos finais de semana, para ajudar aqueles que trabalham durante a semana e não têm a possibilidade de faltar.
Pessoas que têm funcionários: Empresas que têm funcionários também podem auxiliar liberando-os para esse tipo de cuidado, permitindo que façam consultas e tratamentos. Muitas empresas só liberam em casos de emergência.
Como já foi dito, não podemos esperar as condições perfeitas e a mudança total da sociedade, o que podemos é dar pequenos passos com as pessoas ao nosso redor e cada um fazendo sua parte, podemos aos poucos ir mudando a realidade.
Os homens também podem ter problemas relacionados a isso e, muitas vezes, por vergonha, falta de incentivo ou pressões sociais, acabam ignorando condições como IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e casos de câncer de próstata, por exemplo. No caso do câncer de próstata, há muito preconceito em relação ao exame de toque, que é fundamental para o diagnóstico precoce e pode salvar vidas, simplesmente por causa da forma como é realizado.
Não é simples e as problemáticas vão muito além de apenas “não querer ir ao médico”, existem diversos motivos que afastam esse público dos cuidados em saúde e isso não pode ser simplesmente relevado e ignorado.
Felizmente já vemos mudanças em relação a alguns acompanhamentos como no caso de lugares em que, durante o pré-natal de uma gestante, o genitor é convidado e incentivado a realizar alguns exames e promover uma melhoria da saúde.
Além disso, nas redes sociais, que são grande fonte de influência, há conteúdos voltados para a saúde masculina, basta filtrar e pesquisar por profissionais da área. Apesar de não serem maioria, eles estão lá para ajudar de alguma forma (fica a dica de conteúdo para os influenciadores, mas usem da responsabilidade e ética, hein? rs).
Se informar e compartilhar conteúdos sobre o assunto também auxiliam a inspirar mais pessoas a cuidar de sua saúde — que é algo tão valioso — e buscar ajuda se necessário. Faça sua parte!