A carnificina e o caos se espalhavam por todo lugar, dezenas de bárbaros foram mortos em tentativas atrapalhadas de invadir o castelo. Arqueiros nas muralhas caiam, mas levavam cinco vezes mais invasores. Efetivamente, apenas as catapultas causavam danos aos defensores, acertando aleatoriamente grupos de pessoas.

(leia a parte anterior aqui)

Logo a Mestra Dobrow não teve dificuldades para proteger a muralha noroeste. No centro, os portões caíram, mas todos os outros elementaristas conseguiram conter a invasão com certa facilidade, entretanto uma grande pedra lançada acabou matando um dos mestres gêmeos e sua aprendiz. Irritado, seu irmão perdeu o controle e se lançou em fúria para as muralhas ignorando as ordens de Anders.

Seus olhos brilhavam em fúria, algo que somente os jovens do exército tinham visto Anders e Iohan fazer, os mais sensíveis poderiam ver uma aura em volta dele, outros viram algumas nuvens mudando no céu, então uma chuva torrencial começou com ventos fortes que conseguiram incapacitar as catapultas. Cercado por alguns inimigos, ele ficou de joelhos esgotado, em seguida caiu de frente morto por exaustão. Em fúria, Iohan fez surgir duas paredes de gelo congelando aqueles que estavam próximos do corpo do seu aliado. As tropas bárbaras que viram aquilo, partiram em fuga, pois conheciam a fúria dele.

Ao meio-dia, os bárbaros partiram em retirada, era a primeira vitória dos defensores do reino em quase dois anos. Mais tarde, os amigos iriam descobrir que Felipe acabou morrendo por um ataque de catapulta como dezenas de outros.

Retomada

Trazer os elementaristas para o lado do reino provou-se muito eficaz, dezenas de bárbaros mortos na tentativa de tomar o castelo criou uma boa oportunidade para o conselho de guerra. Na noite seguinte, enquanto os mortos eram enterrados, e os enfermos mais graves eram enviados para a vila mais próxima, foi decidido por iniciar o plano de retomada imediatamente. Esse movimento já era esperado, mas acabou surpreendendo os mais jovens.

Foram dois dias para as tropas se reorganizarem. A jovem Chloe passou aos cuidados de Iohan, o impulsivo e talentoso mestre elementarista que não aceitava um novo pupilo há quase cinco anos. A contragosto, teve que acatar a decisão de Anders.

Agora, os jovens eram comandados por um novo capitão, Rikko, que foi liderado pelo pai de Marcelo no começo da guerra. E o objetivo era o mesmo, acompanhar a mestra Dobrow, algo que deixava Marcelo bem irritado a ponto de não conseguir mais esconder. O seu descontentamento foi motivo de uma discussão iniciada com Morwen na primeira noite quando acampavam já fora do castelo perto da vila do rio Tranquilo. Marcelo foi acalmado pelos outros e a mestra ordenou que sua pupila ficasse calada.

Terceiro dia, estavam todos prontos para invadir uma pequena vila que tinha uma defesa frágil montada pelos bárbaros, o ataque começou ao meio-dia com uma poderosa nevasca enviada por Iohan, que criou um boa abertura para facilitar o ataque, esse combate mal durou duas horas e deixou dezenas de bárbaros mortos, duas dezenas de prisioneiros e alguns feridos do lado de Dreen. Os moradores dali, receberam os soldados com festa, porém fecharam a cara para os elementaristas e ordenaram que eles saíssem da vila. Isso fez o grupo de Rikko acampar do lado de fora com eles. Naquela noite, Rikko escutou os mestres discutindo e questionando a decisão do conselho de mudar de lado na guerra.

Semanas de combates, o rei recuperou todas as suas vilas perdidas, a moral estava alta nas tropas, as vilas em festa depois de anos sob domínio bárbaro. Fábio não conseguiu ver as últimas conquistas, acabou ferido quando protegeu Morwen, pois grupos de bárbaros tentaram matar todos os elementaristas em um ataque combinado e desesperado no bosque denso a caminho da fronteira. Nesse ataque a mestra Dobrow, vários do grupo acabaram mortos.

Indignação

Vários jovens soldados e alguns veteranos estavam perplexos com a grande notícia. Após anos de guerra, o reino tinha recuperado todas as vilas perdidas, livrando seu povo dos bárbaros. A informação chegou a todas as partes do reino, o rei ficou muito feliz e prometeu grandes recompensas aos comandantes da guerra, porém alguns dias depois da liberação da última vila na fronteira, era imaginado que alguns soldados ficassem por ali para inibir qualquer tentativa de invasão futura.

Na linda manhã da primeira semana de primavera, os comandantes anunciaram um plano de expansão e anexação do vale bárbaro daquela região, isso resultaria na anexação de uma cidade independente e várias vilas próximas. A ideia era vender uma revanche para o povo e aproveitar o acordo com os elementaristas, mas a Ordem Branca não ficou feliz com aquilo, todos os membros foram ordenados a ficarem na fronteira dando apoio, além do retorno de vários deles que estavam há mais tempo na guerra.

A decisão da Ordem causou um grande atrito com o rei, vários problemas internos e um atraso de quase um mês no início da guerra de revanche. Enquanto isso acontecia, Guilherme compôs diversas músicas de lamentos pela perda dos amigos, Marcelo, revoltado ainda, comprava briga com os jovens aprendizes. Um dos comandantes soube de Guilherme e ficou muito irritado, mandou jogar o garoto na prisão e destruiu todos os instrumentos musicais dele.

Na semana seguinte, marcharam pelas terras bárbaras em um lindo vale florido cheio de verde onde não poderiam aproveitar essa visão, já que cada caminhada poderia resultar numa emboscada e custar a vida deles. Outra vez, jovens moveram a grande máquina da guerra perdendo seus sonhos e sua juventude por interesse de alguns que ficavam nas sombras. Em alguns meses, senhores ficaram ricos, o rei mais poderoso, novos duques surgiram e os traumas da guerra iram marcar décadas de problemas dentro do reino.