Daqueles jovens, Eduardo e Rodrigo não conseguiram retornar. Guilherme relatou a mesma coisa aos amigos, um mago muito poderoso de cabelos escuros, sozinho, separou três pelotões, dois escaparam, mas o de Eduardo foi encurralado por gelo e massacrado pelos bárbaros. Rodrigo não foi mais visto, acabou sendo considerado morto pelos companheiros.
(leia a parte 1 aqui)
No dia seguinte, não houve tempo para lamentar pelos amigos mortos, dezenas de jovens estavam incapacitados para lutar. Machucados e mutilados estavam aos cuidados dos sacerdotes da Ordem e médicos do exército, Felipe estava no local ajudando como podia.
Para surpresa e revolta de todos, nove magos elementaristas estavam ali ao lado dos comandantes que estavam muito satisfeitos e contentes. Aparentemente, o reino tinha conseguido comprar o apoio deles. Havia um sem aprendiz que parecia ser aquele descrito por Guilherme. A mestra mais jovem tinha uma aprendiz elfa. Um mestre de cabelos grisalhos tinha um jovem aprendiz ruivo. Os outros dois mestres que pareciam gêmeos tinham duas jovens aprendizes, eram as mais novas. Os aprendizes estavam sempre juntos e estavam incomodados com a situação, olhavam para as tropas de Dreen e eram retribuídos com olhares de raiva e ódio.
A notícia se espalhou rapidamente dentro do castelo e do lado de fora, onde uma parte do exército fazia a guarda ou treinava. Assim, Marcelo, Fábio e Guilherme ficaram sabendo disso tudo enquanto treinavam.
A notícia revoltou Marcelo, que demorou para ser acalmado pelos outros dois, eles sabiam o motivo. Marcelo perdeu o pai e o irmão no primeiro ano da guerra, as marcas nos corpos deles indicavam que teriam sido vítimas de elementaristas. “Eu queria acabar com eles, e não lutar ao lado desses monstros”, disse aos dois enquanto tentava voltar ao treino de forma estabanada.
Enquanto isso, Felipe cuidava, para sua surpresa, das aprendizes mais jovens, uma estava bem machucada, cheia de hematomas como se tivesse entrado em luta corporal, e as duas pareciam esgotadas, como se tivessem feito um enorme esforço físico. Uma sacerdotisa da Ordem já tinha verificado as duas à contra gosto, recomendou descanso para recuperar as forças.
Então cornetas de alertas foram sopradas por todo o castelo, quem podia, parou para ver o que acontecia. O exército bárbaro, reforçado, estava à frente do castelo, seu número era cinquenta por cento maior. Dois mensageiros estavam à frente das portas do castelo. O medo tomou conta de vários novatos, enquanto que outros estavam espantados pelo fato de terem se recuperado de forma tão rápida. Os mestres magos, junto com os comandantes observavam tudo, dois deles se aproximaram dos comandantes e informaram que o reforço previsto acabou chegando um dia antes.
Os capitães corriam por toda a parte, mandando todos os homens capazes de lutar irem para o pátio, enquanto que os arqueiros deveriam ir para as muralhas. Em pouco tempo, os mensageiros seriam mandados embora, pois não haveria negociação, nem rendição. Quando os mensageiros foram vistos retornando, três catapultas e dois aríetes élficos começaram a ser preparados. As catapultas iriam trabalhar a noite inteira, os aríetes se moveriam com os primeiros raios do sol do amanhecer.
Foi uma noite intensa, as catapultas acertavam as muralhas constantemente, os jovens se apavoraram. Dessa vez, os garotos ficariam juntos conduzidos por Longboat para proteger a mestre Dobrow e sua jovem aprendiz, Morwen. Aquele pequena unidade ainda contaria com uma jovem sacerdotisa da Ordem, Emma. Durante a noite inteira, montaram guarda esperando o amanhecer, não trocaram nenhuma palavra com os elementaristas.
Antes do raiar do sol, todas as tropas estavam prontas, já haviam dezenas de mortos de ambos os lados, uma parte do muro sudeste desmoronado, mas não permitia a invasão facilmente. Então dezenas de berros marcaram o início do assalto dos bárbaros ao castelo, os arqueiros dispararam até a exaustão, matando outras dezenas, enquanto um grupo grande tentava derrubar os portões com os aríetes usando uma proteção improvisada contra as flechas. Um grupo menor, e cada vez menor, tentava passar pelos buracos da muralha sudoeste, enquanto que um grupo maior tentava entrar por um grande buraco na muralha noroeste.
Os soldados aguardavam junto com os elementaristas e os sacerdotes da Ordem. Era estranho, quase todos os aprendizes estavam sentados em posição meditativa e os mestres esperavam sem mostrar nenhuma emoção, já boa parte dos sacerdotes parecia tensa com a situação da invasão iminente.
Com alguns minutos, os portões começaram a ceder. Em seguida, mestre Anders, o elementarista com cabelo grisalho, pediu para Dobrow verificar a situação da muralha noroeste, a unidade de Longboat seguiu com ela. Iohan, o poderoso mago de cabelo escuro, desceu em direção aos portões sem esperar ordens, o mestre de cabelo grisalho pediu para os mestres gêmeos o acompanhar enquanto ficava onde estava avaliando a situação.