O mundo está imerso na nova febre de Pokemon GO. Caçar os monstrinhos no mundo real é algo que chamou a atenção não só daqueles que já conheciam a franquia de jogos da Nintendo, com suas respectivas animações e quadrinhos, mas também das pessoas que nunca ouviram falar. Seria TÃO legal assim para todos?
O fato de apresentar uma jogabilidade simples, deslizar o dedo para lançar uma pokebola, e a tecnologia de realidade aumentada de modo acessível tornaram o game atrativo para um público que nem a própria Nintendo esperava, vendo suas ações subirem mais nas semanas após o lançamento do que quando lançou seus último consoles.
Convenhamos, o jogo é divertido mesmo. Estamos numa época de jogos mobiles casuais, com partidas rápidas que podem ser realizadas entre duas postagens no Facebook e até no tempo de espera para um semáforo abrir.
Ou seja, a ideia é muito boa. Você “caça” em segundos, basta sacar o celular, que vai te avisar sonoramente que existe um dos 151 pokemons nas proximidades, clicar nele e com alguns “swipes”, se não for MUITO ruim, terminar a sua captura, ganhando experiência e outras bobaginhas.
Sem falar de toda a estrutura e uso de pokestops e ginásios, cuja explanação não vem ao caso nesse post.
Mas por que estar falando tudo isso? Onde eu quero chegar com um post com pokemon e ROÇA na mesma frase?
Bem, deixe-me colocar a minha situação inicial no dia que lançaram esse joguinho maravilhoso.
Moro em Jacareí, no interior de SP, uns 90km da capital, e a melhor internet do meu bairro é via rádio, com um provedor chamado GOLDLINK. Acho que já dá para entender a parte da roça. Sempre que minha conexão caiu numa gravação tenho de escutar piadas de “passou uma vaca na janela” para baixo, mas isso foge ao assunto.
Além disso tenho um Galaxy S4 com a bateria zoada. Ele morre quando o medidor chega em 49%. Entretanto, isso não seria problema, já que carrego sempre uma bateria externa comigo. Seu processador é mais que suficiente para rodar o app.
Associada à estrutura tecnológica daqui está minha história com Pokemon.
Babaquices de lado, eu jogo pokemon desde o Red e Blue, sempre sou Team Blastoise, mesmo antes de a animação chegar para a nossa TV aberta.
(Fun fact: descobri que podia fazer “perguntas” para a internet, Altavista na época, quando digitei brincando em que level meu Hauter viraria um Gengar e descobri a merda da mecânica de evolução por transferência.)
Fui passando de geração em geração, nunca voltado para competição, até as versões lançadas para o NDS, último portátil que adquiri. Então dá para imaginar o quão pilhado eu estava para jogar Pokemon GO.
No maravilhoso dia da liberação dos servidores brasileiros, deixei tudo pronto. Bateria externa carregada, afazeres da casa concluídos, agenda limpa e estômago cheio.
Instalei o app! Yes!
A primeira surpresa foi boa. Meu prédio é um pokestop! Vibrei, afinal teria pokebolas novinhas em folha a cada 5 minutos, sentado no meu sofá!
Estava na dúvida se já saia tuitando tudo isso ou se saía logo para minha jornada de autotransformação em Mestre Pokémon. Só então me dei conta de algo. Iriam começar as bizarrices.
Onde estavam meus iniciais? Me falaram que eles apareceriam ali mesmo, em qualquer lugar, prontinhos para a minha escolha. Mas onde estava o meu tão desejado Squirtle? Que porra tava acontecendo?
Sério, tive de caminhar por quase 10 minutos no meu apartamento para eles aparecerem. Mas apareceram, ótimo! Game ON! Hora de ir para rua, aproveitar que ainda estava no início da noite e muita gente gosta de caminhar na rua por aqui. Não sofreria um BULBASSALTO.
Ah, nesse ínterim, já tinha mais 15 pokebolas e meu primeiro ovo!
Saí do prédio com o celular em quase 70% de bateria. Fuck, não faziam 20 minutos que eu havia tirado ele da tomada, mas pluguei a batera externa e vamos embora.
Morar na roça é sempre foda em relação a internet. Se a “fixa” é via rádio, imaginem como é o 3g, sim 3g é o limite. Tive de ficar num banco por 5 minutos até o app decidir que o fluxo de dados estava estável.
Já estava começando a ficar irritado, mas a expectativa era muito grande.
Aproveitei para dar um zoom-out e ver qual caminho eu faria passando pelos pokestops e se tinha um ginásio por perto. Adivinhe? Só tinha mais UM no bairro todo! Sem falar no ginásio que fica do outro lado da Rodovia Dutra (Br116), quem é de SP sabe bem o tamanho dessa estrada.
Foda-se, eu tinha certeza que me tornaria um Mestre Pokemon. Deu certo a conexão. Comecei a caminhar. Cada dezena de metros sugando meu ânimo. Onde estavam os pokemons?
Resultado: 85 minutos de caminhada, 6km e UMA PORRA DE UM ZUBAT!
Eu já estava xingando a Nintendo mais do que quando ela adiou o Zelda de novo na E3 do ano passado, mas respirei fundo. Sou um noob babaca. Vai que tinha feito algo errado?
Fui falar com os meninos do Meia-Lua, saber como estava a experiência deles. Obviamente rimos muito da situação, eles pela palhaçada e eu de nervoso, já que tinham capturado mais de 10 pokemons SEM SAIR DE CASA!
Me deram uma última sugestão. Usar o item consumível “incenso”, clássico pay-to-win, que atrai pokemons para perto. Me animaram com a expressão risível de “agora vai chover na sua horta”.
Resultado 2, o retorno: Menos um incenso (único que veio gratuitamente), 30 minutos de espera, UM EKANS e UMA RATATA!
Eu estava PUTO, não com o jogo em si, mas com a bizarra aparente relação entre pokemons passíveis de captura e a densidade demográfica local. Velho, não era para ser mais fácil achar pokemon NO MATO? Eu devia ter bicho saindo pelo ladrão aqui!
Aí me bateu… Estava faltando um pokemon. Meu ovo marcava que precisava de 5km para chocar. Eu havia andado 6km. Ele não deveria ter aparecido, nem que fosse outro zubosta?
Procura daqui, procura dali, abre menu, fecha menu. Encontrei o ovo de novo.
Precisava ter colocado ele numa ENCUBADORA! Não contou nem um mísero metro.
Resultado 3, O Final: Deletei essa merda de app do meu celular. Vai pra p*** que pariu!