De suas séries, Far Cry é uma das mais importantes para a Ubisoft. Conhecida por seus mundos abertos vastos, narrativas intensas e jogabilidade que combina ação, exploração e sobrevivência. Desde seu lançamento inicial em 2004, a série conquistou o público, oferecendo experiências imersivas em cenários exóticos e perigosos.
O primeiro Far Cry foi desenvolvido pela Crytek e se destacou por seus gráficos avançados para a época e pela liberdade que dava aos jogadores em enfrentar inimigos em uma ilha tropical. Após o sucesso, a Ubisoft assumiu a produção da franquia, expandindo o conceito de mundo aberto e explorando diferentes locais e narrativas. Tudo isso começou logo pela sequência em 2008, Far Cry 2. O jogo se destacou por abandonar os elementos de ficção científica de seu antecessor, focando em um cenário mais realista e brutal, ambientado em uma região fictícia da África Central devastada por conflitos armados e instabilidade política.
Outro ponto de destaque foi que desde o início do jogo, o protagonista sofre de malária, necessitando de medicamentos para conter os sintomas. Essa mecânica adicionou um senso de urgência e fragilidade, além de reforçar a imersão no contexto africano. E é nesse contexto que aprenderemos mais sobre essa doença. Então mantenha sempre por perto seu frasco de remédios e não esqueça de limpar bem suas armas, pois iremos falar sobre malária e Far Cry 2.
Ambientando em um país fictício da África Central, devastado por uma guerra civil entre duas facções rivais: a Aliança Popular para a Resistência (APR) e a União para a Libertação e Trabalho (ULA). O jogador assume o papel de um mercenário contratado para eliminar “The Jackal“, um traficante de armas que está fornecendo munição para ambos os lados do conflito, prolongando a guerra.
A narrativa do jogo é não linear, permitindo que o jogador escolha como abordar as missões principais e secundárias, além de decidir qual facção apoiar. No entanto, o jogo evita retratar essas escolhas como moralmente claras, focando em tons de cinza e na brutalidade da guerra. A história também aborda questões como corrupção, lealdade e sobrevivência, criando uma atmosfera sombria e realista.
Logo na introdução do jogo, o personagem principal é infectado com malária e a partir daí ele terá ataques a cada 30 ou 40 minutos na vida real. Esses ataques impactam diretamente na jogabilidade, fazendo com que o personagem fique com a visão turva e cansaço excessivo, impedindo que o protagonista corra ou pule. Se nada for feito, em caso mais extremos, o personagem pode cair desmaiado no meio de uma missão e acordar em um posto médico. Para controlar esses ataques, o jogador precisar constantemente tomar pílulas para aliviar os efeitos da malária, pílulas essas que são conseguidas através de missões secundárias ou compradas por diamantes, que movimentam toda a economia do jogo.
No nosso mundo, a malária é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos ao ser humano, na maioria das vezes, pela picada de mosquitos fêmeas infectadas do gênero Anopheles. É uma doença febril aguda, que pode se manifestar de forma leve ou grave, e até mesmo levar à morte se não for tratada adequadamente.
Diferente do que vimos no jogo, onde os sintomas são quase imediatos, geralmente eles aparecem entre 10 e 15 dias após a picada do mosquito infectado e podem incluir:
- Febre alta
- Calafrios
- Sudorese intensa
- Dor de cabeça
- Náuseas e vômitos
- Fadiga
- Dores musculares
- Icterícia (pele e olhos amarelados) em casos mais graves
Como já dito, a principal forma de transmissão da malária é através da picada do mosquito Anopheles infectado. Quando o mosquito pica uma pessoa infectada, ele ingere os parasitas presentes no sangue. Esses parasitas se multiplicam dentro do mosquito e, após alguns dias, migram para as glândulas salivares do inseto. Ao picar outra pessoa, o mosquito injeta os parasitas, iniciando assim uma nova infecção.
E não foi por mero acaso que os desenvolvedores escolheram um país da África como cenário para a história. A África concentra a maior parte dos casos e mortes por essa enfermidade no mundo, especialmente entre crianças menores de 5 anos. A combinação de fatores climáticos, pobreza, infraestrutura precária, resistência aos medicamentos e conflitos armados tornam o continente africano particularmente vulnerável à malária. Causando um impacto devastador na saúde e na economia dos países africanos, já que há um aumento na mortalidade infantil, redução da produtividade e sobrecarga no sistema de saúde.
Apesar da situação ser crítica na África, países como Paquistão e Papua-Nova Guiné também possuem número alarmantes. No Brasil, a maior parte dos casos de malária ocorre na Região Amazônica, onde as condições climáticas e ambientais favorecem a proliferação do mosquito transmissor, o Anopheles. Embora os números de casos tenham diminuído nas últimas décadas, a doença ainda representa um desafio para o país.
As ações de prevenção e controle da malária no Brasil são coordenadas pelo Ministério da Saúde e envolvem diversas estratégias, como: distribuição de mosquiteiros, diagnóstico e tratamento precoces, controle vetorial e educação em saúde. É importante ressaltar que, no Brasil, ainda não há uma vacina disponível contra a malária. A única vacina existente foi desenvolvida para alguns países africanos onde há alta transmissão da malária causada pelo Plasmodium falciparum (uma das espécies do parasita) e é destinada exclusivamente a crianças pequenas.
Já quanto ao tratamento da malária, esse varia de acordo com a espécie do Plasmodium e a gravidade da doença. Medicamentos antimaláricos, como a artemisinina combinada com outros fármacos, inclusive cloroquina (aqui usada de maneira correta), são eficazes no tratamento da infecção. Porém é essencial que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados o mais rápido possível para evitar complicações, mas mais importante ainda é que o diagnóstico e tratamento sejam feitos por um por um profissional da saúde. A automedicação, além de poder causar danos ao paciente, também faz com que o Plasmodium desenvolva resistência aos medicamentos. Se o protagonista do jogo existisse na vida real, provavelmente ele teria contribuído para essa resistência do Plasmodium por causa da quantidade de medicamentos que tomamos durante a jogatina. Como diria minha avó: não é bolinho, não…
E é isso, chegamos ao fim. Apesar de suas inovações, como o sistema de propagação de fogo, Far Cry 2 recebeu críticas mistas por conta de sua dificuldade elevada, mecânicas repetitivas e a presença de checkpoints inimigos que reaparecem rapidamente. Ainda assim, é considerado um jogo memorável por sua atmosfera densa, foco no realismo e abordagem madura ao gênero de tiro em primeira pessoa, além de construir as bases para tudo que a Ubisoft fez nas sequencias. O sistema de infecção por malária, apesar de ter sido mal recebido na época, hoje é reconhecido como uma mecânica que trouxe mais variedade ao gameplay. Uma coisa engraçada é que o jogo ficou conhecido pelo seu sistema de cura a lá Rambo:
Deixe aí nos comentários suas crítica e/ou sugestão e qual sua opinião sobre Far Cry 2. E já que falamos de África não podemos deixar de ouvir esse que é um dos hinos dos 80:
Fontes: Wikipédia, Far Cry Fandom, Voxel, Ministério da Saúde, Biblioteca Virtual em Saúde e Sociedade Brasileira de Medicina Tropical