Em uma era onde boa parte do orçamento de grandes jogos vai para o marketing, certos jogos vão na direção contrária e não investem nada ou quase nada na divulgação, apostando suas fichas na recomendação dos usuários, o famoso boca a boca.
Foi o que Scott Cawthon adotou para promover o seu jogo Five Nights at Freddy’s, lançando-o de maneira quase de “surpresa”, o que gerou curiosidade e especulação entre os jogadores. Esse estilo misterioso de lançamento ajudou a gerar uma atenção crescente nos fóruns e redes sociais, à medida que os jogadores discutiam e tentavam decifrar os mistérios do jogo.
Five Nights at Freddy’s se tornou um sucesso estrondoso por uma combinação de fatores inovadores e estratégicos, que capturaram a atenção do público e criaram uma base de fãs extremamente dedicada, mas sua principal característica são os inimigos animatrônicos. Eles são o coração do jogo e desempenham um papel crucial no medo e no mistério que permeiam a franquia. Criados para serem as atrações principais de uma pizzaria infantil, esses robôs se tornam as ameaças aterrorizantes do jogo.
Então se prepare, pegue sua lanterna e fique de olho em todas as câmeras, pois iremos aprender mais sobre a engenharia dos animatrônicos em Five Nights at Freddy’s.
Lançado em 2014, o primeiro jogo rapidamente ganhou popularidade devido à sua atmosfera tensa, mecânicas únicas e história envolvente, sendo desvendada aos poucos pelos jogadores.
O enredo principal de Five Nights at Freddy’s gira em torno de uma pizzaria chamada Freddy Fazbear’s Pizza, um local inspirado em franquias como Chuck E. Cheese, onde crianças podem brincar e se divertir. No entanto, à noite, os animatrônicos — personagens robóticos que se apresentam durante o dia — se tornam mortais e começam a caçar o segurança noturno, que deve sobreviver até o amanhecer.
A jogabilidade do primeiro jogo é simples, mas assustadora: o jogador assume o papel de Mike Schmidt, o vigia noturno, e deve monitorar as câmeras de segurança para observar os movimentos dos animatrônicos. Para se defender, é preciso gerenciar recursos limitados, como eletricidade, enquanto tenta sobreviver às investidas dos animatrônicos até as 6 horas da manhã, momento em que o turno termina.
Conhecendo a trama e a jogabilidade, vamos falar sobre os animatrônicos. Em Five Nights at Freddy’s, os animatrônicos são figuras robóticas que, durante o dia, são projetadas para entreter as crianças nas pizzarias, mas à noite se tornam perigosos e assassinos. Embora no mundo real os animatrônicos sejam geralmente inofensivos, no jogo, eles são a principal fonte de terror, com movimentos sinistros, comportamentos anormais e uma presença ameaçadora, se tornando um dos aspectos mais marcantes da franquia.
Na vida real, animatrônicos são figuras mecânicas ou robóticas projetadas para se mover e, em alguns casos, imitar comportamentos humanos ou animais. O termo “animatrônico” é uma combinação das palavras “animar” (dar movimento) e “eletrônico” (referente à tecnologia envolvida). Originalmente, os animatrônicos foram criados para fins de entretenimento, como em parques temáticos, filmes, espetáculos e atrações turísticas.
Os primeiros animatrônicos a serem apresentados ao público foram um cachorro e um cavalo, ambos exibidos em dois espetáculos distintos durante a Feira Mundial de 1939, em Nova York.
Um desses animatrônicos foi Sparko, o Cão Robô, que fazia parte do espetáculo de Elektro, um robô humanoide que interagia com o público. Ao contrário de muitas representações de robôs da época, que eram baseadas em seres humanos ou figuras mecânicas, Sparko era um animal robótico, o que o tornou o primeiro animatrônico moderno a imitar a vida animal.
O primeiro uso significativo de animatrônicos foi na atração The Enchanted Tiki Room, na Disneyland. Essa atração apresentava pássaros, flores e ídolos que se moviam e cantavam de forma sincronizada com músicas e efeitos sonoros. Foi uma inovação tecnológica para a época e marcou o início da utilização de animatrônicos como uma ferramenta essencial em atrações de parques temáticos.
Um marco ainda mais significativo foi o desenvolvimento do animatrônico de Abraham Lincoln, apresentado na Feira Mundial de Nova York em 1964-1965, na atração Great Moments with Mr. Lincoln. Este animatrônico era notável por sua capacidade de realizar movimentos realistas e expressivos, como levantar-se de uma cadeira, gesticular com as mãos e mover a cabeça de forma convincente. Ele demonstrava um nível de detalhe e fluidez que era revolucionário para a época.
Embora Walt Disney tenha popularizado e refinado os animatrônicos modernos, ideias semelhantes já existiam antes. Dispositivos mecânicos, conhecidos como autômatos, foram criados muito antes da era moderna, mas sem o uso de eletrônica. Alguns exemplos históricos incluem:
- Autômatos simples, como pássaros mecânicos que cantavam, eram usados como entretenimento em cortes reais e templos durante a Antiguidade e Idade Média.
- Inventores como Jacques de Vaucanson criaram autômatos avançados, como um pato mecânico que podia bater as asas e simular a digestão no Século 18.
- No século 19, peças e shows usavam autômatos para criar movimentos realistas em personagens.
Animatrônicos geralmente possuem motores elétricos, mecanismos hidráulicos ou pneumáticos e sistemas de controle computacional que permitem a realização de movimentos específicos. Eles podem ser usados para simular a movimentação de figuras como animais, seres humanos ou até criaturas fantásticas, com movimentos bastante realistas, incluindo gestos, expressões faciais, movimentos de boca, olhos e cabeça.
Normalmente, os animatrônicos têm componentes como:
- Motores de servomecanismo para movimentos precisos (como abrir e fechar uma boca, mover os braços ou cabeça).
- Atuadores hidráulicos e pneumáticos para movimentos maiores e mais fluidos, usados em sistemas que exigem força (como nas pernas ou torso).
- Sensores e câmeras para permitir interação com o público ou detectar objetos ao redor.
No jogo, cada animatrônico possui uma identidade única, com características e comportamentos distintos, isso reflete a diversidade de movimentos e velocidade com que são realizados, tudo dependendo de como foram construídos. No caso de Five Nights at Freddy’s, seus animatrônicos possuem movimentos mais truncados e “robóticos”, usando isso para criar o clima mais sombrio e aterrorizando que o jogo se propõe, mas recentemente chegamos em um nível de tecnologia que muitos animatrônicos já possuem movimentos fluidos e suaves, parecendo mais como uma animação que ganhou vida. E, sem surpresa alguma, é a Disney quem encabeça essa evolução, mostrando seus novos animatrônicos em diversas atrações espalhadas pelos seus parques.
A engenharia dos animatrônicos é um campo que combina diversas disciplinas para criar robôs capazes de imitar movimentos humanos e animais de maneira fluida e natural. Através de um equilíbrio entre mecânica, eletrônica e programação, os animatrônicos se tornaram um pilar essencial do entretenimento em parques temáticos, filmes e atrações. Desde seus primórdios na Disneyland até seu uso em obras cinematográficas como Jurassic Park e séries de terror como Five Nights at Freddy’s, os animatrônicos evoluíram para alcançar um nível de realismo impressionante.
Eles continuam a ser uma ferramenta essencial para criar experiências imersivas e, em alguns casos, como no universo de Five Nights at Freddy’s, ganharam uma interpretação sombria e assustadora. Com seus sustos repentinos, atmosfera carregada e narrativa intrigante, o jogo se consolidou como uma das franquias mais marcantes do gênero de jogos de terror.
E chegando ao final, espero que tenham gostado. Caso ainda não tenha jogado Five Nights at Freddy’s, deixo como recomendação que pelo menos dê uma olhada, apesar de um jogabilidade simples, o desafio é alto e os sustos são garantidos.
Fico no aguardo das críticas e sugestões. Até a próxima e abraço.
Fontes: Wikipédia, Adoro Cinema, Freedy Fazbears Pizza Fandom, Mundo Estranho, Quora e Meio Bit