Com o avanço da tecnologia muitas técnicas de observação, de busca e coleta de dados vieram sendo desenvolvidas no estudo do universo, juntamente com isso, técnicas de busca por mundos extraterrestres.
Vamos falar aqui um pouco sobre algumas dessas técnicas e em que tipos de dados elas se baseiam para concluir sobre a existência de planetas orbitando outras estrelas.
E ai pessoal, que saudade que eu estava de conversar com vocês, espero que estejam todos bem. Hoje eu queria trazer para vocês um assunto bem interessante, coisa de outro mundo.
O que são exoplanetas, e quais técnicas são utilizadas para identificar novos candidatos do quintal de sua casa.
De uma maneira bem resumida, exoplanetas, que também são conhecidos como planetas extrassolares, são planetas que se encontram fora do sistema solar, orbitando outras estrelas, ou seja, pertencem a outros sistemas planetários.
A primeira evidência da existência de planetas fora do nosso sistema solar foi obtida em 1917, porém a primeira confirmação de detecção só chegou muitos anos mais tarde, em 1992. Com o rápido avanço da tecnologia e dos métodos de detecção, hoje essa contagem já passa dos milhares e aumenta continuamente.
Atualmente existe uma série de métodos para detecção desses exoplanetas, vamos aqui abordar algumas delas.
Vamos as técnicas…
Velocidade radial
Esse método utiliza os efeitos da interação gravitacional entre dois corpos para poder detectar a existência de um exoplaneta.
Dois ou mais corpos que interagem gravitacionalmente (como por exemplo a Lua e a Terra ou Saturno e a matéria existente em seus anéis), geram impacto nas órbitas uns dos outros simultaneamente.
No sistema Terra-Lua, a Lua exerce efeito gravitacional sobre a Terra, da mesma forma que a Terra exerce efeito sobre a Lua. O mesmo ocorre com uma estrela que está sendo orbitada por um ou mais planetas, à medida que os planetas vão se deslocando ao longo de suas órbitas, eles vão gerando pequenos deslocamentos na órbita da própria estrela. Essas variações fazem com que a velocidade com que essa estrela se afasta ou se aproxima de nosso planeta sofra sutis variações. As mudanças na velocidade, por sua vez, podem ser determinadas devido a um efeito chamado Doppler.
*Caso você não tenha entendido, deixo aqui um breve gancho de leitura para outro artigo que explica exatamente como esse efeito funciona: [Efeito Doppler].
As estrelas candidatas a possuir planetas em sua órbita são monitoradas por um certo período de tempo, para verificação da repetição dessas variações na velocidade, confirmando assim existência de um outro corpo celeste gerando variações cíclicas no deslocamento dessa estrela.
Uma característica marcante desse método é que, avaliando a mudança do deslocamento da estrela, é possível inferir a massa do planeta que gera esse impacto no corpo maior. Um outro dado curioso sobre essa técnica é que ela era a maneira mais eficiente de detectar exoplanetas até meados de 2012, quando o método do trânsito passou a ser empregado pela sonda Kepler e se tornou o método que mais detectou planetas orbitando outras estrelas.
Fotometria de trânsito
Imagine que você está caminhando na rua e observa um holofote iluminando um outdoor bem na sua frente, enquanto segue seu caminho você acaba por passar na frente desse holofote, projetando assim a sua sombra naquele outdoor. Ao olhar para aquele grande outdoor você percebe que uma boa parcela dele ficou na penumbra causada pelo seu corpo barrando a luz de atingir o seu alvo e outras partes permanecem iluminadas. Seguindo esse mesmo exemplo, imagine agora que alguém instalou um sensor de luz naquele outdoor para determinar se os equipamentos de luz estão funcionando normalmente ou se algum problema ocorreu.
O que você acha que ocorreu no instante em que você passou na frente daquele holofote? Com toda certeza o sensor ali instalado deve ter disparado um alerta para a equipe técnica avisando que ocorreu alguma obstrução na iluminação instalada, porém como você seguiu seu caminho naturalmente aquela obstrução parou de acontecer e as leituras do sensor logo se normalizaram, certo? Certo.
Tá, mas e por que eu contei essa breve história?
Pelo simples fato de que esse é o mesmo princípio de funcionamento do método fotométrico.
Durante a observação de uma estrela, caso um corpo (planeta) cruze na frente dessa, a luz que nós captamos desse astro irá diminuir um pouco. Ou seja, uma curva de luz gerada pela estrela sofre uma oscilação.
Diferente do método de velocidade radial, o método do trânsito consegue determinar o tamanho do planeta de acordo com o tamanho da variação da curva de luz. Quando são cruzados os dados obtidos com o trânsito e com a análise da velocidade radial, é possível obter a densidade do planeta, e a partir disso conseguimos inferir algumas características da estrutura desse planeta.
Bem, nem tudo são flores. Esse método possui dois pontos negativos bem marcantes, um deles é o fato de que só conseguimos observar o trânsito de um planeta quando sua órbita está alinhada com a nossa linha de visão da estrela. O outro ponto negativo desse método é a sua grande taxa de falsos positivos. O que faz com que seja necessário combinar os dados desse método com outros para se ter uma detecção mais contundente.
Variações elipsoidais
Temos um outro método bastante curioso chamado de variação elipsoidal, esse método também faz análises da variação do brilho da estrela, porém essa variação é decorrente da forma da estrela que fica ligeiramente elíptica, consequência de distorções de maré provocadas por um planeta massivo nas proximidades dessa estrela.
Estrela elíptica, distorção de maré????
Eu também não entendi nada.
A “atração gravitacional” gerada por um corpo sobre outro é inversamente proporcional à distância entre esses dois corpos, ou seja, quanto mais distante esses corpos estão, menor é a atração entre eles.
Transportando essa lógica para nosso modelo orbital, o lado da estrela que está mais próximo do planeta em sua órbita sofre um efeito de atração mais forte do que o lado mais afastado dessa estrela, o que faz com que o lado mais próximo desse planeta seja “puxado com mais força”, fazendo assim com que a estrela fique com um perfil mais alongado.
Devido a essa estrela “deformada” ter rotação, o brilho dela oscila, permitindo assim que os cientistas consigam inferir a existência de um planeta em sua órbita.
Fora esses métodos que eu descrevi a pouco, existem vários outros que também são utilizados, até mesmo observação direta desses exoplanetas, muito curioso, não?!
É isso pessoal, hoje eu vou ficando por aqui, um abração!!!