O Destino de uma Nação (em inglês, Darkest Hour) é um filme que conta os primeiros dias de Winston Churchill (Gary Oldman) no cargo de Primeiro Ministro inglês, tendo que lidar com o avanço de Hitler sobre a Europa no início da Segunda Guerra Mundial. Qualquer livro de História geral serve de spoiler, já que o roteiro é bem fiel ao que aconteceu quando – se você não sabe, segure-se na cadeira – a Inglaterra não negociou um tratado de paz e declarou guerra à Alemanha nazista.
O recorte temporal do filme é restrito a maio de 1940, e começa quando o então PM britânico Neville Chamberlain (Ronald Pickup) perdeu a confiança do Parlamento com os avanços ferozes de Hitler sobre os territórios da Bélgica, Holanda e França e se vê sem outra opção que não renunciar ao cargo. O nome de Winston Churchill é quase odiado pelos outros membros de seu próprio partido conservador e pelo Rei George VI, mas parece ser o único consenso com a oposição, e daí começa a saga do velho Churchill para conquistar corações e mentes ingleses em um período de tanta dificuldade. Sofrendo pressões de todos os lados, Churchill tem que tomar uma decisão crucial entre ceder ou lutar.
Qualquer pessoa que conheça bem a história da Segunda Guerra Mundial não se surpreenderá com os fatos retratados, mas a forma como o diretor Joe Wright (Pride & Prejudice e Anna Karenina) conduz a história deixa a narrativa intensa, já que o filme é capaz de transmitir toda a tensão política e incertezas ao público, como se todos estivéssemos sentados no Gabinete de Guerra junto com aquelas figuras históricas. Desde o lado pessoal de Churchill, suas fraquezas, medos e angústias até as conversas de corredores e tramoias políticas, Wright e o roteirista Anthony McCarten acham o tom perfeito que deixa até o expectador mais conhecedor de História tenso e ansioso. **Palmas**
A premiação do Globo de Ouro deste ano para melhor ator de drama só comprova que a atuação do também britânico Gary Oldman no papel de Churchill é espetacular, com o ator acertando em cheio os maneirismos do lorde britânico, incluindo as pausas friamente calculadas de seus discursos – o que dá ao personagem uma humanidade muito pouco vista em outros Churchills da TV e do cinema. Muitos críticos já destacam Gary Oldman como o principal candidato ao Oscar de melhor ator deste ano, e talvez o melhor Churchill de todos os tempos nas telinhas e telonas. O filme também conta com excelentes intervenções femininas das personagens de Kristin Scott Thomas (como Clementine, esposa de Churchill) e Lily James (como Miss Layton, datilógrafa do Primeiro Ministro), que se mostram figuras influentes sobre como Churchill lê o cenário político e lida com toda a situação.
Para aqueles que amam a história da Segunda Guerra (como eu), o filme é um prato cheio, com famosas referências históricas como “nada tenho a oferecer além de sangue, suor e lágrimas” e o famoso “V for Victory” nos dedos do aclamado primeiro ministro inglês. Quem curte um bom drama, vai se deleitar com os excelentes trabalhos de Oldman, Wright e de toda a equipe do filme em transmitir ao expectador toda a realidade de um momento tão crucial para a história mundial.