Daniel e Alerin estavam contentes, pois foram pagos pelo prefeito pelo serviço prestado, e conseguiram mais dois trabalhos que iriam deixá-los com os bolsos cheios por várias semanas. Iriam escoltar os comerciantes até o local onde deixaram as mercadorias, além de providenciar ajudantes para carregar as mercadorias garantindo que os clientes não se perdessem na floresta. Receberam algumas moedas de ouro antecipadas para invadir e matar todos os goblins dentro do seu esconderijo. Era necessário um grupo maior, mas não seria uma tarefa complicada achar alguém na taverna que sempre atraia pessoas dispostas a realizar serviços perigosos por um pagamento justo. Os dois estavam retornando para lá quando Daniel foi interrompido pelo anão:
– Lembre-se, Daniel. Nada de malditos elfos, tudo bem? Não os vejo por essas bandas há algum tempo, mas se dermos algum azar, nada de contratá-los, certo? – lembrava o anão sobre algum acerto que tinha feito com seu sócio.
– Tudo bem… – respondeu com desdém o mago que parecia não ligar muito para o aviso.
Os guerreiros não acompanharam os dois, foram a cidade em busca de alguns garotos que pudessem ajudar os mercadores, deram sorte, pois próximo ao estabulo acharam alguns deles. Aceitaram uma moeda de ouro para fazerem o serviço, uma moeda para os três! Complicado foi dispensar outros quatro que queriam participar e insistiam em seguir os guerreiros, só desistiram quando o rastreador mostrou a lamina de sua espada para eles.
Chegando a taverna com os garotos, Alerin estava do lado de fora com duas pessoas: um caçador que usava proteções de couro surradas, além de carregar um arco, uma aljava e uma espada curta na cintura, tinha barba e cabelos castanhos e uma expressão séria, parecia ser uma pessoa antipática; o outro homem tinha bigode pequeno e rosto fino, era magro e baixo para os homens daquela cidade, não parecia levar nenhuma arma, mas dificilmente alguém andava sem nenhuma, ao contrário aqueles que pareciam desarmados eram os mais perigosos.
– Onde está o mago? – perguntou o guerreiro impaciente.
– Calma, meu caro. Está falando com Elisa, estaremos prontos para partir em breve – explicava o anão enquanto apontava para porta de entrada com o polegar.
O guerreiro estava fervendo por dentro, pois não esperava a hora para matar mais alguns goblins e por as mãos nos objetos que poderiam estar naquele esconderijo, por sinal, não gostou da presença de outras pessoas, significava que deveriam dividir os ganhos. Daniel saiu de lá acompanhado de um jovem guerreiro trajando proteções simples de couro, este tinha uma espada curta e um punhal na cintura, provavelmente um garoto com algum treinamento, possivelmente será um guarda da cidade no futuro.
– Saudações! Este é Edson, é filho do taverneiro, e será em alguns anos um protetor dessa cidade, irá ajudar nossos amigos comerciantes – explicava o mago para acalmar os guerreiros que pareciam surpresos com a presença do jovem.
Os guerreiros ficaram assustados com a possibilidade do mago estar trazendo um fardo para grupo, pois aquele garoto não tinha experiência em combates para ajudá-los contra os goblins.
– Esse outros são John Hill um perito com arcos que matou várias daquelas criaturas na floresta durante suas caçadas, e Mitchel Walker, um caçador de tesouros, sua furtividade será útil dentro do esconderijo dos ladrões – completou Alerin apresentando os novos companheiros para os guerreiros, os garotos não pareciam ligar muito para as conversas e estavam ansiosos para começar sua primeira “campanha”.
Os dois fizeram um gesto com a cabeça reverenciando os guerreiros e ignorando os garotos, eles avistaram dobrando a esquina um grupo de mercadores com uma carroça, eram quatro pessoas companhando aquele transporte que era puxado por burros.
– Com a chegada de nossos contratantes, já podem ir, vamos! – o mago estava contante por liderar aquele grupo de pessoas.
Saindo da cidade, não demoraram muito para chegar no local onde os comerciantes foram surpreendidos pelos pequenos ladrões. Nesse local, Daniel deixou Edson cuidando da carroça junto com um comerciante, e o resto do grupo seguiu pela floresta com alguma cautela, pois os goblins poderiam estar a espreita novamente. Treze pessoas passaram a noite apertados numa clareira, foi uma noite tranquila, depois que aqueles garotos finalmente se calaram. Daniel notou que os comerciantes olhavam e cochichavam constantemente sobre algo, Daniel tinha a sensação que conheciam o ladino. No outro dia, saíram cedo e chegaram no final da manhã na outra clareira onde tinham escondido as mercadorias. Os contratantes agradeceram pelos serviços prestados e entregaram a Daniel uma pequena bolsa de couro com o restante do pagamento pela proteção, distribuíram as cargas entre si e os garotos, entraram na mata voltando pelo caminho de onde vieram para retomar seus negócios e com algumas histórias para contar em suas viagens.
Daniel dividiu o ouro com o grupo, e descansaram um pouco para seguir em direção ao esconderijo. A caminhada pela mata foi cansativa mesmo conhecendo o lugar por onde iam, e deveriam estar recuperados para invadir um local conhecido pelas criaturas, o inesperado poderia surgir, mas o lucro poderia ser até maior do que o pagamento esperado, o local poderia estar cheio de objetos valiosos roubados pelas criaturas. Não perderam mais do que uma hora na clareira e seguiram em direção ao lugar guiados pelo rastreador.
Quando chegaram ao limite da floresta ainda camuflados pela mata para evitar que fossem avistados. Ficaram a uma distância de setenta metros do pé da montanha, conseguiam avistar a entrada para uma caverna onde os goblins se escondiam e levavam os produtos roubados de qualquer um que tivesse a infelicidade de cruzar seu caminho. Nada vivo estava a vista, a entrada da caverna era iluminada pelo sol, ninguém vigiava a entrada daquele local.
– Senhores, não vamos perder tempo, vamos invadir e tomar o controle, matar qualquer criatura que esteja no nosso caminho. Guerreiros fiquem na vanguarda, estaremos atrás de vocês com o caçador – explicou o mago e os outros pareciam concordar com a ideia.