Alerin estava rindo e fazendo a aguarda do último turno, essa foi a ordem da vigília combinada entre eles, porém sua alegria logo se tornara preocupação. Notou que alguma coisa se aproximava do acampamento, os arbustos a sua frente começaram a balançar. Pegou seu martelo de combate e calmamente se movia para franquear o que estava tentando invadir, o outro guerreiro também tinha acordado, pois escutou o barulho dos arbustos. Pegou sua arma e fez sinal para o anão aguardar, então escutaram uma voz conhecida.
– Parabéns! Vejo que estão atentos! Mesmo o jovem anão que tem pouca experiência, percebeu minha aproximação antes de chegar nesses arbustos, estou impressionado – falou o guerreiro rastreador .
– E então? Achou o refugio dos goblins? – procurava saber o anão.
– Sim, achei o esconderijo deles, mas agora preciso descansar um pouco, bebi e comi no caminho, mas preciso recuperar minhas forças, creio que poderá ser lucrativo e talvez aquele lugar tenha objetos roubados de valor – o guerreiro estava feliz com a descoberta.
Logo os dois foram descansar e deixaram o anão com sua entediante vigília que lembrou de algo e voltou a rir… Algumas horas se passaram quando o silêncio foi quebrado por um mago muito zangado.
– F…. de anão! Pagarás pela brincadeira, Alerin! Seu maldito! – gritava irritado o mago dentro de sua barraca – Maldito! Entra na minha barraca, mexe nos meus pertences! – gritava o mago visivelmente irritado com Alerin.
Por causa do falatório do mago, os dois guerreiros levantaram, mas não pareciam irritados por acordarem mais cedo do que planejavam. Ficaram curiosos para saber que peça o anão tinha aplicado no seu sócio. Daniel saiu da barraca com um enorme rabo de cavalo e uma cara demonstrando irritação com a situação, enquanto desmontava a proteção da noite, falava:
– Chegando a cidade, você arrumará uma tesoura nova, maldito! E não ouse entrar na minha barraca ou mexer em algo novamente, garanto que irá se arrepender se insistir com a brincadeira – ameaçava o mago visivelmente contrariado com a brincadeira.
– Como você fez para crescer o cabelo dele? – perguntavam curiosos os guerreiros.
– Não fiz nada com o cabelo dele… hehe – ria o jovem anão.
– O que ele fez contigo? – insistiam os guerreiros – Porque seu cabelo cresceu tão rápido? – estranhavam os guerreiros, não vinham com bons olhos um homem com um cabelo do tamanho típico de uma mulher.
Nesse momento, o anão caiu na gargalhada o que fez o mago ficar ainda mais irritado.
– Vocês cuidem dos seus próprios negócios! Lido com esse anão mais tarde. – falava o mago – Alerin, arrumarei um lugar para você no circo de San Juan, o que achas?
– Não obrigado – ainda rindo – Vamos comer algo e chegar a cidade, precisamos receber nosso pagamento. E então rastreador? O que achou perseguindo aquele goblin? – Alerin preferiu mudar o assunto…
Andei por umas horas seguindo aquele goblin desesperado até o pé da montanha Sombria, achei uma caverna, a criatura entrou com muita pressa, é o esconderijo deles! Quando pensei em entrar, escutei aquele conversando com outros goblins, não sei quantos deles estão lá dentro, ou a existência de objetos de valor – assim o rastreador descrevia calmamente o que tinha encontrado – quando retornei até o local da luta já estava anoitecendo, decidi descansar naquela clareira, por sorte, vocês ficaram por perto.
– Concordo com o anão devemos, retornar a cidade para recebemos, recuperar nossa energia e decidir o que fazer com relação a esse esconderijo podemos lucrar bastante se houverem objetos de valor – argumentou o outro guerreiro enquanto comia algo.
– Já tenho uma ideia sobre o que fazer, mas precisamos voltar a cidade e falar com a guarda. Vamos deixar as mercadorias aqui, veremos se os comerciantes sobreviventes têm interesse em recuperar a mercadoria roubada e pagar por uma escolta até aqui – explicava o jovem mago que parecia agradar os guerreiros com sua ideia.
Todos concordaram com o mago, ficaram prontos e tomaram a direção para voltar a cidade, antes de partirem disfarçaram a carga recuperada com alguns galhos e arbustos. Caminharam rapidamente e cautelosamente pela floresta, não estavam mais seguindo ninguém e não precisavam mais ficar tão atentos para não perder nenhum rastro dos ladrões, mas não queriam chamar a atenção de ninguém. Chegaram ao final da manhã na primeira clareira onde descansaram, fizeram uma pausa e continuaram em frente passando pelo local do massacre. A cena tinha sido mudada, o lado da estrada tinha pedaços de madeira das carroças quebradas, algumas manchas de sangue no chão, mas os corpos foram removidos, junto com parte das carroças que poderiam ser reaproveitadas. O local ainda não tinha sido purificado. Ao entardecer chegaram a cidade de Nerl, aqueles que guardavam a entrada da cidade ficaram surpresos, não esperavam que o grupo retornasse tão rápido. Depois que entraram na cidade, Daniel virou para o grupo e falou:
– Vamos a taverna descansar um pouco. Encontraremos os comerciantes e pagaremos a alguém para ir avisar a guarda sobre a nossa chegada – falou o mago apontando em direção a construção que ficava a poucos metros da entrada.
Andaram mais alguns metros e começaram a ser circundados por cachorros vadios que ficavam próximo a entrada em busca de alguma comida para saciar sua fome, era costume dos clientes do local sair do estabelecimento e jogar alguns ossos para os bichos. Alguns gostavam de agradar aqueles animais, mas o dono do estabelecimento não gostava deles atormentando os clientes, outros com intenção maldosa jogavam algum pedaço de carne no meio deles esperando ver uma briga feroz entre os pobres animais.
– Alerin, estaremos dentro da taverna – então o mago falou algumas palavras mágicas, seus olhos brilharam, e esse encantamento fez o anão cair desacordado no chão.
Daniel ficou um pouco tonto e foi seguro por um dos guerreiros, enquanto limpava o sangue que escorrida do seu nariz, recolheu os pertences do anão, o martelo de combate e uma bolsa com seus pertences e moedas de valor…
– Rastreador, baixe as calças do anão – ordenou rindo o mago ao guerreiro com algo maldoso em mente.
Daniel retirava da bolsa do anão um pote de mel enquanto o guerreiro retirava as calças do anão que estava profundamente adormecido, derramou o pote de mel no anão e falou:
– Agora estamos quites, espero que pare com essas palhaçadas – saiu gargalhando junto com os guerreiros em direção a entrada da taverna.