– Bom dia, senhor anão! Ou posso dizer, saudações, Alerin, o matador de demônios – vez uma reverência ao agora famoso sócio e amigo ferido.

– Bom dia, senhor mago! Receio que chegaste tarde – ria claramente satisfeito em rever o amigo inteiro.

– Hum! Creio que sua boa mãe não esqueceu de seu pobre amigo, a senhora sua mãe sempre tem algo guardado para mim – dizia batendo a mão na barriga.

– Ela tem um sentimento de agradecimento por ter trazido o filho dela quase inteiro para casa – apontou para um bela cadeira de madeira para o visitante se sentar.

– Verdade! Mas é uma mulher de bom coração. Agora, imagine o sentimento de agradecimento do seu pai ao trazer o campeão da família de volta a casa – falava isso com um belo sorriso.

– Depois quero ver a joia que ele te deu – meu caro sócio.

– Claro que sim. Vejo que você tem um troféu pelo seu feito num belo cordão trabalhado – apontava para o dente do lobo.

– Caro, sr. anão. Consegui outro serviço, lembra das moças que salvamos? Estavam indo para Belo Jardim, são da cidade do porto ao sul. Antes de morrer o pai queria que fossem cuidadas por seu irmão mais novo, acabaram sequestradas pelos goblins.

– Sim, o que seria das pobres moças se aquele monstro colocasse as patas nelas – o anão falava com uma cara de nojo.

– Isso. Seu pai pagou a hospedagem delas na taverna, precisamos reunir um grupo para escoltá-las até lá, o que acha? – perguntou ao anão.

– Ouro honesto, é ouro bom, mas há garantias de pagamento? – uma boa pergunta do anão.

– Mandei um mensageiro junto com uma caravana há dois dias, creio que saberemos em breve, deve ser o tempo para melhorar dos machucados, não acha? – o mago lembrou que o amigo ainda estava sem condições de viagem.

– Verdade, um belo descanso não faz mal a ninguém e Belo Jardim deve ter mais oportunidades – falava isso enquanto coçava a barba.

– Isso! Ficaremos conhecidos! Teremos um campeão, subiremos o preço…

– E quem sabe? Achamos Esmeralda por lá?

– É… Vejo que a língua já está boa para dizer bobagens. Cuidado para não se engasgar com o próprio veneno, amigo anão – dizia isso com uma cara fechada.

– Deixe disso, foi há muito tempo. Ela já deve ter te perdoado e…

– Chega dessa conversa. Vamos verificar o que sua mãe guardou para esse pobre amigo de barriga vazia – espero que o despertar do filho não tenha feito esquecer de mim.

– Meus modos! Desculpe-me! Vamos entrar! Só ajude-me a levantar, por favor.

Então os dois entraram em busca de comida para o esfomeado e folgado mago renegado.

Um dia depois, um pombo chegou com a confirmação do interesse do tio das moças. Daniel ficou feliz com mais uma oportunidade de fazer ouro e chance de procurar mais opções em Belo Jardim. O pai de Alerin fez um belo jantar para o filho naquele dia na presença da maioria dos filhos que estavam por perto. As moças, Daniel e os outros companheiros da viagem também foram chamados, foi uma bela noite de festa. Alerin passou o dia inventando uma história oficial para contar aos sobrinhos e para o restante do povo, não lembrava do combate com a besta, mas o importante era que tinha sobrevivido e agora era o grande campeão dos anões daquela região.

Em três dias, Daniel ficou encarregado de organizar, entre uma refeição e outra na casa do pai de Alerin, um grupo de pessoas fortes e dispostas a irem para Belo Jardim. Apenas o ladino tinha permanecido na cidade para acompanhar as jovens até seu destino, ficara resolvendo um negócio aqui e ali aguardando pelo mago e o anão, no tempo livre aproveitava para galantear as moças e gastar o dinheiro apurado.

Assim Daniel contratara um bárbaro das terras do leste, era um homem alto de pele morena que carregava uma espada bastarda, mesmo suas proteções de couro não conseguiam esconder sua força, uma característica normal do seu povo. Era comum encontrar bárbaros em todo o continente, gostavam de se deslocar e desbravar o mundo, seu nome era Jerum. Daniel também contratou mais um guerreiro experiente em armas, um antigo guarda de silos de Porto Azul, recém dispensado por seu patrão decidiu seguir pelo país oferecendo seus serviços por algumas moedas de ouro. Daniel acertou com todos que cada um receberia um sexto do pagamento do tio das moças em Belo Jardim, seria uma viagem de dois dias. Precisariam de suprimentos e de bons cavalos, Daniel arranjara tudo, restava esperar pela recuperação do jovem anão.