Fico extremamente contente em poder estrear meus textos no Deviante com Orgulho, Preconceito e Zumbis. Fui surpreendida na sala de cinema, saí empolgada de uma adaptação que imaginava que seria farofa, mas foi divertida, com ritmo, doses de kung fu (acredite!) e Girl Power.
Em um mundo onde a peste matou consideravelmente a população (ou não), esta aventura apresenta as dificuldades de se viver numa Londres Vitoriana infestada de mortos-vivos, ter habilidades de combate, e ainda assim não se atrasar para o chá das 5.
A família Bennet, composta de cinco filhas altamente habilidosas nas artes orientais, um pai zeloso e uma mãe casamenteira, vive à beira de uma inevitável decadência aristocrática, a não ser que as meninas achem bons partidos e mantenham seus cérebros intocados pelos zumbis. Ah, mas não preciso resenhar um livro de 1813, não? Temos a Jane Austen de sempre, protagonistas fortes, romances, preconceitos, bois na linha, mal entendidos, esclarecimentos e finais simpáticos. A adaptação de 2009, de Seth Grahame-Smith, apimenta um pouco as coisas com zumbis, e é isso que precisamos saber.
O filme traz personagens carismáticos, situações inusitadas, garante risadas e momentos épicos (e galhofas também), além de claro, empoderar mulheres já grandiosas na obra original, mas ainda mais modernas e seguras de si, com toda a independência e força, e não mais as donzelinhas sonhadoras e bordadeiras do clássico (menos a caçula Kitty, essa continua a mesma). É bacana acompanhar os contrastes, toda a ansiedade e preparação para um baile com a linda Lily James (que de baile já está bem entendida, vide Cinderella) e suas irmãs, que entre espartilhos e anáguas, colocam adagas, pistolas e todo o treinamento que receberam na China, na manga para as danças e eventuais combates zumbis. Ah, eu falei que temos dois Lannister no elenco? Lena Headey e Charles Dance, com aparições discretas, mas muito boas.
Sobre a parte técnica, a fotografia de Remi Adefarasin está muito boa, pontuando cor, contraste e iluminação, e me lembrando em certos momentos alguns dos meus artistas barrocos preferidos. Os efeitos especiais deixam a desejar, e algumas escolhas de planos e a maneira que mostram a visão dos zumbis me incomodaram um pouco, mas hey, não sou uma morta-viva, logo não sei como eles enxergam o nosso mundo :)
Destaque infinito ao Matt Smith, que consegue roubar a cena do personagem mais mala e sem sal da obra original, e entregar um extremamente engraçado e cheio de personalidade, com diálogos divertidíssimos (e em muitas vezes, sem nenhuma fala, mas com caras e bocas impagáveis).
Resumo da ópera: se você espera ver um filme puxado pro realista, à la Nolan com seu Dark Knight, não perca seu tempo indo ao cinema para fazer textão depois. Mas se quiser dar risadas, ver um filme divertido que mistura cenas cheias de sangue e cabeças voando com juras de amor e lutas de espada, esta é uma boa pedida pro fim de semana.