Foram dois dias para que Ivan se recuperasse totalmente. Pediu para que A descobrisse o que era tão protegido por aquele campo minado no caminho até Horizon, A pediu uma semana para descobrir através de seus contatos. Se fosse propriedade de alguma empresa poderosa, só o fato de sair perguntando poderia ser um risco, era necessária muita cautela para investigar esse tipo de coisa. Lee informara que ele era o alvo do ataque, pois a Corporação Ootsuka não aceitou bem sua saída, vários foram os pedidos de alguns membros da diretoria para que retornasse. Aguardaram algumas semanas, perceberam que Lee não retornaria, então decidiram fazer queima de arquivo. A corporação tinha abrangência nacional, Lee trabalhou por vinte anos na corporação. Depois da morte do fundador, seu filho começou a espalhar filiais pela América Latina se tornando uma multinacional, mas essa cidade não possui filiais ou negócios, por isso foi a escolha dele, mas não evitou que virasse alvo do rancor da diretoria.
Passado alguns dias além do esperado, A descobriu o mistério sobre o local: era um laboratório de pesquisas da KVZ (abreviação de Korporatsiya Vysokiy Zamok). Não conseguiu descobrir o que era pesquisado, pois ninguém conhecia qualquer pessoa que trabalhasse naquele local. Quando Ivan escutou a notícia, não conseguiu esconder o sorriso, sabia que aquela informação valeria muito, principalmente para qualquer uma das empresas rivais. Ainda acrescentou que tinha entrado em contato com representantes da Thompson SA, Ferreira, Dark Bee e Castiblanco. A proatividade deixou Ivan contente. A avisou que a Dark Bee tinha respondido que tinha interesse na informação e pagaria sessenta mil créditos. Ivan riu, mas conhecia a fama deles, iria negociar para chegar em cem mil com certeza. Assim deu sinal verde para que A prosseguisse. Desceu para falar com Chris. Queria saber se os garotos continuavam praticando com os rifles e os fuzis, pois, quando aqueles cinco tentaram acertar aqueles nômades no caminho para Horizon, foi uma vergonha, só o Zeh com sub-metralhadora foi útil naquele momento. Chris informou que os garotos tinham melhorado com os fuzis, mas ainda não aconselhava o uso das armas nas próximas missões. Os outros se livraram dos rifles e conseguiram pistolas melhores (tolos). Ivan verificou que Fred deixara os carros e as motos em ótimo estado, precisava adquirir um novo carro para substituir o que foi perdido. Zeh conseguira uma nova moto com identificação fria, provavelmente tinha sido roubada por ele. Precisava falar com o garoto, pois entrar com um veiculo assim em zonas fortemente monitoradas pelas empresas iria atrair atenção demais.
A informou que foram passadas informações de latitude e longitude para o encontro fora dos limites da cidade, Ivan perguntou para A se estava ficando maluco, já que fazer um encontro no meio do nada com gente que nunca lidaram, era um local perfeito para uma emboscada, ou para os caras da KVZ, Ivan disse que poderia se encontrar na boate Toca da Loca, era um local onde todas as empresas tinham salas privadas para negociações, a discrição era um dos serviços do local, as pessoas entravam por uma acesso VIP e poderiam se encontrar com quem quisesse, câmeras eram proibidas e rastreadas o tempo todo, informantes eram barrados e nunca sabiam quem se encontrou com quem, nem horário, tão pouco o assunto. Ivan pediu para que Fred e os canários comprassem um novo utilitário, tinha entrando em contato com Armando que tem uma loja de “usados” no noroeste da periferia, tinha cinco carros para vender, Ivan confiava na capacidade de Fred, já os canários iriam para protegê-lo. Ele, Lee, Chris e A iriam a boate, o restante ficava cuidando da base. A avisou que o representante da Dark Bee aceitaram a proposta para se encontrarem na boate em três horas.
Era noite quando saíram da base. Fred e os canários já tinham feito a compra, mas não haviam retornado ainda, haviam passado no apê de um dos canários para pegar umas coisas deles. Em uma hora, chegariam na boate que era uma das mais animadas da cidade. Poucos jovens estavam no local (somente os que viviam por conta própria). Vários executivos iam para lá a fim de descarregar o estresse acumulado dos últimos dias de trabalho, alguns alugavam um quarto e dormiam por ali mesmo indo trabalhar no outro dia. Na frente da boate, duas filas se formavam, uma muito curta para entrada dos VIPs e outra bem longa para o público em geral. Uma mulher muito animada informava que ainda restavam cem vagas para o público aproveitar a casa. Cada figura pública conhecida (artistas, políticos, empresários, esportistas) era brevemente entrevistada e anunciada na entrada pela moça. Ainda informava as bandas que iriam se apresentar naquela noite. Atrás da boate, era a entrada dos donos das salas que gostavam de discrição, e a agitação na frente servia para chamar a atenção e deixar os outros entrarem calmamente nos fundos.
Polícia e informantes vigiavam os veículos que entravam, assim tinham ideia das pessoas que estavam lá. Era a única informação que conseguiam. O grupo chegou num carro esporte, Ivan tinha adquirido este, caso surgisse a necessidade de um carro veloz. Ele se identificou, o sistema mostrava que estava autorizado a entrar no local. A equipe de recepção pediu para que esperassem na sala 25 e entregou um cartão que iria informar o número da sala da reunião, seu anfitrião iria indicar a sala do encontro. Quando estavam indo para lá, o número 47 apareceu no seu cartão, então o grupo se dirigiu para o local. Passaram por vários seguranças da casa no caminho, não cruzaram com ninguém durante o trajeto pelos corredores estreitos. Chegaram na sala indicada, abriram um porta que dava numa antessala. Uma moça muito cortês deu boa noite a todos e indicou a sala para a reunião. Lee e Chris ficaram ali com mais três seguranças armados, Ivan e A entraram para negociar.