Luca estava parado dentro de um grande salão branco, estava assustado não lembrava como tinha parado lá. Então viu algo do outra lado, algo estava no chão, correu na direção para tentar alcançar. Parecia um pequeno foco de luz, mas o objeto começou a iluminar cada vez mais forte. Ficava cada vez mais difícil ver qualquer coisa. Luca não desistiu de correr naquela direção, então a luz tomou todo o lugar.
Luca acordou muito agitado, estava no alojamento dos acólitos da Ordem, olhou para o lado e viu o amigo Martim acordado. Martim estava fuzilando Luca com olhos, provavelmente irritado por ter sido acordado pelo barulho dele, Luca olhou desconfiado para os outros, ainda bem que ninguém mais tinha acordado, pensou por algum tempo e voltou a dormir.
Quando Luca acordou e tinha um senhor bem a sua frente pedindo silêncio. Era translúcido! Ninguém mais estava com ele ali, o senhor começou a sair do alojamento pedindo para que Luca o acompanhasse.
Era domingo, Luca estava livre, ele rapidamente saiu do dormitório seguindo aquela figura estranha. Quanto mais ele tentava alcançá-lo, mais distante ficava. Ele seguiu a aparição até o cemitério, ele caminhou sem rumo por um tempo, mas chegou em frente ao mausoléu de Hamza.
– Muito bem, bom instinto – disse a aparição bem ao lado de Luca.
– É? É você? Mas não parece com você – exclamou Luca se distanciando.
– Sim, gosto da minha aparência aos 40 anos, você não? – explicou Hamza.
– Queres que eu faça algo? Precisa de algo, “senhor”? – perguntou o espantado Luca.
– Sim! Preciso de um representante aqui. Passei muito tempo avaliando, e escolhi você, Luca Rizzi! – respondeu Hamza apontando para o garoto.
– Eu?! Sou apenas um acólito, fui acolhido por causa de um pedido do meu tio. Não tenho poderes. Por que eu, “senhor”? – indagou Luca ainda mais espantado.
– Você tem bom coração, o desejo de vingança não tomou seu coração. Você pode provar alguns pontos a Ordem. E então? Você aceita o meu chamado? Poderá fazer a diferença nesse mundo e muito bem as pessoas – explicou Hamza.
– Eu… Eu aceito – respondeu Luca se ajoelhando fazendo Hamza sorrir.
– Não precisa se ajoelhar, não sou seu rei ou seu senhor de terra, você precisa acordar – falou Hamza tocando no ombro dele.
Luca sentiu o corpo começando a esquentar, ele se apoiou por um joelho. Quem estivesse ali perto, veria os olhos de Luca brilharem intensamente. Luca perdeu os sentidos por poucos segundos, acordou em frente a estátua de Hamza. Ele se levantou e escutou.
– Agora serei seu mentor, preciso que vá pegar algo em minha casa – pediu Hamza sem aparecer.
Luca sentia arrepios, mas obedeceu e foi em direção a antiga casa de Hamza. Ele tinha receio das intenções de Hamza, o corpo parecia não acostumado com o que tinha acontecido.
– O que você fez comigo? – Luca perguntou preocupado.
– Eu destravei sua conexão à magia do mundo, temos correntes de magia fluindo pelo mundo. Alguns têm acesso natural, você tinha algum tipo de bloqueio, não sei como isso acontece, mas aprendi a resolver isso. Não fique preocupado, nada vai acontecer a ti – explicou Hamza falando diretamente nos pensamentos de Luca.
– O que isso quer dizer? Eu me sinto diferente, estou mais leve, sinto que poderia ir correndo até capital em um dia! Uau! – disse Luca bem surpreso.
– Você precisa de tempo para entender isso. Agora, quero que você pegue minha espada e minha adaga, não tenha receio, ninguém estará lá. São armas excelentes, já acumularam poeira por tempo demais – complementando Hamza.
O teste
Luca chegou em frente à modesta casa de Hamza que ficava distante do centro da cidade, ele e Olivia não gostam de barulho. Luca entrou, a porta não estava aberta, mas se abriu quando ele chegou próximo a entrada, não havia sinal de que alguém estava ali. Conforme indicado por Hamza, ele pegou o antigo coldre, depois retirou a espada do suporte e prendeu a arma na cintura, então pegou a adaga, olhou com algum receio.
– É uma arma bem poderosa, já salvou a vida de muitos, use com cuidado – falou Hamza.
Luca guardou a adaga nas costas, Hamza pediu para que ele saísse, pois teria que ir à Ordem, isso fez Luca tremer. Iria voltar na Ordem? Como andaria na cidade com essas armas? Ele foi em direção a porta obedecendo Hamza, mas quando chegou perto da saída…
– Vamos! Não tenho o dia inteiro para ficar esperando aqui, saia! – ordenou uma voz estranha.
Quando Luca saiu, tremeu dos pés a cabeça, pois do lado de fora o comandante da guarda Augustus estava esperando por ele de braços cruzados acompanhado de três guardas.
– Vamos ver isso! – disse Augustus com voz impaciente jogando um bastão do tamanho de uma espada para Luca.
Quando Luca pegou o bastão, Augustus gritou “em guarda” e atacou o jovem acólito com outro bastão de madeira. Luca se defendeu perfeitamente contra golpeando o comandante com uma pancada usando a base do bastão nas costelas, além de conseguir se posicionar bem atrás do adversário.
Augustus tentou um desarme, porém Luca evitou para sua surpresa dele. O comandante riu, gritou “outra vez” e correu para atacar. Luca evitou a tentativa e tentou um outro contra golpe. Augustus foi mais rápido e tentou um ataque abaixo da cabeça. Luca evitou com o bastão e acertou um grande soco no rosto do comandante que perdeu o equilíbrio e derrubou o bastão.
Augustus ficou surpreso mais uma vez, passou a mão sobre o queixo e disse:
– Muito bem! Sem pensar jogue a adaga no meio da porta de entrada, vamos! – ordenou apontando na direção daquilo.
Luca hesitou, mas atendeu o pedido, mal tinha removido a arma das costas e a lançou o mais rápido possível cravando a adaga bem próximo da porta. Ele ficou decepcionado por errar, mas Augustus notou a potência e a forma de lançar a antiga adaga do seu pai.
– Muito bem! Nisso precisa melhorar bastante. Você veio da cidade na fronteira, não foi? – perguntou o comandante.
– Sim, estou na ordem há quase dois anos, mas passei uns meses com o meu tio, foi ele quem conseguiu me enviar para cá – explicou Luca com tom de tristeza.
– Você é um acólito, mas se minha memória está boa, você é um insuficiente igual a mim, não é? – perguntou outra vez.
– Sim! Não sabia que o senhor tinha tentando entrar na Ordem. Só fui aceito por ser órfão com o pedido de ajuda do meu tio – Luca ficou surpreso ao saber que o comandante da guarda também tinha sido rejeitado pela ordem.
– Pois bem! Creio que você deve ir a Ordem agora, não? – sugeriu Augustus.
– Isso! Você precisa ir até lá – disse Hamza a Luca.
– É? Tem certeza disso? – discordou Luca.
– Como disse? – perguntou Augustus
– Ham… Perdão! Seu pai… ele sussurra nos meus pensamentos às vezes – Luca tentou explicar com muito vergonha.
– Não sabia disso! Acho que deveria fazer isso logo! Até outro dia, garoto! E cuide das relíquias da minha família com bastante cuidado, certo? – disse isso com um grande sorriso.
– Sim, senhor! – Luca respondeu batendo continência.
– Você não é um soldado! Suma da minha frente, ande! – ordenou o comandante um pouco irritado.
– Sim, senhor! – Luca se despediu e obedeceu.
Luca saiu correndo em direção a Ordem sem olhar para trás. Isso fez o comandante e o restante do guardas rirem por vários dias no futuro.
Na Ordem
Mesmo com Hamza tentando o acalmar, Luca andava lentamente e cabisbaixo em direção a grande casa da Ordem, estava preocupado e Hamza continuava buscando tranquilizar o garoto. Às vezes, Luca acelerava quando alguém reconhecia as armas que carregava. Estava tão perdido em pensamentos que não percebeu quando trombou com Luan, o sacerdote dos esclarecidos aguardava ansiosamente o jovem acólito.
– Perdão, senhor Luan! Eu… estou indo…
– Finalmente, garoto! Venha estão esperando por você – Luan apressou o jovem analisando o garoto que tinha sido escolhido.
– Quem está esperando? – perguntou Luca surpreso.
– O ciclo interno! Já estão todos reunidos para sua audiência com eles – disse Luan pegando Luca de surpresa.
– O ciclo! Porque eu vou falar com o ciclo? Não é um engano? – perguntava enquanto seguia Luan para dentro da construção.
Os dois entraram no grande salão em direção a sala da audiência chamando bastante atenção dos mais atentos. Chegaram a um corredor todo iluminado cheio de pinturas dos grandes nomes da Ordem. A mais recente, a primeira do corredor era do paladino Hamza usando sua bela armadura perolada com as cores da ordem sem qualquer menção de que foi o fundador dos esclarecidos. Então um senhor com quase a mesma idade de Luan interrompeu os dois.
– Daqui em diante eu o conduzo, tudo bem? – disse Diego interrompendo os dois.
– Tudo bem, garoto. Está em boas mãos, depois falo contigo, boa sorte! – disse Luan saindo dali apressadamente.
– É? O senhor vai entrar comigo? – perguntou Luca.
– Sim, vou te apresentar no lugar do seu mentor, vamos? – explicou Diego com um sorriso discreto.
– Mentor? – Luca ficou ainda mais confuso.
– Sim, vamos. Não gostam de esperar. Siga-me, por favor – disse Diego indo na frente em direção a uma grande porta branca.
Luca passou pela porta e entrou em um recinto bem iluminado com dezenas de senhores, era o ciclo interno formado pelo membros mais velhos e mais “sábios” da Ordem. Todos olharam para Luca quando entrou, Aníbal foi em direção ao jovem e deu as boas vindas.
– Meu jovem vá a frente de todos e apresente-se, uma iniciação só precisa ser realizada com a presença de um quarto do ciclo, mas esta é uma ocasião única – explicou o mais respeitado dentro do ciclo conduzindo o jovem.
Luca quis indagar sobre a iniciação, mas preferiu se calar, não era de bom tom um acólito marcado como insuficiente questionar Aníbal e o ciclo, acatou o pedido e foi para onde Aníbal solicitou. Diego ficou na entrada do lugar para garantir que ninguém entrasse, ele estava curioso para ver a iniciação. Então Luca começou a falar.
– Meu nome é Luca Rizzi, filho de Giorgio Rizzi, antigo capitão da guarda da Vila da Vigília, cheguei a Ordem a pedido do meu tio, depois do massacre da vila, eu…
Luca entrou em um transe como se estivesse sonhando, lembrou do dia que seu pai desapareceu. Lembrou-se do dia que sua irmã foi levada e seu irmão pediu para vir a Montenegro pedir ajuda, mas seu tio preferiu que ficasse em Belo Jardim. As estradas eram muito perigosas para garotos, ele disse. O descobrimento dos dons mágicos, o dia mais feliz desde que perdeu toda sua família. E a frustração de ser considerado insuficiente quando foi testado na Ordem. Despertou com Aníbal falando:
– Muito bem! Você provou que domina a cura, a aura azul e o primeiro encantamento. Você será aceito na Ordem a pedido de seu mentor, meus parabéns garoto – disse o senhor cumprimentando Luca.
O local já tinha perdido alguns espectadores, assim que Aníbal terminou de falar o restante dos membros do ciclo se levantaram, alguns poucos não pareciam concordar com aquilo, mas nada disseram. Luca parecia perdido, mas Diego foi até ele.
Diego o segurou pelo braço e explicou que tinha sido aceito segundos as tradições demonstrando ser apto a realizar todos o feitos básicos de um jovem membro da Ordem a pedido do seu mentor, Hamza.
– Mas como, senhor Diego? Estou muito surpreso por tudo – disse Luca bem confuso enquanto era cumprimentado pelo últimos membros do ciclo que estavam saindo.
Diego explicou que seu pai Hamza falou com o ciclo através de você. Pediu que você realizasse os feitos básicos, você o fez e foi aceito.
– Mas eu… não lembro…
– Olha Luca, você faz parte da Ordem e vai ser orientado pelo meu pai, não sei como. Ele fala com você? Está falando contigo agora? – perguntou Diego muito curioso.
– Ele fala… diretamente comigo, mas está em silêncio agora – explicou Luca de forma confusa e pouca clara.
Diego avisou a Luca que deveria se apresentar, amanhã, a Claudius, pois fora destinado aos paladinos. E convidou o jovem a um jantar naquela noite na casa da família dele, Olívia estava muito ansiosa para conhecê-lo, além dos filhos de Hamza.
Nota autor
Agradeço e muito ao Adriano Schramm, ele foi muito importante para esse conto ter uma história caprichada na qualidade. A história de Hamza foi incrível, um ano inteiro dedicado a história de um personagem tão bacana desse universo de fantasia. Espero que todos tenham gostado, por favor, compartilhe na suas redes sociais e indique para os amigos!
Já temos uma nova história no forno, teremos uma novidade em breve.