Um Lugar Silencioso segue a tendência de filmes do gênero como Rua Cloverfield, 10 (2016) e principalmente o Homem nas Trevas (2016), mas com uma proposta semelhante ao clássico Ataque dos Vermes Malditos (1990).
Como deveria ser em filmes de terror, a ambientação e atmosfera são elementos essenciais para o desenvolvimento da trama e esse filme faz isso muito bem. Logo nos primeiros minutos, estabelece a situação e as regras nas quais os personagens estão sujeitos. Um mundo pós-apocalíptico, monstros que atacam ao ouvir um barulhos e uma família enfrentando tudo isso em uma casa afastada de uma cidade no interior dos EUA.
O diretor John Krasinski conduz bem a tensão do filme com a ausência de trilha sonora em muitos momentos principalmente na sua primeira metade. O silêncio faz com que o derrubar de um lampião no chão pareça uma granada explodindo no meio da sala. Talvez o som seja o maior motivo para se assistir a esse filme no cinema, o trabalho da edição é notável.
Na segunda metade, ele parte para uma sequência de momentos tensos e angustiantes. Não podemos deixar de citar o a cena do parto que vale o filme. Interessante notar também como o diretor trabalha elementos de cena como o prego na escada de madeira.
Porém ele não resiste em seguir convenções de gênero: exagera nos momentos de jump scare que atrapalham a experiência, não existe tempo para desenvolver os personagens as suas angustias, o roteiro depende da falta de inteligência em algumas atitudes para fazer a ação acontecer.
A parte masculina do elenco é operante, o pai (John Krasinski) e o filho (Noah Jupe) servem ao seus propósitos. Já a parte feminina com a Emily Blunt, que consegue passar todo o desespero que uma mãe teria ao passar pelas situações que o roteiro a coloca e a filha, interpretada pela Millicent Simmonds, que é deficiente auditiva na vida real, dão a dramaticidade necessária para nos conectarmos com essa família.
O final define bem a proposta do filme: uma diversão escapista, sem grandes lições de moral ou momentos de reflexão.