A endometriose é uma afecção (alteração do funcionamento normal do corpo) inflamatória provocada por células do endométrio que normalmente revestem o útero, mas, ao invés de serem expelidas durante a menstruação, acabam migrando e se multiplicando fora do útero, como por exemplo nos ovários, tubas uterinas e cavidade abdominal. Essa doença costuma trazer muitas dores a quem a adquire e seu diagnóstico costuma ser demorado.

A mucosa que reveste a parte interna do útero, onde o óvulo fertilizado se implanta e que é sensível às alterações hormonais do ciclo menstrual se chama endométrio.

É através dele que existe a menstruação. Essa acontece quando não há implantação de óvulo fecundado. Então uma camada com sangue no endométrio é expelida pelo canal vaginal durante alguns dias para que se possa iniciar um novo ciclo e uma nova camada possa crescer.

Sendo assim, podemos considerá-lo essencial para a reprodução humana e pode até ser indicativo de saúde ou falta dela.

 

Descrição da imagem: ilustração do útero e órgãos próximos a ele, mostrando pequenos focos do endométrio nessas regiões. Imagem: https://ipgo.com.br/guia-endometriose-o-que-e-endometriose/

 

Quando o endométrio passa a crescer fora do útero, ele pode se desenvolver a ponto de prejudicar a saúde e bem-estar da pessoa, porque além de prejudicar outros órgãos, essa doença costuma causar muita dor e seu tratamento e diagnóstico nem sempre é simples.

Não é fácil diagnosticar por alguns motivos que vamos discorrer durante o texto, mas, com certeza, a principal causa é que muitas vezes ela pode ser silenciosa ou, mesmo quando há sintomas, eles podem ser confundidos com muitas outras doenças.

Sintomas da endometriose:

  • Dismenorreia (cólica menstrual): dor no baixo ventre próximo ou durante o período menstrual. Com e endometriose essa dor é mais intensa e pode incapacitar mulheres a fazerem atividades básicas e passarem muito mal durante esse período. Isso acontece porque mesmo fora do útero o endométrio continua sendo estimulado pela ação dos hormônios do ciclo menstrual, provocando inflamação e dor em outros locais. Fica aqui um lembrete: Sentir muita dor não é normal;

 

  • Dor durante as relações sexuais (Dispareunia): Normalmente causa dor durante a penetração dificultando o prazer e bem-estar sexual;

 

  • Dor e sangramentos: Dor ao urinar e/ou evacuar e sangramentos visíveis nas fezes ou urina durante a menstruação (o que também dificulta a diferenciação para saber se o sangue está saindo pelo canal vaginal, urinário ou anal);

 

  • Fadiga: Sintoma comum a pessoas que sofrem de dores intensas;

 

  • Constipação ou Diarreia: Pode acontecer em algumas pessoas onde a endometriose começa a se desenvolver no intestino;

 

  • Infertilidade: A incapacidade de gerar filhos naturalmente pode causar feridas emocionais e em casos avançados pode não ser reversível. Inclusive, ela é a principal causa da infertilidade feminina, pois quando o endométrio começa a se multiplicar nas tubas e ovários gera mudanças anatômicas e pode afetar a qualidade das células reprodutoras devido aos processos de inflamação e cicatrização, afetando o pleno funcionamento do sistema reprodutor feminino.

 

Nem todo mundo apresentará os mesmos sintomas e como já dito anteriormente, alguém pode inclusive não apresentar nada, com a endometriose agindo de forma silenciosa, assintomática.

Quando se há a suspeita, é necessário procurar um profissional da ginecologia para um diagnóstico, pois os sintomas são encontrados em diversas outras doenças.

O exame de Papanicolau, que é o mais comum e rotineiro entre as mulheres, não é capaz de identificar a endometriose. Portanto, é necessário investigar mais a fundo com exames laboratoriais e de imagem, como: laparoscopia, ultrassom endovaginal, ressonância magnética, exame de sangue e biópsia.

Como cada caso é único, não existe regras totalmente definidas, o profissional avalia e faz a melhor instrução de quais exames a pessoa precisa providenciar.

Em consequência dessa dificuldade em diagnosticar a endometriose, ela pode avançar com o tempo, tornando mais difícil seu tratamento.

Apesar de regredir espontaneamente com a chegada da menopausa (quando a mulher para de menstruar devido à queda na produção dos hormônios femininos), é necessário fazer o tratamento em mulheres jovens para evitar maiores complicações e garantir bem-estar durante sua vida, como o uso de medicamentos para suspender a menstruação. Em casos de maiores lesões é necessário retirar cirurgicamente a endometriose local.

Infelizmente, as causas da endometriose não são bem estabelecidas e podem ser genéticas, por problemas do sistema imunológico ou outros fatores. Devido a isso, não há muitos caminhos para a prevenção além das recomendações gerais para uma vida mais saudável: fazer exercícios físicos regularmente, se alimentar bem, fazer uma boa ingestão de água e buscar auxílio médico sempre que necessário para detecção precoce da doença.

A informação é extremamente importante, pois permite que alguém que está sentindo esses sintomas, ou conhece alguém que está, possa buscar ajuda médica.

Mulheres, mensalmente, sentem esses sintomas e não os interpretam como sinais de uma outra doença. Recentemente, a cantora Anitta, mesmo com acompanhamento de profissionais, teve dificuldade em realizar o diagnóstico e precisou passar por cirurgia para alívio dos seus sintomas.

Não são incomuns esses relatos. Em nossa sociedade, a dor foi ‘’normalizada’’ em situações como o período menstrual e nas relações sexuais. Não se engane! Sentir dor não é normal!

A dor durante a menstruação pode, sim, acontecer, mas ela é suportável e não deve atrapalhar de fato sua vida e bem-estar. Durante as relações sexuais, especialmente durante a penetração, não deve haver dor. Busque ajuda para entender o que está causando isso (não necessariamente será endometriose). Seu bem-estar físico e sexual deve importar!

Para quem já tem seu diagnóstico, busque sempre se informar sobre os tratamentos e siga-os corretamente. Monitore junto com um profissional e se possível procure um especialista no assunto da endometriose.

Se ainda há o desejo de uma gravidez, quanto antes o tratamento for feito, melhor. Não tenha medo e não deixe para depois. Já para quem não deseja engravidar, não use a endometriose como método contraceptivo, ainda poderão existir chances de fecundação, por isso não abra mão de utilizar algum método.

O diagnóstico não é o fim da vida ou fim da saúde. Há muitos tratamentos para ajudar a ter seu bem-estar e qualidade de vida para questões físicas e até emocionais. Procure ajuda e apoio.

Dica de perfis para seguir no Instagram: @avidacomoelaecomendometriose, @ana.tripolini, @letygasparetto, @draraquelmagalhaes, @drtomyo, @conhecaseucorpo.

(Esse texto possui caráter unicamente educativo, para diagnóstico, remédios e tratamentos procure um profissional da saúde.)