Quem em sua família apresenta algum parente com diabetes? Ou é você próprio que têm essa doença crônica?

Todo cuidado é pouco ao se tratar de diabetes, pois é uma doença silenciosa e quando os sintomas aparecem, pode ser tarde demais.

Se interessou em saber um pouco mais sobre diabetes? Venha comigo!!!

O nome completo da diabetes é Diabetes Mellitus (DM). O termo mellitus significa “aquele que contém mel”, ou seja, é doce. Essa nomenclatura foi dada, pois a pessoa com diabetes descontrolada acaba eliminando açúcar pela urina (algo anormal). Desse modo, por consequência, pode ter uma urina doce e até atrair formigas ao vaso sanitário. O que, inclusive, era uma forma de saber que algo estava errado. A urina diz muito sobre você, como até já escrevi um texto sobre isso.

Antes de iniciar uma história para nos ajudar a explicar sobre a diabetes, quero diferenciar dois tipos de DM.

Basicamente, temos dois tipos principais: Tipo 1 (DM1) e Tipo 2 (DM2). Em ambos os casos há uma grande quantidade de glicose (açúcar) no sangue, chamada de Hiperglicemia.

DM1: Ocorre normalmente na infância. É uma doença autoimune, em que o corpo do indivíduo acaba destruindo uma célula específica (no pâncreas), a qual é importante para a produção da insulina. Seu tratamento é relativamente simples, uma injeção diária de insulina.

DM2: Nesse caso os afetados são mais velhos, principalmente maiores de 60 anos. Contudo, com mudanças alimentares (excesso de alimentos industrializados e ultra processados), crianças desenvolvem o DM2. Nesse caso há produção de insulina, mas ela não consegue agir de forma correta. Aproximadamente 80% a 90% apresentam esse tipo de diabetes.

Apresentada a doença, pelo menos um pouco, agora sigo para a história da minha vó.

Desde que me conheço por gente, minha avó apresenta diabetes do tipo 2. Sendo ela fã de doces, a glicemia (açúcar no sangue) deveria ser verificada diariamente. Mas não se engane, não são apenas alimentos doces que afetam sua insulina.

Mas antes, qual a função da insulina? Basicamente, sua produção é estimulada quando ingerimos carboidratos. Pois, carboidratos, para nós, será um conjunto de glicose (que conhecemos como açúcar).

Espera aí, ficou confuso?

Para simplificar, siga esse resumo.

Doces = carboidratos

Pães, massas em geral (farinha branca) = carboidratos

Carboidratos = Glicose

Glicose em excesso no sangue = hiperglicemia

Pronto?

Bom, como comentei, minha vó sempre associou doces com aumento do açúcar no sangue (o que nunca a impediu de ingerir), inclusive ela gosta tanto de doce que come batata doce com açúcar.

Para quem já ouviu o ditado: Não existe doce mais doce que o doce de batata doce. Então imagina o quanto de doce ela ingere… (doce, doce, doce).

Mas tirando o doce, na cabeça dela, o resto estava liberado. Ou seja, pães, macarrão e cuca (conhece?). A glicemia dela variava muito, não era controlada apenas com medicação, pois a alimentação não era das mais corretas.

Por esse motivo ela começou, após anos de DM2, a utilizar injeções de insulina. Mas não falei que apenas DM1 se usava insulina?

Então. Não.

Em casos graves de DM2 há necessidade da insulina, pois aquelas células (produtoras de insulina) que comentei funcionam cada vez menos.

Bom, se precisa de insulina, ela deve ser realmente importante, né?

Basicamente é a insulina que possibilita a entrada da glicose para algumas células. Desse modo, sem que a glicose alcance o interior de uma célula, ela acaba se acumulando no sangue. Esse acúmulo, por sua vez, causa os efeitos negativos que vamos ver um pouco.

Mas antes, vou continuar um pouco a história da minha avó.

Quando ela iniciou com a insulina, para ela foi mágica, pelo menos achou que fosse. Ela começou a emagrecer, perdeu cerca de 30kg. Além disso, ela achava e ainda acha que a insulina é a cura da diabetes (mas não há cura, e sim tratamento). Por esse motivo começou a usá-la como um “superpoder” alimentar, comendo sem peso na consciência. Inclusive raspando a panela de brigadeiro escondida.

Mas o que essa hiperglicemia pode causar? Qual o grande problema?

Vou falar alguns palavrões aqui que apresentam relação com a hiperglicemia: retinopatia, nefropatia, neuropatia, doença coronariana, doença cerebrovascular e doença arterial periférica.

Ficou ofendido com esses palavrões? Então é bom cuidar do seu açúcar.

Mas para facilitar, podemos traduzir isso em problemas em grandes vasos sanguíneos (distúrbios macrovasculares), pequenos vasos sanguíneos (distúrbios microvasculares) e problemas, inclusive, nos nervos.

Para exemplificar, vou usar o caso do chamado pé diabético. Em pacientes diabéticos a cicatrização fica muito ruim, a viscosidade do sangue, devido ao açúcar no sangue, compromete toda a coagulação e reparo do tecido. Por esse motivo, casos mais graves feridas são formadas e perda da sensibilidade no local pode diminuir também.

Logo, podem surgir alguns pontos negros nos dedos, nos pés, nas pernas. Esses locais ficam mortos, células e tecido começa a morrer. Portanto, para resolver, apenas com a retirada do local (amputação). Claro que há toda uma progressão até chegar nesse ponto, mas quero apenas demonstrar a gravidade que pode chegar.

Vamos rever um pouco o que vimos:

Vimos que diabéticos não podem ou devem reduzir a ingestão de carboidratos (que são doces e massas); que a hiperglicemia pode causar alguns palavrões e agravar a ponto de precisar amputar algum membro (fora perder a visão, dentre outras problemáticas).

Vimos também que minha vó começou a usar a insulina injetável e achou que era a solução para seus problemas, o que não é o caso.

Mas como sei se tenho diabetes?

Primeiro, faça seus exames de rotina.

Alguns testes são utilizados, além do exame clínico (feito por um médico), por isso, vá ao médico para ter um diagnóstico correto.

Dentre eles, temos a glicose em jejum, a chamada curva glicêmica e um exame chamado hemoglobina glicada (HbA1c). Esse último que quero comentar.

A famosa (para alguns) hemoglobina glicada. Caso nunca tenha ouvido falar, basicamente esse exame consegue analisar o consumo de carboidratos nos últimos 3 meses.

Logo, caso você tenha aquela sua vó ou vô, ou você mesmo, que vai fazer esse exame, e pegou firme na dieta apenas na última semana, esse exame irá revelar todos os seus segredos. Quase como um detector de mentiras dietéticas.

Como funciona?

No sangue temos uma célula chamada de hemácia (glóbulo vermelho) e dentro dela temos uma molécula conhecida como hemoglobina (que da cor ao sangue). A glicose tem a capacidade de entrar na hemácia e se ligar na hemoglobina de uma forma irreversível, tudo isso sem a insulina. Então, como a hemácia tem média de vida de 3 meses (ou 120 dias), se a HbA1c está aumentada, então algo (você exagerou nos carboidratos) ocorreu nesse caminho dos últimos 3 meses.

No caso da minha vó, agora que ela está passando dos 80 e poucos anos, cada vez mais ela se cuida e (ainda bem) nunca precisou amputar nenhum membro. Inclusive, mesmo com idade mais avançada, ela mora sozinha e até hoje joga canastra com as amigas.

Para finalizar, minha última dica é, se alimente corretamente, faça exercícios físicos e vá ao médico regularmente.